MST invade terras no Pará e outros 4 estados para cobrar governo federal

A ação faz parte do Abril Vermelho. O movimento reivindica as áreas ocupadas para assentamento e reforma agrária.

O Liberal
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Áreas dos estados do Pará, Ceará, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal foram ocupadas nesta segunda-feira (15) pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como anunciou a própria entidade, por meio de nota. Outras duas áreas já haviam sido ocupadas neste domingo (14) em Petrolina (PE), e um local foi invadido na semana passada em Itabela, na Bahia. No total, há nove áreas ocupadas pelo movimento no país.

O MST diz que os atos fazem parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária, que ocorre neste mês, conhecido como Abril Vermelho, em repúdio ao massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996, quando 21 trabalhadores rurais ligados ao MST foram assassinados pela Polícia Militar.

A ação busca fazer uma cobrança ao governo federal, já que o movimento reivindica as áreas ocupadas para assentamento e reforma agrária. Entre os locais invadidos pelo MST estão áreas de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), ambas ligadas ao Ministério da Agricultura, e, portanto, do governo federal.

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Na nota assinada pelo MST, consta que “as ações, sobretudo, enfatizam a importância da reforma agrária como alternativa urgente e necessária para a produção de alimentos saudáveis para a população do campo e da cidade, para combater a fome, e avançar no desenvolvimento do país, no contexto agrário, social, econômico e político. Em uma conjuntura onde o orçamento da pasta dessa política pública é por dois anos consecutivos, o menor dos últimos 20 anos”, argumenta a entidade.

Ação no Pará

Entre os estados, a maior ação ocorre no Pará, onde cerca de cinco mil famílias invadiram a fazenda Aquidoana, no município de Parauapebas - o movimento reivindica a aquisição do imóvel para estabelecer acampamento. Em nota enviada à reportagem, o movimento diz: “As famílias do Acampamento Terra e Liberdade tomaram a decisão de não mais esperar pelo governo e assumir o comando do seu destino”. 

O texto continua dizendo que o governo não garantiu a permuta para uma área segura para que as famílias possam esperar as providências da reforma agrária e que o movimento reivindica a aquisição do imóvel para estabelecer acampamento e a imediata vistoria de todos os latifúndios da família Miranda no sudeste do Pará.

“Família colonizadora e grileiros de terras na Amazônia. Que responde processos por assassinar trabalhadores rurais, trabalho escravo, garimpo ilegal e desmatamento. 28 anos após o Massacre de Eldorado do Carajás, a impunidade e o descaso seguem sendo o tratamento dado aos trabalhadores rurais. Por isso, lutar se faz necessário”, diz a nota.

Outros estados

No Distrito Federal, mil famílias do MST ocupam uma área de 8 mil hectares da usina falida CBB, em Vila Boa de Goiás. Já em São Paulo 200 famílias do movimento invadiram a Fazenda Mariana, em Campinas (SP) – área de 200 hectares, considerada improdutiva pelo movimento. Em Goiás, 400 famílias invadiram a propriedade Sítio Novo, em Itaberaí.

No Ceará, cerca de 200 famílias do movimento ocuparam uma área de 800 hectares da Fazenda Curralinhos, no município de Crateús. A fazenda está localizada no perímetro da Barragem Lago de Fronteiras, uma obra em construção pelo Departamento Nacional de Obra Contra as Secas (DNOCS). No Rio de Janeiro, cerca de 300 famílias estão acampadas às margens da BR 101, em Campos dos Goytacazes.

Terra para Gente

Esta ação do MST ocorre na data do lançamento pelo governo federal do Programa Terra para Gente, para acelerar o assentamento de famílias no país, que será anunciado na tarde desta segunda-feira (15) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, no Palácio do Planalto.

O programa é uma promessa feita no ano passado pelo presidente Lula, que quer destinar terras improdutivas e devolutas à reforma agrária e à demarcação para quilombolas. A tentativa do governo era frear a onda de invasões do movimento prevista para este mês.

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