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Total de 45 cidades paraenses perderam população na última década, revela Censo do IBGE

Belém teve queda de 6.5% na taxa de habitantes ou menos 90 mil pessoas

Valéria Nascimento
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os primeiros resultados do Censo 2022, em 28 de junho passado. O levantamento apontou 8.116.132 residentes no Pará, colocando o estado como o 9º mais populoso do Brasil e o primeiro da Região Norte.

Belém registrou 1.303.389 habitantes, e se mantém como o município paraense mais populoso, mas perdeu 6.5% da população ou cerca de 90 mil pessoas, em relação ao último censo demográfico de 2010.

A capital paraense acompanha uma tendência nacional de menor crescimento da população brasileira, hoje com 203 milhões de habitantes, o que vem sendo explicado por dois fatores possíveis: os brasileiros estão envelhecendo mais e gerando menos filhos

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O superintendente do IBGE no Pará, Rony Helder Cordeiro, avalia com atenção essa desaceleração no número de habitantes brasileiros. “Outras capitais no Brasil também tiveram essa redução de população, principalmente, Salvador, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Belo Horizonte. Ao mesmo tempo, a gente observa que grandes cidades, como São Paulo e Curitiba, apesar de não apresentarem queda. Elas vêm ao longo dos anos, das últimas décadas, registrando diminuição na taxa de crescimento da população”, frisou.

População cresceu na Grande Belém, mas 45 cidades tiveram queda no número de habitantes

Uma outra situação nacional revelada pelo Censo 2022, enfatiza Cordeiro, e também constatada em Belém é o aumento da população em cidades vizinhas às capitais. São municípios que no passado eram chamados de “cidades-dormitório”, mas agora dispõe de melhor infraestrutura e conseguem fixar moradores que antes saíam para estudar e trabalhar noutras cidades. “No caso de Belém, nós temos Ananindeua, Marituba e Benevides apresentando crescimento populacional no Censo demográfico de 2022”, afirmou Rony Cordeiro.

Do total dos 144 municípios paraenses, 45 apresentaram queda na taxa de crescimento populacional. Alguns tiveram percentuais pequenos, a exemplo de Igarapé-Açu, no nordeste estadual, com taxa negativa de 0,02. No entanto, há municípios com faixas maiores.

Os 10 municípios que mais perderam população, por ordem de queda, são Belém (menos 90 mil pessoas), São Félix do Xingu (menos 25.922 pessoas), Santana do Araguaia (menos 23.740 pessoas), Ipixuna do Pará (menos 17.552), Jacundá (menos 13.653), Goianésia do Pará (menos 7.584), Água Azul do Norte (menos 6.977 pessoas), Cachoeira do Piriá (menos 6.854), Tailândia (menos 6.804) e Breu Branco (6.785).

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IBGE organiza as divulgações dos próximos resultados

Rony Cordeiro lembra que os dados divulgados em 28 de junho representam o primeiro bloco de informações resultantes da coleta e que o órgão se organiza para as próximas divulgações. "Estamos sistematizando os dados coletados para as próximas divulgações. Muito ainda há para ser revelado sobre nosso país, por meio de dados desse Censo", disse ele.

Ele destacou que ainda serão divulgadas: “informações sobre trabalho e renda, recortes de sexo, cor ou raça, populações tradicionais como indígenas e quilombolas, entre tantas outras, que vão nos ajudar a compor esse grande retrato do Brasil em que vivemos".

População residente nas 20 cidades paraenses, por ordem do maior número:

  1. Belém - 1.303.389 residentes
  2. Ananindeua - 478.778
  3. Santarém - 331.937 
  4. Marabá - 266.536
  5. Parauapebas - 266.424
  6. Castanhal - 192.262
  7. Abaetetuba - 158.188
  8. Cametá - 134.184
  9. Barcarena - 126.650
  10. Altamira - 126.279
  11. Itaituba - 123.312
  12. Bragança - 123.082
  13. Marituba - 110.515
  14. Breves - 106.968
  15. Paragominas - 105.538
  16. Tucuruí - 9.1306
  17. Redenção - 85.597
  18. Moju - 83.039
  19. Canaã dos Carajás - 77.079
  20. Santa Izabel do Pará - 73.019

Gestores preocupados com queda de repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM)

As informações dos censos demográficos servem para o cálculo de distribuição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), feito de acordo com o número de habitantes de cada cidade brasileira.

No Pará, há municípios em posição confortável, como é o caso de Canaã dos Carajás, no sudeste estadual, que apresentou variação positiva de 189% no número de habitantes, mas os gestores de municípios com quedas preocupam-se com a perda de recursos financeiros.

Em nota, a Federação das Associações de Municípios do Pará (Famep) informou que além dos repasses de FPM calculados conforme o número de habitantes, há outras fontes de repasses também com base no número populacional indicado pelo IBGE, e os dados apresentados afetam diretamente a arrecadação municipal.

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"As perdas são significativas quando pensamos em municípios com poder de investimento baixo e com grandes problemas estruturais, as populações dessas localidades são as principais afetadas. Por outro lado tem os municípios que tiveram crescimento populacional e que precisam garantir seus repasses para poder investir em infraestrutura e garantir serviços de qualidade para essa população emergente”, informou a Famep.

Sobre a aplicação dos recursos do FPM, a Federação destacou: “não há vinculação específica para a aplicação desses recursos, eles podem ser feitos em obras estruturantes, na educação, saúde, melhorias dos serviços públicos municipais. Entende-se que quanto maior for o número populacional de um município, maior é a necessidade de se melhorar os serviços públicos que garantam os direitos dos munícipes, por isso o repasse do FPM é proporcional ao número de habitantes”.

Quanto às iniciativas para minimizar a redução dos repasses, a Famep informou que o Congresso Nacional aprovou e o presidente da República já sancionou a Lei Complementar 198/2023, que busca mitigar as perdas do FPM, que seriam imediatas, “estende-se para um prazo de dez anos, bem como garante aos municípios que tiveram os seus índices de repasses aumentados, já recebam os recursos atualizados a partir deste ano”, finaliza a nota da Federação.

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