De retração a crescimento, setor de serviços em Belém tem diferentes realidades
Enquanto o Brasil vê recuperação no setor de serviços, empreendedores locais na capital paraense enfrentam desafios e diferentes cenários.

A recuperação do setor de serviços no Brasil, que registrou crescimento em fevereiro após um começo de ano fraco, tem se mostrado desigual para os empreendedores de Belém. Embora o aumento da demanda nacional seja evidente, muitos negócios locais, especialmente no setor de alimentação e serviços, enfrentam desafios econômicos e custos elevados, o que impacta diretamente suas margens de lucro.
A alta nacional não é sentida da mesma forma por empreendedores da capital. Enquanto uns apostam na recuperação, outros lutam contra a retração.
Crescimento nacional do setor de serviços
A recuperação do setor de serviços no Brasil foi impulsionada por uma demanda crescente, que resultou no aumento do Índice de Gerentes de Compras (PMI) de 47,6 em janeiro para 50,6 pontos em fevereiro, de acordo com dados da S&P Global, empresa de informações e análises financeiras.
Segundo a pesquisa, apesar de uma leve recuperação da confiança nos negócios e do maior crescimento nas contratações de pessoal, o setor ainda enfrenta desafios, como o poder de compra reduzido e o aumento dos custos de financiamento.
Entre os fatores que contribuem para essa recuperação estão a adaptação do setor a novos preços e a continuidade das promoções de empresas que buscam atrair mais clientes em um cenário de alta dos custos.
A realidade de Belém: retração e adaptação
Em Belém, as percepções dos empreendedores locais variam, com alguns ainda enfrentando quedas significativas nas vendas, enquanto outros se ajustam às novas condições econômicas e enxergam uma leve melhora.
Maurício Façanha, dono de um restaurante especializado em gastronomia regional, relata uma grande retração desde dezembro.
"Estamos faturando 50% do que faturávamos. O movimento caiu drasticamente e, mesmo com o aumento no número de mesas, o consumo por cliente também diminuiu", conta.
Façanha acredita que a alta dos preços, especialmente no setor alimentício, não conseguiu ser acompanhada por um reajuste adequado no cardápio, o que prejudicou suas margens de lucro.
Além disso, ele expressa preocupação com as expectativas em torno da COP 30, que, segundo ele, tem gerado uma pressão sobre os preços sem refletir nas vendas.
O setor de internet segue em alta
Em contraste com os desafios do setor de alimentação, o empresário Alexsandro Sá, que atua no mercado de serviços de internet, observa uma tendência positiva.
"Janeiro é um mês atípico, mas a partir de fevereiro, notamos uma melhora significativa nas vendas de planos de internet, especialmente com o aumento da demanda devido ao início do ano letivo e à preparação para o Carnaval", explica.
Segundo Sá, a internet, hoje, é considerada um serviço essencial para residências e empresas, o que tem ajudado a manter o setor em alta mesmo com os custos elevados.
Bares de Belém: aumento no público, mas desafios nos custos
Miguel Ângelo, dono de um bar no bairro de Fátima, também percebe uma mudança positiva no seu negócio, principalmente no aumento do público. No entanto, ele alerta para o impacto contínuo dos custos elevados.
"Embora a quantidade de clientes tenha aumentado, os preços dos insumos continuam impactando nossa margem. A busca por mão de obra qualificada também continua sendo uma preocupação", diz Miguel.
Para ele, o aumento no consumo se reflete mais na maior circulação de pessoas, mas os custos de operação ainda representam um grande obstáculo.
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