Árvores que ‘hospedam’ parasitas podem tombar em Belém, alerta especialista
Esse problema é verificado principalmente nas mangueiras localizadas nos bairros centrais da cidade, entre os quais Nazaré e Umarizal
Em Belém, as mangueiras são as principais árvores que hospedam parasitas, o que pode contribuir para a queda do vegetal. E essas mangueiras estão localizadas nos bairros centrais da cidade, entre os quais Nazaré e Umarizal, onde há uma maior quantidade dessas árvores centenárias. Os hospedeiros são disseminados por meio das fezes de pássaros e de morcegos. “As sementes que são ingeridas por eles são depositadas em galhos e em tronco de árvores, germinam e desenvolvem raízes especiais que vão fixar, perfurar e absorver a seiva desse vegetal hospedeiro, trazendo alguns danos graves, inclusive até a morte”, disse Warley Costa de Melo, engenheiro florestal do Bosque Rodrigues Alves.
São as chamadas ervas de passarinhos. “De uma forma geral, nas vias públicas, em Belém, as árvores mais afetadas são as mangueiras. No caso das ervas de passarinhos, são maléficas, uma vez que elas sugam a seiva desses vegetais, podendo ocasionar quedas de árvores”, disse. Se essas árvores foram infestadas de forma grave podem, portanto, tombar.
Warley Melo explicou que alguns vegetais utilizam a árvore como suporte, no caso de bromélias e orquídeas - mas estas não trazem prejuízos aos hospedeiros. “Por outro lado, temos as ervas de passarinho e as ‘estranguladoras’ (conhecidas como ‘mata pau’). Estas, sim, trazem risco de quedas aos vegetais, uma vez que sugam a seiva e sufocam os hospedeiros”, afirmou.
Ele explicou que a Prefeitura de Belém realiza um monitoramento periódico nas árvores da cidade, durante o qual identifica os vegetais que estão em risco. “E uma das ações desse monitoramento é justamente verificar a infestação de parasita nesses indivíduos”, afirmou. Após a identificação desses parasitas, a prefeitura realiza poda e raspagem, às vezes, do tronco de forma que não fique nenhum resíduo desses parasitas. “É um procedimento padrão. É o manejo preventivo”, disse.
Mas, mesmo após esse trabalho, a árvore, pode, depois, ser infestada novamente. “Por isso esse trabalho é feito constantemente. “O trabalho de manejo é feito periodicamente através de monitoramento visual externo. E um dos itens a serem avaliados é o grau de infestação desses parasitas”, explicou.
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Segundo o mais recente levantamento realizado, 493 árvores foram monitoradas, sendo identificadas 49 em risco. “Mas a população de Belém pode se tranquilizar, pois as atividades de manejo estão sendo realizadas com afinco aos finais de semana nos principais corredores de mangueiras da cidade, no intuito de diminuir os riscos de quedas desses vegetais”, garantiu o engenheiro florestal.
“Com certeza a gente corre risco”, diz relojoeiro que trabalha na avenida Nazaré
O relojoeiro João Evangelista, 62 anos, trabalha na avenida Nazaré, perto de onde há mangueiras. Pertinho dali, no dia 23 de fevereiro, equipes da Secretaria do Meio Ambiente e Clima (Semma) retiraram uma mangueira de grande porte localizada na avenida Nazaré, próximo à avenida Generalíssimo Deodoro, um local de grande movimentação. Análises realizadas com equipamentos técnicos detectaram que o tronco estava oco e a árvore tinha risco de queda. A mangueira tinha aproximadamente 20 metros de altura.
João Evangelista disse que tem medo da queda de alguma dessas árvores. “Com certeza a gente corre o risco”, disse. Ele lembrou de uma árvore que caiu na avenida Nazaré, há algum tempo. “Aqui tinha uma grande, mas já cortaram. Mas que tem que tirar tudo porque fica feio (do jeito que está) aí no meio da avenida e plantar uma nova”, contou. Ele lembrou que, certa vez, estava na travessa 14 de Março, onde pegaria um ônibus. “Caiu um galho muito grande perto de mim, mas não me atingiu. Foi milagre de Deus”, afirmou.
João Evangelista disse que essas “árvores antigas estão cheias de ervas de passarinho e, por isso, estão comprometidas, podres. Essas antigas é que estão caindo. As novas, não”. O ambulante Lúcio Morais, 50 anos, também trabalha ali perto. Ele também disse que fica com medo dessas árvores caírem a qualquer momento. “É perigoso”, afirmou. Ele acrescentou que, na medida do possível, tenta não passar embaixo dessas árvores, sobretudo as mais antigas. “Evito mais, justamente por essas árvores têm muitas formigas, acumulam abelhas - enfim, um bocado de coisa”, afirmou. Em fevereiro deste ano, a Semma iniciou uma grande operação de manutenção envolvendo poda e retirada de árvores que apresentem risco de queda, com o objetivo de evitar os acidentes e transtornos causados pela queda de vegetais na capital.
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