Quedas e acidentes domésticos levaram a mais de 1.200 internações de idosos no Pará em dois anos

Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) e revelam um cenário preocupante quando o assunto é a segurança da população idosa

O Liberal

Dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) revelam números preocupantes sobre a segurança da população idosa. Em 2023, o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) atendeu 431 idosos vítimas de quedas, com 265 internações, e registrou 518 atendimentos por acidentes domésticos, resultando em 332 internações.

De janeiro a novembro de 2024, os números continuaram elevados, uma vez que 352 idosos foram atendidos devido a quedas, com 211 internações, e 653 por acidentes domésticos, com 410 internações. No total, mais de 1.200 internações foram registradas nos últimos dois anos, como revela a secretaria.

A advogada aposentada Rosilene Souza, 73 anos, é um exemplo de como a prevenção pode fazer a diferença. Após sofrer uma queda dentro de casa que resultou em cinco dias de hospitalização, ela transformou sua rotina e tomou medidas para evitar novos acidentes.

image Rosilene Souza, 73 anos, é um exemplo de como a prevenção pode fazer a diferença. (Foto: Igor Mota/ O Liberal)

“Eu não tenho mais nenhum tapete em casa, porque eles realmente provocam acidentes. Também evitei móveis pontiagudos e garanto que minha casa esteja sempre bem iluminada”, relata.

No banheiro, local de alto risco, Rosilene instalou barras de apoio e evita o uso de tapetes escorregadios. “No banheiro, eu aboli tapetes, eu não uso no momento o antiderrapante, porque eu tomo banho de sandália e eu tenho todo o meu banheiro circundado por barras. Eu saio de uma barra para outra. Então, a minha probabilidade de escorregar é pequena”, explica a idosa.

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Devido a problemas de saúde, Rosilene evita atividades que exigem movimentos bruscos, como cozinhar. Além disso, segue a recomendação médica de se levantar da cama com cuidado. “Estou com muitas torturas, então, eu evito estar na cozinha, porque qualquer movimento brusco, se eu tiver que virar [da mesa para a pia, por exemplo], eu sofro uma tortura, então eu evito”, diz a aposentada.

Rosilene acredita que manter a saúde física e mental é importante para prevenir acidentes. “A saúde mental é muito importante, e a física. Então, por exemplo, a física eu acho que o idoso deve fazer pilates, caminhadas, musculação. Eu faço hoje fisioterapia, onde a minha fisioterapeuta trabalha um pouco a atividade física, motora e respiratória”, fala a idosa.

Ela também destaca a importância de aceitar as limitações da idade. “As pessoas que já tiveram uma certa autonomia, têm muita dificuldade de enfrentar a velhice. Por exemplo, hoje eu não subo mais em um banco para tirar um objeto, daí que eu acho que os objetos têm que ficar ao alcance das mãos, que tem muitos idosos que insistem em subir em bancos. Eu tenho um cunhado que tem um traumatologista e ele me diz que no consultório dele a maioria dos casos de idosos são quedas por imprudência”, comenta Rosilene.

Quedas estão relacionadas a fatores físicos e ambientais, explica ortopedista

O presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) Pará, Dante Giubilei, médico ortopedista de Belém, explica que as quedas de idosos em casa são frequentemente causadas por uma combinação de fatores físicos e ambientais.

“Entre os fatores físicos, podemos destacar a perda de equilíbrio, fraqueza muscular, problemas de visão e condições de saúde crônicas, como a artrite e a osteoporose. Quanto aos fatores ambientais, pisos escorregadios, tapetes soltos, iluminação inadequada e falta de apoios, como corrimãos, são os principais culpados. É essencial considerar que, com o envelhecimento, os reflexos e a coordenação motora tendem a diminuir, tornando o ambiente doméstico um potencial risco”, afirma o médico.

Dante Giubilei afirma que as quedas podem resultar em uma variedade de lesões, que variam de leves a graves. “Entre as mais comuns estão as fraturas, especialmente de quadril, punho e coluna, que podem ter consequências severas para a mobilidade e independência do idoso. Contusões e cortes também são frequentes e podem levar a complicações, principalmente se houver dificuldade na cicatrização. Em casos mais graves, quedas podem causar traumas cranianos, que além de serem perigosos, podem demandar longos períodos de recuperação e cuidados intensivos”, diz.

Ele conclui dizendo que a prevenção de quedas em idosos requer uma abordagem multifacetada. O médico ressalta que, primeiramente, é importante realizar uma avaliação médica regular para monitorar a saúde geral e qualquer problema específico que possa afetar o equilíbrio ou a mobilidade.

“Em casa, algumas medidas práticas incluem instalar barras de apoio no banheiro e corrimãos nas escadas, garantir que os ambientes sejam bem iluminados e remover obstáculos, como tapetes e fios soltos. Além disso, incentivar a prática de exercícios físicos regulares pode fortalecer a musculatura e melhorar o equilíbrio. Programas de fisioterapia e atividades como pilates e musculação terapêutica são bastante eficazes”, finaliza.

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