Remédio para insônia e ansiedade é produzido pela Ufopa e gera renda às comunidades em Santarém
Os fitoterápicos são distribuídos gratuitamente, aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), mediante prescrição
A Farmácia Universitária da Ufopa (FarmaUfopa) entregou os primeiros frascos de medicamentos fitoterápicos para tratamento da saúde mental. A produção envolve professores, técnicos e acadêmicos da instituição e foi iniciada no mês de agosto de 2022. Os medicamentos foram distribuídos de maneira gratuita para pessoas com insônia e ansiedade leve. A entrega foi realizada para três pacientes no último dia 16.
A produção dos medicamentos na farmaUfopa faz parte do projeto “Promoção da Saúde Mental em Momentos de Pandemia através da Fitoterapia em Comunidades do Oeste Paraense”, em parceria com o Instituto de Saúde Coletiva (Isco) da Ufopa, as Irmãs Franciscanas de Maristella e a Arquidiocese de Santarém, através da Cáritas Arquidiocesana.
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Os fitoterápicos são produzidos a partir de uma espécie de maracujá (Passiflora spp) para o tratamento de ansiedade e insônia leve junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o diretor do Isco, o professor Dr. Wilson Sabino, que desde o início está à frente do projeto , a meta é dispersar aproximadamente 5 mil tratamentos no Sistema Único de Saúde. Ele explica que as demandas são via unidade de saúde.
“Neste momento, não estamos trabalhando com todas as unidades de saúde. Estamos atendendo as comunidades de Surucuá e Parauá e a comunidade do Juá. No mês que vem, vamos atender a comunidade do Tiningu”, enfatizou.
Sobre o projeto
O projeto foi motivado após a observação dos impactos na saúde mental durante a pandemia de covid-19 nas comunidades de Santarém, em situação de vulnerabilidade social que são atendidas pela Arquidiocese do município.
Para o arcebispo da Arquidiocese de Santarém, Dom Irineu Roman, a parceria da entidade religiosa com a ciência, vai beneficiar muitos.
“É uma alegria imensa, a gente como entidade religiosa, fazer uma parceria a nível científico, porque a universidade trabalha através da ciência, com a aprovação federal, dos órgãos competentes da Anvisa, para a produção desses remédios que atendem a casos leves de ansiedade, questões de angústia, de tristeza, tudo aquilo que a pandemia provocou no meio da nossa sociedade, principalmente junto às pessoas mais vulneráveis, mais pobres, que sentiram mais essa situação".
O custeio da produção está sendo feito por meio de um acordo de cooperação com a Arquidiocese de Santarém, onde foram destinados 15.000 euros advindos da Missionszentrale der Fransizkaner – em Bonn, Alemanha.
Produção dos fitoterápicos gera renda para comunidades ribeirinhas
As comunidades ribeirinhas, Surucuá e Parauá, localizadas na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, trabalham no cultivo do maracujá para fornecer material para produção dos fitoterápicos.
No processo de fabricação dos medicamentos, apenas as folhas do maracujá são utilizadas. Essa matéria prima passa pelo processo de transformação de planta medicinal em droga vegetal, o que envolve várias etapas, como secagem, limpeza, esterilização, cominuição (moagem) e tamisação (peneiramento) para manipulação dos medicamentos. Os frutos do maracujá serão comercializados pelos agricultores, o que deve fomentar a economia.
Indicações
De acordo com o professor Dr. Wilson Sabino, a alternativa pode ser usada, dependendo do estágio do paciente, como tratamento de primeira escolha, para tratar insônia leve, estresse e ansiedade.
“Temos um protocolo de prescrição onde dará apoio aos prescritores para entender em que momento essas pessoas estão para fazer a utilização do medicamento”, contou.
Medicamentos devem ser distribuídos pelo Sus
Nessa primeira etapa de produção, devem ser fabricados mil frascos, com 60 cápsulas cada. Os fitoterápicos deverão ser distribuídos gratuitamente, aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), mediante prescrição. Na Farmaufopa, a prescritora é a farmacêutica residente Jaqueline Silva Portela.
Dona Saíde Maria dos Santos foi uma das pessoas que recebeu o fitoterápico da FarmaUfopa. Ela conta que já faz tratamento pelo Sus para AVC que causou um aneurisma e recentemente ficou sabendo do projeto dos fitoterápicos para ansiedade. Ela conta que desde que deixou de trabalhar por conta da doença, tem se sentido mais ansiosa. “Na unidade onde eu recebo medicamentos me incluíram neste projeto para tratar a ansiedade. A expectativa é que o remédio seja um sucesso, porque o natural é melhor que o químico”, contou.
A meta inicial do projeto é atender às comunidades do Tiningu, na região do Planalto; São Pedro e Arapixuna, no Arapiuns; Surucuá e Parauá, no Tapajós; e Juá, Floresta e Amparo, na área urbana.
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