Sírios no Pará relatam preocupação com vítimas de terremoto
Sobhi Alshaar, de Belém, e Ahmad Dilana, de Barcarena, têm familiares e amigos entre as vítimas da tragédia ocorrida no dia 6
“Estou há três dias sem sair de casa, apenas acompanhando as notícias, falando com amigos e familiares que estão na Síria”, relatou Ahmad Dilana, 38, mecânico de navio sírio que vive em Barcarena, no nordeste do Pará. Ele está no Estado há 12 anos, onde se apaixonou por uma paraense, se casou e teve dois filhos. À reportagem do Grupo Liberal, ele disse que o desejo é trazer a família do país de origem para perto, afastando-a dos conflitos bélicos e catástrofes naturais que abalam a região.
Na madrugada da última segunda-feira (6), um terremoto de magnitude 7,8 que durou um minuto e meio derrubou milhares de edifícios, incluindo hospitais, escolas e prédios de apartamentos no sul da Turquia e no norte da vizinha Síria. Os mortos já passam de 11 mil e centenas de milhares de pessoas ficaram feridas ou desabrigadas. Até esta quarta-feira (8), o primeiro tremor já foi replicado mais de 90 vezes, deixando um rastro de destruição nos países.
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“A terra não para de tremer. Não é seguro ficar nas casas pois a qualquer momento, tudo pode desabar”, contou Dilana. As residências de onde os parentes do mecânico vivem, na cidade de Lataquia, não foram ao chão com os terremotos. Entretanto, todos precisaram deixar tudo para trás a fim de se abrigarem em mesquitas, as igrejas da fé islâmica, para se manter com vida. “Alguns estão saindo apenas para ajudar a procurar outras vítimas nos escombros”.
Sobhi Alshaar, 45, está vivendo a mesma situação. O empresário sírio está em Belém, capital paraense há 15 anos, onde vive com esposa e filhos. Porém, do outro lado do mundo ficaram os pais e irmãos, na cidade de Hama, na Síria. Desde o primeiro tremor, ele vive em constante aflição, tremendo pela vida de seus familiares.
"Toda minha família saiu do prédio onde vivia"
“Estou acompanhando a situação 24 horas. Toda minha família saiu do prédio onde vivia para ir à casa de outros parentes, porque o apartamento não era mais seguro para ficar. Eles só saíram com suas roupas do corpo e seguiram. A angústia é grande, mas acredito que Deus está no comando de tudo e estou, mesmo de longe, pedindo em orações pelas vítimas”, desabafou Alshaar.
Outros parentes e amigos do empresário estão entre as vítimas do desastre. Para ele, “Estou sem notícias de um primo e sua família. Isso é angustiante. O mais triste é que a Síria não é preocupação do mundo todo. Cadê os maiores governos para ajudar quando a população está padecendo? Não temos hospitais, os conflitos bélicos já tinham destruído tudo e os países que deveriam levar ajuda humanitária, nada fazem”, reclamou.
“Penso em trazer minha família para cá. Pretendo me organizar financeiramente, pois ainda não estou preparado. São seis pessoas e preciso de uma casa para todos eles. Sei que é difícil, mas é necessário. Vai ser melhor, mais seguro”, finalizou Alshaar.
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