Em Belém, mulheres negras marcham por reparação e bem viver

O evento foi um preparativo para a marcha nacional que será realizada em novembro de 2025, em Brasília

O Liberal
fonte

Dezenas de mulheres participaram, na tarde desta quinta-feira (25/7), da 9ª Marcha das Mulheres Negras, em Belém. A concentração ocorreu às 17h, em frente ao prédio da Companhia Docas do Pará (CDP), na avenida Presidente Vargas, no bairro da Campina, e seguiu até o Quilombo da República, na esquina das avenidas Nazaré co​m Assis de Vasconcelos. Ao final, houve apresentações artísticas e culturais.

A marcha deste ano teve como tema “Rumo à Marcha Nacional por Reparação e Bem Viver” e celebrou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, além do Dia Nacional e Estadual de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. O tema faz referência à marcha nacional que será realizada em novembro de 2025, em Brasília. O objetivo principal do evento foi mobilizar mulheres negras de todo o estado para elaborar estratégias que garantam a participação de uma delegação numerosa de paraenses no evento nacional.

VEJA MAIS

image Dia da Mulher Negra: data celebra a luta e resistência feminina preta no mundo
Celebrado em 25 de julho, o dia destaca a importância da luta das mulheres negras na história da sociedade

image 9ª Marcha das Mulheres Negras será realizada na quinta-feira (25), em Belém
Evento pretende mobilizar mulheres para a marcha nacional, que será feita em novembro, em Brasília

image Afroempreendedorismo: mulheres negras da Amazônia transformam realidades através de negócios
Coletivo Pretas Paridas de Amazônia une mulheres negras e serve como rede de apoio que impulsiona o afroempreendedorismo feminino

A nona edição da marcha foi precedida por uma campanha de 30 dias de ativismo contra o racismo, com o intuito de convidar instituições, coletivos, organizações e ativistas parceiras a proporem e realizarem ações que debatam aspectos relacionados ao tema do evento. Tanto a marcha quanto a campanha estão alinhadas ao calendário nacional de ativismo, denominado #julhodaspretas: mês de incidência política das mulheres negras em todo o Brasil.

MARCHA DAS MULHERES NEGRAS EM BELÉM

Ana Paula Bicalho, uma das organizadoras do evento, destacou a importância da mobilização. “Todos os anos, antes da marcha, a gente faz 30 dias de ativismo com várias atividades voltadas para o Movimento de Mulheres Negras do Pará. A gente se mobiliza para fazer essas atividades até chegar ao dia 25, que é o dia da marcha, o dia de Teresa de Benguela, Dia da Mulher Negra Latino-Americana. E a gente centraliza o movimento final aqui numa marcha. E esse ano a gente está se organizando para mobilizar a maior quantidade possível de movimentos de mulheres daqui do Pará para levar uma delegação expressiva lá para a marcha nacional, ano que vem. É a segunda marcha nacional das mulheres negras”, declarou.

Bicalho, que também é integrante da Rede de Cyber Ativistas Negras do Pará, acrescentou: “A gente sempre traz a pauta do bem viver da mulher negra, do nosso lugar na sociedade. E o que a gente quer enquanto mulher negra? A gente quer ser vista como mulheres pela sociedade. Então, a gente luta por isso, a gente marcha por isso todos os anos”.

Iyá Odó Ni Ifé, participante da marcha, também expressou a importância do evento. “A marcha das mulheres, na verdade, é um marco para a gente. Para nós, mulheres negras, que nos identificamos como tal. Esse é um movimento de luta. Hoje, não é um dia de festa. Hoje é um dia de luta, um dia em que viemos para as ruas para afirmar - e reafirmar - que nós existimos e que merecemos respeito”, disse ela.

Ela reforçou a importância do respeito e da resistência. “Nós estamos dentro da sociedade para sermos respeitadas. Nós mulheres, as minhas ancestrais, as mulheres que vieram antes de mim, nós construímos essa sociedade que, infelizmente, virou um patriarcado. Mas, nós precisamos lembrar, relembrar e ressignificar isso que a sociedade toda, principalmente dentro da minha tradição, que é o Candomblé, é totalmente matriarcal. Nós estamos aqui, porque outras vieram antes da gente, para que nós pudéssemos estar hoje neste dia, 25 de julho, comemorando e lutando. Esse dia é histórico!”, defendeu.

Ao ser questionada sobre a mensagem que gostaria de deixar para as mulheres, ela concluiu: “Resistir. Resistência. Nós somos resistência, sempre. Dentro das nossas casas, nos nossos locais de trabalhos, enfim, em todos os espaços que a gente ocupa todos os dias, a gente precisa se ​autoafirmar negras”.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM