CPMI do 8 de janeiro ouve fotógrafo que registrou atos antidemocráticos

Deputados da oposição alegam que o profissional 'confraternizou' com invasores.

Enize Vidigal

O fotojornalista Adriano Machado, da agência de notícia internacional Reuters, será ouvido nesta terça-feira, 15, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura as invasões e depredações das sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em Brasília, no dia oito de janeiro deste ano. Machado participou da cobertura jornalística dos atos antidemocráticos. O depoimento terá início às 9 horas da manhã, no Senado.

Na quinta-feira, 17, a comissão vai ouvir o "hacker " Walter Delgatti, acusado de tentar invadir o sistema das urnas eletrônicas a mando da deputada Carla Zambelli (PL-SP), e que teve um encontro com o então presidente Jair Bolsonaro.

O depoimento do fotógrafo foi requerido em nove requerimentos de autoria de diferentes senadores, como Izalci Lucas (PSDB-DF), Marcos do Val (Podemos-ES), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES). Os pedidos foram motivados pela alegação de que Machado foi visto se "confraternizando" com os manifestantes.

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O senador Girão conta que Machado teve a sua imagem registrada em vídeo e divulgada pela rede CNN. A filmagem teria sido feita no dia dos ataques aos prédios do Congresso, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto. “Neste vídeo, ele aparece em companhia de manifestantes fazendo fotos flagrantemente planejadas e coreografadas, no interior do Palácio do Planalto, demonstrando familiaridade com aqueles que se encontravam no ambiente, além de estar protegido por aqueles que o acompanhavam, como se tudo estivesse combinado”, disse Girão em seu requerimento.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) emitiram nota conjunta condenando a convocação do repórter fotográfico Adriano Machado, pois ele estava trabalhando na cobertura dos atos anti-democráticos assim como outros profissionais jornalistas. "A convocação deve ser entendida como uma tentativa de intimidar e constranger não apenas Machado, mas também todos os demais repórteres – fotográficos ou não – que deveriam receber dos políticos e governantes garantias para o pleno exercício profissional", diz trecho da nota, que considera a convocação "um grave precedente contra a livre atuação dos profissionais". 

A CPMI foi instalada no último dia 25 de maio. O presidente da comissão é deputado federal Arthur Oliveira Maia (União-BA) e a relatora é a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Os trabalhos têm 180 dias para serem finalizados. São 17 senadores membros titulares e 16 deputados titulares, sendo que nenhum é do Pará.

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