Chuvas derrubam contratações na construção civil paraense, mas COP 30 alavanca mercado em Belém

Segundo o Sinduscon-PA, no primeiro trimestre, há um menor número de lançamentos no mercado imobiliário, o que gera desligamentos

Elisa Vaz
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Uma perda de 1.950 postos de trabalho foi registrada em janeiro no Pará, como aponta levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). Motivada pelo inverno amazônico, quando o Estado passa por um período mais chuvoso, a retração é considerada normal e já era esperada. Em contrapartida, com as obras da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém no mês de novembro, a capital paraense teve a geração de 190 empregos.

Diretor de edificações do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), Bruno Miléo explica que, historicamente, no primeiro trimestre, há um menor número de lançamentos no mercado imobiliário, o que gera desligamentos de postos de trabalho, seja devido ao período mais chuvoso, no inverno amazônico, ou pelo planejamento de obras para o ano corrente. “É esperado esse comportamento de queda na mão de obra no primeiro trimestre por esses motivos. A retração queda é cíclica, normalmente acontece todo ano”, detalha.

O supervisor técnico do Dieese-PA, Everson Costa, afirma que a construção civil precisa de uma combinação climática mais razoável, e o inverno amazônico, quando inicia em meados de novembro, deixa o tempo e o custo da obra muito maiores. O efeito sazonal, como ele destaca, ocorre não só em Belém, mas em várias regiões do Estado, que sofrem um impacto climático que interfere no processo.

Outro fator, de acordo com Everson, é a desmobilização que está ocorrendo no setor, principalmente no sudeste do Pará. Entre os municípios que mais perderam postos de trabalho no setor da construção civil em janeiro estão Canaã dos Carajás (-691) e Marabá (-193). “Isso mostra que a perda de postos de trabalho foi mais localizada onde há uma desmobilização por conta de toda a estrutura necessária para a mineração, porque as obras têm um começo, meio e fim”, diz.

Também pode ter impactado o setor, segundo o supervisor técnico, o cenário econômico, já que o Brasil passa por um momento de custos elevados, inclusive no material de construção, com inflação alta e taxa de juros elevada, com a Selic na casa dos 13,25% ao ano, podendo passar dos 14% ainda em 2025. Everson ressalta que, com o crédito mais caro, a mobilização do setor e a busca por novos imóveis são afetadas.

Capital paraense

Se o Pará teve resultado negativo, Belém demonstrou o oposto. Com as obras da COP 30, que estão em andamento para atender à demanda extra de visitantes no mês de novembro, a cidade ficou com saldo positivo de 190 postos de trabalho, a diferença entre 2.003 contratações e 1.813 demissões, de acordo com o levantamento. O diretor de edificações do Sinduscon-PA, Bruno Miléo, enxerga um protagonismo da capital na construção civil neste momento.

“Com certeza, o impacto de perdas de postos de trabalho no primeiro mês não foi sentido em Belém, principalmente devido às obras da COP 30. Haverá mais demanda de mão de obra para que as intervenções sejam concluídas no prazo, já estamos verificando uma certa dificuldade nas contratações, muito por conta dessas obras. E o Sinduscon-PA, em parceria com o Senai, vem promovendo vários cursos para capacitação de mão de obra, a fim de atender a essa demanda”, menciona Miléo.

As intervenções em Belém, na avaliação do supervisor técnico do Dieese-PA, Everson Costa, fizeram com que o setor da construção, aliado ao setor de serviços, tivesse destaque. “É possível verificar pelos dados que eles foram os setores que mais contrataram e devem continuar mantendo o mercado de trabalho aquecido aqui no Pará, principalmente até o pico e entrega delas ali no segundo semestre”.

Expectativas

Para o supervisor técnico do Dieese-PA, Everson Costa, o setor da construção civil tem um impacto significativo na economia, pois gera empregos rapidamente e impulsiona outros segmentos. “O setor da construção exige um nível de qualificação para entrada, mas não é tão elevado, específico ou cobrado como em setores como o de serviço, o próprio comércio. E é uma geração de empregos que não só consegue trazer e aglutinar muita gente, mas devolve para a economia. As pessoas empregadas partem com esse salário para compra do comércio, para consumo de serviços e esses dois setores se movimentam muito em função desse poder de compra”, detalha.

O especialista destaca que a expectativa para o setor é positiva para 2025, principalmente com os investimentos relacionados à COP 30 e outras obras públicas e privadas. “O começo do ano ainda pode registrar perdas de postos de trabalho, mas, olhando para 2024, a construção foi o terceiro setor que mais gerou empregos no Pará, com mais de 6.300 novas vagas. As projeções para este ano indicam que podemos igualar ou até ultrapassar esses números, pois há grandes investimentos previstos. Tudo isso pode garantir um bom desempenho do setor até o fim do ano”, analisa.

Emprego formal no Pará em janeiro de 2025

Saldos por setor

Construção: -1.950

Comércio: -471

Agropecuária: -153

Serviços: 183

Indústria: 188

Total: -2.203

Saldos por município

Belém: 190

Curionópolis: 52

Santarém: 37

Marituba: 68 - 50 - 18

Goianésia do Pará: 15

Juruti: 10

Óbidos: 10

São Félix do Xingu: 10

São Domingos do Capim: 7

Santa Izabel do Pará: 6

Fonte: Dieese-PA

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