Deputado Nikolas Ferreira usa peruca e faz discurso transfóbico no Dia da Mulher; vídeo
Parlamentar reconhece que pode ser preso por posição que adota no Plenário
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) causou polêmica ao fazer um discurso transfóbico na tribuna da Câmara dos Deputados durante o Dia Internacional da Mulher. Utilizando uma peruca, o parlamentar afirmou que "se sente mulher" e que as mulheres estariam perdendo espaço para homens que se identificam como mulheres.
“Me sinto mulher, deputada Nicole, e tenho algo muito interessante para poder falar. As mulheres estão perdendo o seu espaço para homens que se sentem mulheres”, disse o deputado.
Além disso, o deputado alertou para o perigo da “imposição de uma realidade” que não é verdadeira e afirmou que pode ser condenado por transfobia, citando um episódio em que parabenizou as "mulheres XX" em um Dia Internacional da Mulher anterior.
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Parlamentar já responde por transfobia
Nikolas Ferreira já responde judicialmente por transfobia contra a deputada Duda Salabert (PDT-MG), que é uma mulher trans. Na época em que ambos eram vereadores em Belo Horizonte, o parlamentar afirmou que Duda é homem, independentemente do que ela acha que é.
A fala do deputado provocou reação de deputados alinhados à base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pediram punição para o parlamentar. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, enfatizou que "passou da hora de agir, o deboche e o ultraje ocupam o plenário".
Porém, o deputado finalizou seu discurso afirmando que as “mulheres não devem nada ao feminismo” e que este exalta “mulheres que não fizeram nada”. A transfobia é considerada um crime com pena prevista de até três anos de reclusão.
Pouco antes da fala de Nikolas, haviam subido à tribuna as deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), as primeiras deputadas federais transexuais da história.
Tabada afirma que pedirá cassação
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que vai entrar com pedido de cassação do deputado pela fala transfóbica. "Estamos falando de um homem, que no dia internacional das mulheres, tirou o nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta. A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso que é garantida pela imunidade parlamentar Transfobia é crime no Brasil", afirmou. Nikolas retrucou: "Não precisa ter mais diálogo. Tudo agora é cassação".
Queixa-crime e reprimenda de Lira
A sessão foi presidida por Maria do Rosário, que evitou citar nominalmente Nikolas e pediu aos colegas uma "sessão respeitosa" por conta da data.
"Eu peço licença aos senhores, eu não concederei o microfone de aparte neste momento. Porque eu não quero este plenário no dia 8 de março com dificuldades. Eu quero que vossas excelências respeitem essa presidência. Eu concederei o microfone de apartes exclusivamente, para as mulheres. Porque o objetivo dessa sessão, é que elas usem da palavra", afirmou.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), líder do partido, disse que a legenda apresentará uma notícia-crime ao STF, que se aceita, se tornará uma ação penal.
"Nada mais típico do que um machista desocupado do que fazer isso justamente no dia 8 de março. Tentou fazer uma piada de algo que não tem graça. A expectativa de vida da população trans é de cerca de 27 anos", afirmou a parlamentar.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, usou as redes sociais para fazer uma reprimenda pública à atitude do colega. Lira disse que "Plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos".
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