Federações da indústria lançam manifesto pedindo exploração da margem equatorial

No documento, as instituições destacam a importância estratégica dessa região, que se estende do Amapá, onde está localizada a bacia sedimentar da Foz do Amazonas, ao Rio Grande do Norte, podendo gerar um acréscimo de R$ 65 bilhões no PIB nacional

Igor Wilson
fonte

As Federações das Indústrias dos Estados do Norte e Nordeste lançaram ontem um manifesto em defesa da exploração da margem equatorial brasileira, uma das últimas fronteiras petrolíferas não exploradas do País e que que vem sendo motivo de disputa entre a Petrobras, Ministério de Minas e Energia e Ibama, que concedeu no final de setembro autorização para a petrolífera realizar pesquisas em dois blocos na bacia Potiguar, mas barrou a mesma autorização para o bloco FZA-M-59, localizado na Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá.

No documento, as instituições destacam a importância estratégica dessa região, que possui 42 blocos petrolíferos espalhados numa região que se estende do Amapá, onde está localizada a bacia sedimentar da Foz do Amazonas, ao Rio Grande do Norte, como um potencial impulsionador da economia nacional. Com a estimativa de produzir até 25 bilhões de barris de petróleo, a exploração dos poços da margem pode gerar um acréscimo de R$ 65 bilhões no PIB nacional, diz o manifesto.

Os líderes industriais dessas regiões citam no documento exemplos de países vizinhos, como Guiana, Guiana Francesa e Suriname, que realizaram pesquisas há dez anos e hoje colhem os benefícios de investimentos semelhantes realizados no passado.

“Países vizinhos como Guiana, Guiana Francesa e Suriname iniciaram estudos semelhantes na década passada e hoje colhem os frutos desse investimento, com a Guiana destacando-se como o país que mais cresceu no mundo em 2023, com um aumento de 38% em sua economia, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Essa pode ser a realidade brasileira em um futuro não muito distante, caso a gente se utilizar as potencialidades de nosso país”, diz um trecho do manifesto.

Petrobras teme que Brasil já esteja atrasado

image Presidente da Petrobras afirmou que Brasil poderá ter que recorrer à importação num futuro próximo, caso não inicie as pesquisas para exploração (Tomaz Silva/ABr)

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, deu sua última declaração sobre o tema no dia 22 de abril, durante participação no ‘Seminário Brasil Hoje 2024’, realizado pelo grupo Esfera Brasil, em São Paulo. Prates enfatizou a urgência da exploração, pois as reservas de petróleo atuais vão se exaurir num período de 13 a 16 anos e o país vai precisar recorrer à importação caso não permita a pesquisa e exploração.

“Já estamos atrasados. Foram mais de 60 poços perfurados na Guiana para achar o petróleo que eles têm hoje. Não é um trabalho de que perfurou, achou e amanhã está produzindo. Fura para achar o petróleo e depois faz o licenciamento das instalações de produção, que essas, sim, vão extrair petróleo. São uns 6 a 8 anos para começar a produzir”, explicou.

Diante disso, segundo Prates, o governo brasileiro terá duas opções: voltar a importar mais do que produz ou passar a explorar as novas fronteiras. “Ou o Brasil vai para a Margem Equatorial e a bacia de Pelotas, que são as fronteiras que sobraram no offshore e são promissoras. Ou se submete a situação de voltar gradualmente a importar petróleo, seja da Guiana, Suriname, dos países do oeste da África”, disse o presidente da Petrobras.

Potencial

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que, se o Brasil começar a exploração de um bloco por Estado na Margem Equatorial, com capacidade para produzir 100 mil barris por dia, poderá gerar um acréscimo de R$ 65 bilhões no PIB, R$ 3,87 bilhões em tributos indiretos, R$ 4,32 bilhões em royalties e mais de 326 mil empregos formais. Ao todo, a Margem Equatorial possui 42 blocos.

Por outro lado, o Ministério de Minas e Energia estima que o Brasil deixará de arrecadar R$ 3,7 trilhões até 2055 se não explorar novos campos de petróleo. “Nós vamos permitir isso? Acreditamos firmemente que a exploração de petróleo tem potencial de catalisar o desenvolvimento social nos estados da Margem Equatorial, muitos dos quais abrigam municípios com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs)”, diz um trecho do manifesto.

O Ibama

O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse em novembro do ano passado, que provavelmente no início de 2024 o órgão ambiental teria uma resposta sobre os estudos para a exploração de petróleo pela Petrobras na Margem Equatorial, na bacia da Foz do Amazonas. Na época, Agostinho afirmou que não havia ainda uma conclusão sobre a análise do novo pedido da estatal para a licença.

"Ainda estamos analisando, não tem ainda uma conclusão. A equipe concluiu agora vários processos de licenciamento, a maior parte deles da Petrobras", disse Agostinho, em declaração à imprensa no Palácio do Planalto. "O Ibama está fazendo um trabalho prioritário em relação a isso e, provavelmente, no começo do ano, a gente tem alguma resposta relacionada a este pedido específico, que é o lote 059, localizado na região conhecida como Foz do Amazonas", disse. No entanto, até o início de maio, o órgão permanece sem dar uma reposta.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA