Ministro da Agricultura defende reivindicações por reforma agrária, mas condena ocupações ilegais
Carlos Fávaro afirma que 'Se o movimento achar que ele deve ocupar, ele deve ser responsável pelas suas consequências'
Em audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), nesta quinta-feira (17), o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, expressou sua visão sobre as reivindicações ligadas à reforma agrária. Ele destacou a legitimidade das demandas do movimento, mas rejeitou veementemente as ocupações de propriedades privadas e prédios públicos como forma de protesto.
Carlos Fávaro afirmou que o direito à propriedade e o anseio pela terra são legítimos, mas ressaltou que é possível manifestar tais reivindicações de maneira responsável e dentro dos limites legais. O ministro enfatizou a distinção entre manifestações pacíficas e ações invasivas, deixando claro seu desacordo com a ocupação ilegal de terrenos privados e edifícios públicos.
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Questionado pelo relator do colegiado, Ricardo Salles (PL-SP), sobre as ocupações realizadas pelo MST, que se intensificaram em abril, o ministro disse que o movimento tem o direito de reivindicar para chamar a atenção da sociedade e do governo para a questão fundiária. “Se o movimento achar que ele deve ocupar, ele deve ser responsável pelas suas consequências. Eu não posso dizer o que o movimento deve ou não fazer”, afirmou.
Fávaro disse que o tema vem sendo debatido pelo governo e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já declarou que vai retomar a reforma agrária. “O presidente Lula já disse isso, em maio ou junho, de que não há necessidade de invasão de terra. [Ele pediu que] façam um banco de terras públicas disponíveis para reforma agrária, porque vamos voltar a instituir a reforma agrária e não há necessidade de fazer por invasões, mas sim através do diálogo e das instruções legais e acho que já está retomando”, disse.
Ministro reclama de data para oitiva
A audiência, no entanto, começou com o ministro expressando seu incômodo com a data escolhida para prestar os esclarecimentos, que afetou compromissos importantes em sua agenda, incluindo encontros com delegações do Japão para discutir projetos relacionados a pastagens degradadas e com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul para tratar da crise climática enfrentada pelo setor do agronegócio.
Questionado pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) sobre uma declaração na qual afirmou ter amigos no MST, Fávaro reafirmou a declaração de ter um bom relacionamento com o movimento.
“Tenho grandes amigos no MST, conheço muita gente boa, que luta pela terra, que sonha em ter um pedaço de terra e aqui faço um comparativo: é legitimo a luta pela terra e pelos meios legais, por óbvio. Tenho muitos amigos que são do MST e tenho muito respeito por eles”, reiterou.
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