Mensagens de áudio mostram coronel do Exército em trama golpista, diz CNN
Áudios foram obtidos e divulgados pela CNN e colocam Élcio Franco no centro da armação
Novas mensagens que supostamente fazem parte do inquérito da Polícia Federal (PF) contra o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, foram divulgadas pela CNN nesta segunda-feira (8), e apontam novos suspeitos em tramas golpistas.
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A reportagem obteve acesso às mensagens de áudio trocadas entre o coronel do Exército, Élcio Franco, e o ex-major Ailton Barros, que está preso. Nos áudios é possível concluir que o coronel deu sugestões de como mobilizar 1.500 homens para uma intentona golpista.
Élcio, que era funcionário de confiança do governo Bolsonaro, ex-número dois do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil, revelou o temor do então comandante do Exército de ser responsabilizado por uma eventual tentativa de golpe.
De acordo com os diálogos, Ailton e o grupo pensaram até em exceder a autoridade de Freire Gomes, usando o Batalhão de Operações Especiais do Exército. A documentação faz parte do inquérito que embasa a prisão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Também embasa a prisão de Ailton Barros, ex-major que circulava pela cúpula do Palácio do Planalto.
Ailton e coronel Élcio falavam sobre o golpe de Estado e sobre a resistência de Freire Gomes de aderir ao plano.
“Olha, eu entendo o seguinte: é Virgílio. Essa enrolação vai continuar acontecendo” – Virgílio era um comandante de um batalhão importante do Exército.
Ele então começa a elucubrar sobre o que o comandante do Exército poderia dizer para se defender.
“O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o que? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?”.
Élcio diz: “Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele tá sendo chamado a responder. Eu falei, ó, eu , durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, pô, falei que não, não deveria fazer, que não deveria fazer, que não deveria fazer e pronto. Vai pro Tribunal de Nurenberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu comandante, da Força, tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então, sinceramente, é dessa forma que tem que ser visto.”
(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão da editora Fabiana Batista)
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