‘Não é pelo meio ambiente que a Amazônia está em evidência’, diz Aldo Rebelo em CPI das ONGs

Para ex-ministro, a Amazônia tem sido governada e observada por centenas de ONGs "poderosíssimas" e com muitos recursos

O Liberal
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O ex-deputado federal e ex-ministro Aldo Rebelo, ouvido nesta terça-feira (11) no Senado durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga atividades de Organizações Não Governamentais (ONGs) financiadas com dinheiro público na região amazônica, a chamada "CPI das ONGs", afirmou que "não é pelo meio ambiente" que a Amazônia está em evidência e no centro dos debates mundiais.

Segundo ele, que é uma das vozes críticas ao trabalho das organizações na Amazônia, o Brasil não tem consciência da relevância e da importância de suas riquezas, e que é errado achar que "é tudo pelo meio ambiente".

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"Não é pelo meio ambiente que a Amazônia está em evidência, no centro dos debates, não é por isso que estão trazendo a COP para Belém. Não é pelo nosso bem, é pelos nossos bens. Há que se diferenciar aqueles que estão aqui pelo nosso bem daqueles que estão em busca dos nossos bens", declarou.

Para Rebelo, a Amazônia tem sido governada e observada por centenas de ONGs "poderosíssimas" e com muitos recursos, justamente por causa da biodiversidade que existe na região, além da quantidade de água doce presente localmente. Ele lembra que, em 2020, a água entrou na mira do mercado financeiro e passou a ser negociada no mercado de futuros.

"A vice-presidente dos EUA disse que a guerra pelo petróleo é uma guerra do passado, a guerra que vão conhecer no futuro é a da água. O rio Amazonas é responsável por 20% de toda a vazão de água doce do mundo, a Amazônia tem o maior reservatório em Alter do Chão, nas estações chuvosas chega a 350 mil quilômetros a extensão de água doce de superfície, maior que São Paulo, que Itália, Alemanha", ressalta.

Fundo Amazônia

O ex-deputado federal e ex-ministro ainda aproveitou seu tempo na CPI para criticar a gestão do Fundo Amazônia, que tem a finalidade de captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal.

A crítica é em relação ao fato de que, embora o mecanismo tenha sido criado pelo Estado brasileiro, é administrado pelas ONGs, segundo ele. Oficialmente, no entanto, a gestão do fundo é feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Não é o banco que decide, é um comitê, onde quem mais influencia é um diplomata da Noruega. O Brasil cuida e o mundo financia, apoia, paga. Mas a agenda para a destinação do fundo é só essa agenda global do meio ambiente", enfatiza.

Na avaliação de Rebelo, como a Amazônia "é a região onde há os piores indicadores sociais do brasil", seria necessário garantir, por meio do Fundo Amazônia, o acesso da população a serviços como água tratada, energia elétrica e saneamento, além de melhorar índices de mortalidade infantil, de analfabetismo e de doenças infecciosas, por exemplo. "Há um centavo sequer destinado a essa finalidade? Para a saúde? Não. É exclusivamente para essa agenda de interesses internacionais".

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