Em Belém, carne acumula alta de 15% em um ano e consumidores reclamam de preços

A média do custo, considerando vários cortes, era de R$ 37,13 e passou para R$ 43,02 no mês passado, aponta o Dieese-PA

Elisa Vaz

O preço da carne vendida em Belém está elevado e, no intervalo de um ano, entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, subiu 15,86%, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA). A média do custo, considerando vários cortes, era de R$ 37,13 e passou para R$ 43,02 no mês passado. Já a comparação mensal mostra que houve queda de 2,69% frente a janeiro, o que ainda não é sentido pela população.

A reportagem ouviu consumidores da capital e é unânime: no bolso, ainda não há muita diferença. Trabalhador da área de vendas, Paulo Scremin, de 47 anos, disse que não notou muita mudança recentemente e que o preço está elevado, há pelo menos quatro meses, sempre acima dos R$ 30 para qualquer corte, praticamente. Por semana, ele gasta pelo menos R$ 80 com o alimento, mesmo fazendo pesquisas e optando por cortes mais baratos.

Segundo ele, isso o fez mudar seus hábitos alimentares - agora, não é mais toda semana que se come carne na sua casa. “Sempre alterno entre frango e peixe”, comentou. O consumidor ainda mencionou que não tem boas expectativas em relação à queda de preços na capital paraense, até porque, na sua opinião, os custos não vão mudar no curto prazo, mesmo com medidas adotadas pelo governo federal.

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O governo decidiu zerar a alíquota do imposto de importação sobre uma série de alimentos. Segundo a Faepa, a iniciativa é apenas 'mais um discurso demagógico'.

Já o técnico de informática Pedro Paes, de 45 anos, achou os preços relativamente acessíveis, mas ele confessou que não costuma fazer as compras de casa. A ideia era comprar contra-filé, mas o consumidor disse que ainda ia comparar os preços e escolher o produto que coubesse melhor no orçamento.

“Até agora eu estou achando o preço acessível. Eu vou ter que dar uma olhada aqui, ver como está e escolher de acordo com o valor, o que cabe no bolso. Por enquanto, é o contra-filé que eu estou vendo”, detalhou. De acordo com Pedro, que ia comprar carne para a família, o gasto médio para o dia seria R$ 70. Mesmo assim, ele não pensa em adaptar o consumo, porque as filhas só comem carne vermelha.

Imposto zero

Neste mês, o governo federal decidiu zerar a alíquota do imposto de importação sobre uma série de alimentos, com o objetivo de reduzir os preços. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou a zeragem na alíquota para garantir uma redução no custo de determinados itens, como carne, café, açúcar e milho. Confira os percentuais no infográfico.

Em relação à carne, o setor produtivo diz que não haverá muita mudança nos preços, já que o Brasil é um exportador do alimento, e não importador. O Grupo Liberal tentou contato com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

À reportagem, o zootecnista e diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Guilherme Minssen, disse que “é muito difícil ter algum lugar no planeta para importar carne mais barata do que a carne que nós produzimos, portanto, isso foi uma notícia muito mais para cunho político do que na prática. O Brasil importar carne parece até, a princípio, algo meio pitoresco. Não tem grandes exportadores de carne pela qualidade e pelo preço que nós temos”.

Segundo ele, não deve haver impacto aos produtores de gado no Estado após essa medida, e nem na redução de preços ou desemprego. “O setor acredita que continua produzindo com muita qualidade e, principalmente com preço bom, e nós continuamos exportando. Precisamos agora de normas e regulamentos para esse mercado interno e maior expansão, que vai vir com um aumento no poder aquisitivo. O que falta hoje é poder aquisitivo para a população comprar carne, que está sobrando”, afirmou.

Presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal reafirmou que os supermercados paraenses não importam carne, justamente pelo tamanho do rebanho no Estado. “Compramos de frigoríficos locais. O próprio país não importa carne. Ele é exportador. Então, a gente não vê uma redução no preço, de imediato, em função disso”.

Preço da carne em Belém

Produto | Fev/25 | Jan/25 | Fev/24 | Variação no mês | Variação no ano

Carne (kg) R$ 43,02 R$ 44,21 R$ 37,13 -2,69% 15,86%

Fonte: Dieese-PA

Veja a mudança nas alíquotas por produto:

  • Carne: de 10,8% para 0%
  • Café: de 9% para 0%
  • Açúcar: de 14% para 0%
  • Milho: de 7,2% para 0%
  • Óleo de girassol: de 9% para 0%
  • Azeite: de 9% para 0%
  • Sardinha: de 32% para 0%
  • Biscoito: de 16,2% para 0%
  • Massas alimentícias: de 14,4% para 0%
  • Óleo de palma: a cota de importação era 65 mil toneladas e passa para 150 mil toneladas
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