Cacique paraense diz na CPI das ONGs que sofre diversas perseguições e processos

Miguel dos Santos Correa é o terceiro convidado a depor na oitiva e o segundo paraense a relatar as ações das entidades no território

O Liberal
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Miguel dos Santos Correa, cacique da aldeia Bragança, localizada no município de Santarém, no estado do Pará, é o terceiro convidado a depor na reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das organizações não governamentais (ONGs) desta terça-feira (04). Ele começou a discursar tecendo duras críticas à ação das entidades na floresta amazônica e afirmou que tem sofrido perseguição e processos por lutar pelo povo indígena.

O indígena depõe após as falas de Marcelo Norkey, conselheiro ambiental da região de Altamira, e Luciene Kujãesage Kayabi, liderança do movimento Agroindígena que atua como assistente jurídica nas relações de suas nações com entidades públicas e privadas. Todos os convidados da sessão defenderam a autonomia dos povos em relação às ONGs e utilizaram o espaço para denunciar a realidade das comunidades.

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Miguel dos Santos afirmou que as lideranças estão sendo compradas pelas ONGs e que muitos parentes já não se reconhecem entre si. O cacique também afirmou que diversas ações correm contra ele, inclusive uma movida pelo Ministério Público. “Não reconhecemos parentes porque eles se venderam em troca de uma cesta básica. Se somos donos das florestas, por que temos que ser governados por outros”, relatou. 

“As ONGs chegaram na nossa região com um papo doce, criando um livreto aqui para ensinar como seria a nossa vida dentro da floresta, dizendo maravilhas para o povo, enquanto o plano de manejo sustentável que falavam era plano madeireiro. Na Floresta Nacional do Tapajos tem milhares de ONGs, que da até medo de entrar porque eu encontro gringo armado com drones, fazendo o que?”, comenta o cacique.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi criada no Senado Federal para investigar o repasse de verbas públicas e privadas às organizações não governamentais (ONGs) - incluindo recursos do Fundo Amazônia e dinheiro recebido do exterior. Miguel dos Santos, ainda, disse que as ONGs “são a maior pandemia que existem nas nossas florestas porque não conseguimos dar uma vacina para eles sumirem e estamos sendo omissos, porque eles dominam, comprar as nossas lideranças”.

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