Escolas municipais de Belém somam 10 mil alunos sem acesso à internet, aponta Anatel
Dados são de um painel de monitoramento com base no censo escolar e informações das gestões públicas. Das 138 escolas municipais, 49 não têm internet. O Sintepp aponta uma realidade muito pior.
Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apontam que das 138 escolas municipais de Belém, 49 — o equivalente a 35,5% — não têm acesso à internet. Com isso, 10.168 alunos estão desconectados. As informações constam no painel de monitoramento "Conectividade nas Escolas", que pode ser acessado por qualquer pessoa e tem como base censos escolares e informações oficiais das gestões públicas e somente contam escolas em atividade. Porém, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará - Subsede Belém (Sintepp Belém) aponta que a realidade, na prática, é bem pior do que consta no levantamento.
Numa proporção maior, como apontam os dados da Anatel, 593 professores da rede municipal de Belém (18,7% do total), também não têm acesso à internet. Desse modo, algumas atividades podem ser prejudicadas. E mesmo em unidades de ensino onde há conectividade, faltam laboratórios de informática, o que reduz as capacidades de ensino e aprendizagem conectadas em 74 unidades (53,6% do total).
Os dados da Anatel foram colhidos na manhã desta sexta-feira (31), às 8h45, e com o filtro da situação em março de 2023. Mesmo escolas reformadas recentemente e em áreas centrais, como mostra a agência, não há conectividade. Entre elas, a escola municipal Lúcia Soares de Castro, na avenida João Paulo II, no bairro do Marco. Entre outros exemplos que constam no painel estão as escolas municipais Rosemary Jorge (bairro Castanheira) e Wilson Bahia de Souza (Curió-Utinga).
Silvia Letícia Luz, coordenadora-geral do Sintepp Belém, observa que o número total de unidades da rede municipal chega a 200 na prática. Ela afirma que, com exceção da Fundação Escola Bosque, não há, de fato, acesso à internet em nenhuma outra. A professora avalia que o painel de dados da Anatel talvez leve em consideração o fato de que algumas escolas da capital possuem laboratórios de informática. Só que mesmo nesses espaços, a estrutura é limitada a alguns processos educativos específicos. Durante o pico da pandemia de covid-19, a situação de desconexão se tornou muito mais pública e evidente pelas necessidades de educação remota.
Professores da rede municipal de Belém conduzem atividades com internet própria
"Os professores e alunos usam suas próprias conexões e dados, assim foi na pandemia e isso não mudou. Houve disponibilidade no começo do período pós-pandêmico de que a Prefeitura de Belém disponibilizou chips com internet móvel, mas o acesso ainda era muito baixo e insuficiente. Nas escolas, fazemos trabalhos com nossas próprias redes. Escolas que utilizem rede da própria unidade, eu não conheço nenhuma. Nem se o aluno ou professor precisarem da rede da escola para pedir um carro de aplicativo, não vão conseguir porque não tem", comenta a coordenadora-geral do Sintepp Belém.
Sobre a estrutura, Silvia destaca que de toda a rede municipal, 84 escolas têm espaço próprio. As demais são em prédios alugados. Com isso, a Prefeitura de Belém fica limitada na hora de fazer reformas e investimentos diversos, como estrutura para laboratórios de informática e até instalação de redes de internet.
"Seria grandioso se nossos alunos tivessem pudessem ter acesso à internet para desenvolver suas atividades. Mas é lamentável que não e nem os professores têm, nem mesmo para os períodos de planejamento em sala de aula. Em tudo dependemos das nossas próprias redes de internet para as escolas do município. Somente nos espaços de atendimento ou na sede da Secretaria Municipal de Educação (Semec) tem. Infelizmente, a realidade é muito pior que a retratada pela Anatel", conclui Silvia.
O que diz a Prefeitura de Belémn
"A Secretaria Municipal de Educação (Semec) informa que, das 173 escolas da rede municipal, 105 têm Internet; e 75 têm salas de informática. E há 46 escolas com Programa Wi-Fi Brasil e 71 com o Programa Banda Larga nas Escolas - PBLE.
O objetivo é ampliar o currículo, como as aulas de robótica. A informática como política social é prioridade na Prefeitura. A meta é, até o final da gestão, levar internet a 100% dos alunos. Logo ao assumir a gestão, em 2021, a Prefeitura de Belém fez um levantamento sobre o tema: quais escolas tinham ou não wi-fi, quais tinham equipamentos, serviços que faltavam para a inserção digital. Esse projeto nunca parou de avançar".
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