Hacker diz à CPMI que Bolsonaro assegurou 'perdão da pena' caso fosse preso por invadir urnas
Autorizado pelo STF a ficar em silêncio, Walter Delgatti Neto está respondendo às perguntas dos parlamentares. Ele explicou sobre relação com Zambelli e reunião com Bolsonaro
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques às sedes dos três poderes em 8 de janeiro e outros atos golpistas ouve, na manhã desta quinta-feira (17), o hacker Walter Delgatti Neto. Apesar de ter sido autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a ficar em silêncio, ele resolveu responder aos questionamentos dos parlamentares. Walter Delgatti explicou como conheceu a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e detalhou uma reunião que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele disse que após ter sido preso por tráfico de drogas, começou a tentar invadir o sistema do Telegram. Segundo o hacker, em julho do ano passado, Zambelli teria oferecido uma proposta para ele atuar em uma campanha para mostrar que as urnas brasileiras não funcionariam nas eleições de 2022.
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“Eu trabalho com TI, eu não terminei ainda a faculdade de Direito, e então precisava de internet para poder trabalhar. Nisso apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli de um encontro com o [presidente Jair] Bolsonaro, que foi no ano de 2022, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse a lisura das eleições, das urnas", contou Delagtti Neto, que sofre de transtorno de ansiedade e de déficit de atenção (TDAH).
O encontro teria ocorrido no Palácio da Alvorada. Questionado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o hacker afirmou que recebeu garantia de proteção do ex-presidente Jair Bolsonaro para invadir o sistema das urnas eletrônicas.
"Sim, recebi. Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia".
O indulto é um benefício concedido pelo Presidente da República. Representa o perdão da pena, efetivado mediante decreto que tem como consequência a extinção, diminuição ou substituição da pena.
Durante a reunião, ainda de acordo com as declarações de Delgatti, Bolsonaro questionou se ele conseguiria invadir urnas eletrônicas, para testar a lisura dos equipamentos. "Ele queria que eu autenticasse... autenticasse a lisura das eleições, das urnas. E por ser o presidente da República, eu acabei indo ao encontro. [...] Lembrando que eu estava desemparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim. Por isso que eu fui até eles."
O hacker afirma que o ex-presidente também pediu que assessores o levassem a técnicos do Ministério da Defesa, para que pudessem ajudá-lo na atuação. "A ideia era falar sobre as urnas e sobre a eleição, e sobre a lisura das urnas. E a conversa, ela foi bem técnica, até que o presidente me disse. Falou assim: 'Olha, a parte técnica eu não entendo, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa e lá, com os técnicos, você explica tudo isso'", disse.
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