Poço na Foz do Amazonas pode ser o de maior custo da história da Petrobras: 'estamos comprometidos'

Segundo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, estrutura de segurança para exploração na Amazônia, na Margem Equatorial, é maior “do que há para toda a bacia de Campos”

O Liberal
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Em sua participação na maior conferência mundial da indústria de petróleo e gás em águas profundas, a Offshore Technology Conference (OTC), em Houston, nos Estados Unidos, presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, falou sobre as estimativas da empresa envolvendo a exploração de petróleo e gás na bacia da Foz do Amazonas, localizada na chamada Margem Equatorial. Segundo ele, a exploração do poço FZM-59, nessa bacia, poderá ser a de maior custo da história da Petrobras. As declarações de Prates sobre o tema foram divulgadas pela CNN Brasil. 

“Este pode vir a ser o poço mais caro da história da Petrobras sem ser perfurado. Isso mostra o quão comprometidos, quão empenhados estamos nesse escopo. Estamos prontos para fazer isso da maneira certa”, declarou Prates, nesta segunda-feira (06.05). Fontes ligadas ao Ministério de Minas e Energia apontam que a Petrobras estima ter realizado investimentos de pelo menos R$ 500 milhões em operações de perfuração de poços na bacia da Foz do Rio Amazonas, segundo a CNN. 

Em maio de 2023, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou o pedido de licenciamento para perfuração do FZM-59, mas a Petrobras entrou com um recurso, ainda sob análise do órgão ambiental, que é uma autarquia do Ministério do Meio Ambiente.

“[A relação] com a Marina (Marina Silva, ministra do Meio Ambiente) é muito forte e amigável. E, acima de tudo, muito respeitosa, porque entendemos a importância e a dureza do debate sobre petróleo, Amazônia, transição energética, proteção da Amazônia, COP 30 em Belém. Não é um mapa fácil de percorrer”, disse o presidente da Petrobras. 

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No documento, as instituições destacam a importância estratégica dessa região, que se estende do Amapá, onde está localizada a bacia sedimentar da Foz do Amazonas, ao Rio Grande do Norte, podendo gerar um acréscimo de R$ 65 bilhões no PIB nacional

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Jean Paul Prates afirmou ainda que a estratégia da empresa tem sido evitar o confronto. “Precisamos realmente dialogar. Leva tempo. É mais difícil do que impor um lado sobre o outro". 

Segurança

Durante o evento, o presidente da Petrobras também citou cuidados que, segundo ele, a empresa entende serem necessários para a exploração na Margem Equatorial. “Não é porque queremos produzir petróleo lá, é porque queremos produzir da maneira certa, no momento certo e da maneira necessária, com toda a segurança e requisitos da Ibama e do MMA totalmente atendidos. E é isso que estamos fazendo. Todas as pessoas do meio ambiente da Petrobras, estão fazendo tudo o que está sendo pedido". 

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Ainda de acordo com Prates, a estrutura de segurança para explorar o poço FZM-59 na Amazônia é maior “do que há para toda a bacia de Campos”, localizada entre o litoral norte do Rio de Janeiro e o Espírito Santo.

Foz do Amazonas

A região chamada Margem Equatorial abrange cinco bacias em alto-mar, entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. Além da Foz do Amazonas, localizada nos Estados do Amapá e do Pará, tem ainda a Bacia Pará-Maranhão, localizada nos dois estado; a Barreirinhas, localizada no Maranhão; a Ceará, localizada no Piauí e Ceará; e Potiguar, localizada no Rio Grande do Norte.

Apesar do nome, o primeiro poço que a Petrobras pretende perfurar na Bacia da Foz do Amazonas fica a mais de 160 km do ponto mais próximo da costa do Amapá e a mais de 500 km da foz do Rio Amazonas. Além dessa distância na superfície, a perfuração está prevista para ocorrer a cerca de 2.880m de profundidade de lâmina d'água, segundo informações divulgadas pelo empresa. 

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Prates argumenta que o nome “Foz do Amazonas” é usado desde tempos antigos por geólogos, mas rejeita o uso da expressão atualmente para denominar a nova fronteira exploratória de petróleo. Para ele, o termo "soou como um bom nome, muito atraente", porém, "tornou-se um nome ruim. Porque todo mundo diz: ‘Oh! É a Foz do Amazonas. Oh! Eles vão destruir os manguezais, vão destruir tudo’”, disse, parafraseando críticos à exploração na Margem Equatorial.

Ele lembrou também que mais de 40 poços já foram perfurados na Foz do próprio Amazonas, “próximos ao Amapá e Marajó (Pará), no meio dos manguezais, e não houve problema”, declarou. “Foram perfurados nos anos 80 e 90. Qual é o problema com isso? Estamos produzindo no meio do Urucu [rio afluente do rio Amazonas], no meio da selva. Todos os dias, milhares e milhares de barris por dia circulando na própria Amazônia, passando por Manaus, Parintins, todas essas cidades costeiras até o oceano. Somos responsáveis", acrescentou. 

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Setor produtivo

No início deste mês de maio, as Federações das Indústrias dos Estados do Norte e Nordeste lançaram um manifesto em defesa da exploração da margem equatorial brasileira, no qual destacam a importância estratégica dessa região, que possui 42 blocos petrolíferos espalhados do Amapá, onde está localizada a bacia sedimentar da Foz do Amazonas, ao Rio Grande do Norte, como um potencial impulsionador da economia nacional.

Com a estimativa de produzir até 25 bilhões de barris de petróleo, a exploração dos poços da margem pode gerar um acréscimo de R$ 65 bilhões no PIB nacional, diz o manifesto. O documento cita, ainda, países vizinhos, como Guiana, Guiana Francesa e Suriname, que realizaram pesquisas há dez anos e hoje colhem os benefícios de investimentos semelhantes realizados no passado.

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