Chuva reduz oferta de açaí e preço do litro pode chegar a R$50 em Belém, dizem batedores
Escassez de açaí em Belém eleva preços e altera hábitos de consumo, afirmam comerciantes e clientes

O período chuvoso tem impactado diretamente o fornecimento de açaí em Belém, reduzindo a oferta do fruto e elevando os preços nos pontos de venda. Proprietários de estabelecimentos relatam dificuldades para adquirir o produto, já que a menor disponibilidade nas feiras tem provocado alta na concorrência e no custo de compra. Em alguns locais, a escassez levou até mesmo à suspensão das vendas. Para os consumidores, o aumento do preço tem alterado hábitos de consumo, reduzindo a frequência de compra e tornando o açaí menos acessível.
Marília Damulakis, de 39 anos, proprietária de um estabelecimento de venda de açaí no bairro do Marco, afirmou que a compra do açaí tem sido dificultada devido à alta demanda e à oferta reduzida. Segundo ela, seu fornecedor costuma adquirir grande quantidade, mas não tem conseguido comprar o volume desejado. "Hoje consegui apenas 16 latas, bem abaixo do que normalmente preciso", disse. Damulakis relatou que precisou aumentar os preços, pois a baixa oferta também elevou os custos de aquisição do produto.
"Pra não sair no prejuízo e tentar tirar algum dinheiro dessa venda eu precisaria deixar à R$ 38, mas acabou deixando por R$ 36, para tentar manter o ritmo das vendas", explica Marília.
A empresária ainda relata que, com a dificuldade em encontrar o fruto, muitos pontos de venda optaram por não abrir nesta quinta-feira, 06. "O ponto aqui do lado do meu não abriu hoje, tinham pouco açaí e o preço tem que aumentar, às vezes os clientes não entendem. Aí acaba que o custo fica muito grande para gente, tanto que não abri o outro ponto que tenho", contou.
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Jhoy Rochinha Jr., de 32 anos, também dono de um ponto de venda de açaí no bairro do Umarizal, informou que a redução na oferta tem levado ao aumento expressivo dos preços nas feiras, com o produto chegando a custar três vezes mais do que durante a safra. Ele destacou que sua produção foi reduzida pela metade e o ajuste dos preços tem sido necessário para cobrir os custos. "Esses dias, o açaí pode chegar a custar entre R$ 45 e R$ 50 o litro", afirmou.
Ele relata que a redução na oferta tem levado ao aumento expressivo dos preços nas feiras, com o produto chegando a custar três vezes mais do que durante a safra. "O açaí, que custava R$ 85,00, hoje chega a R$ 160,00 o painel, e o preço está subindo cada vez mais", afirmou. Segundo ele, sua produção foi reduzida pela metade e o ajuste nos preços tem sido necessário para cobrir os custos. Rochinha também mencionou que o preço do fruto nas feiras tem sido influenciado pelos atravessadores, que elevam os valores de venda.
"Antes, os barqueiros traziam grande quantidade de açaí, mas agora estão se revezando e trazendo apenas dois barcos por vez, o que limita a oferta e aumenta o preço. Isso tem dificultado o acesso ao produto, especialmente para os comerciantes de periferia, que têm preços mais baixos", explicou Jhoy.
Mudança no consumo
Consumidores também têm relatado mudanças no consumo devido ao aumento dos preços. A estudante Ingrid Bendelaque afirmou que, apesar de não encontrar dificuldades para comprar o produto, tem observado preços mais altos. "Perto de casa, o litro está custando entre R$ 30 e R$ 35, e nem sempre está com um bom sabor", disse. Ela relatou que, antes do reajuste, sua família consumia açaí diariamente, mas agora passou a comprá-lo apenas três vezes por semana.
O estudante Gustavo Coelho, de 23 anos, que costumava consumir açaí de quatro a cinco vezes por semana, afirmou que a alta no preço tem tornado inviável manter a mesma frequência. "Os preços variam entre R$ 25 e R$ 32 na minha região. Tenho reduzido bastante o consumo e, em algumas semanas, não chego a comprar", relatou.
Expectativa
Segundo os comerciantes entrevistados, caso as chuvas persistam, a previsão é de que os preços continuem a subir nos próximos dias. "E meu fornecedor avisou que, infelizmente, essa semana vai ser assim. Devido às chuvas e à alta demanda, cada dia o preço vai subir mais", finalizou Marília que espera que em julho, a safra volte ao normal.
Por outro lado, Jhoy afirmou que "a gente tem medo de a safra não existir" para atender à demanda durante a COP30. Ele explicou que, em 2025, a previsão é de que o aumento de preços continue devido à escassez e à alta demanda, o que pode afetar o abastecimento de açaí em Belém. "Se não tiver safra, o açaí não chega em Belém e a fábrica levava todo o açaí", lamentou.
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