'No aspecto econômico, será extremamente positivo', analisa representante da Fiepa sobre Ferrogrão
Ferrovia que ligará Sinop/MT à Miritituba/PA facilitará a saída dos grãos do centro-oeste brasileiro rumo aos mercados consumidores do mundo, diz José Maria Mendonça
Nesta quarta-feira (31), o Supremo Tribunal Federal (STF) pode julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 6553, apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em razão da Lei nº 13.452/2017, que decorreu de uma medida provisória e reduziu a área do Parque Nacional do Jamanxim, localizado no município de Itaituba. A decisão vai refletir na liberação ou não do projeto para construção da Ferrogrão, que ligará Sinop/MT à Miritituba/PA.
A obra é defendida pelo setor produtivo paraense, uma vez que a ferrovia facilitará a saída dos grãos do centro-oeste brasileiro rumo aos mercados consumidores do mundo, através dos portos do arco amazônico. De acordo com José Maria Mendonça, vice-presidente executivo da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e Presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEPA, a Ferrogrão servirá de regulador dos transportes para os demais portos de outras regiões do País; reduzirá em até 55% o frete dos grãos do centro-oeste brasileiro para os portos do arco amazônico e criará um corredor logístico interno para as cargas da Amazônia Ocidental.
Ele destaca ainda a possibilidade de, no futuro, "eletrificarmos a linha férrea zerando as emissões de dióxido de carbono (CO₂)", declarou. "No aspecto econômico, para o Brasil e para o povo da Amazônia, será extremamente positivo", avalia José Maria Mendonça.
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Em 2022, a Federação das Indústrias do Estado do Pará, por meio do seu Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra), redigiu um parecer técnico defendendo a construção da ferrovia. "Afirmamos que a Ferrogrão funcionará como um túnel ambiental ou como um caminho ecológico. Pouco ou nada irá interagir com o território por onde a ferrovia passar, já que o modal de transporte ferroviário é um modal que liga de ponta a ponta, ou seja, da origem até o destino, com poucas ou nenhuma parada intermediária. Ao analisarmos os aspectos social, ambiental e do componente indígena, cujos impactos previstos são conhecidos, de fácil mitigação ou compensação, destacam-se a delimitação do traçado, limpeza do terreno, cortes e aterros, barulho das máquinas em operação e o efeito barreira", observou.
José Maria Mendonça ressalta ainda que o projeto realizou inúmeras etapas de planejamento, estudos e audiências públicas, como mecanismos de diálogo e entendimento social. "Graças a estes cuidados, o apoio da população amazônida atingida é quase total", afirma.
Ele cita a pesquisa “Analytic Hierarchy Process – AHP”, cuja análise multicriterial visava obter a melhor diretriz do traçado da ferrovia desenvolvido no projeto de engenharia. "Foram levantadas 48 terras indígenas nos possíveis caminhos da ferrovia. Mas no traçado final foi escolhida uma alternativa que aproximou a ferrovia da rodovia BR-163 e de áreas já antropizadas; com isso, são poucos os impactos ambientais. O impacto indígena é mínimo, pois entre as duas aldeias mais próximas e os trilhos do trem, existe o Rio Tapajós", observa Mendonça.
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