Flordelis usava celular na prisão para falar com namorado, mas escapa da punição; entenda

O aparelho foi encontrado no dia 11 de maio. Apesar do uso do telefone ser considerado falta disciplinar grave, ela não foi para isolamento por recomendação médica

O Liberal

A pastora e ex-deputada federal Flordelis, que está presa à espera do julgamento pelo assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, chegou a ir para isolamento após ser flagrada com um celular na cela, mas a punição foi suspensa por recomendação médica. O aparelho foi encontrado com ela no dia 11 de maio e a própria Flordelis admitiu que usava o telefone para conversar com o namorado, o produtor artístico Allan Soares. Esse tipo de conduta é uma falta disciplinar considerada grave, podendo ser punida com o isolamento do preso. Porém, como a ex-parlamentar alegou que sofria de convulsões, a médica de Bangu recomendou que ela não ficasse sozinha na cela. As informações são do G1 Rio de Janeiro. 

Segundo a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap), um processo foi aberto para investigar o caso envolvendo o celular. Quando o celular foi apreendido, as mensagens já haviam sido apagadas. 

A defesa da pastora afirma que ela usou o aparelho uma única vez e que foi pega em uma vistoria logo após o fato. Ainda segundo a defesa, Flordelis passou a ser chantageada e ameaçada após o episódio. 

A orientação da médica de Bangu recomendando que a detenta não ficasse sozinha na cela foi anexada ao processo. O relatório médico é de agosto de 2021 e afirma que a paciente comunicou episódio de convulsão, que não foi presenciado por ninguém. A recomendação foi reforçada no dia seguinte que o celular foi encontrado. 

Angelo Máximo, advogado assistente de acusação, ressalta que o relatório médico está ausente de exames comprobatórios que digam se ela realmente tem esse quadro convulsivo ou não. "O que tem aqui é apenas uma anotação com uma orientação médica. Uma orientação, não determinação, dizendo para ela não ficar sozinha na cela. Ao meu ver, é um meio de tentar burlar a imediata aplicação da medida que é dada a todo interno que é pego com celular na cadeia. E o que é? O isolamento na cela”, declarou o advogado, que entrou com um pedido de transferência de Flordelis para Bangu 1, uma unidade de segurança máxima, na semana passada.

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Para Máximo, a transferência da pastora é de "imensa urgência", uma vez que ela "tem históricos de coação a testemunhas no curso do processo quando ela estava solta. Ninguém sabe o teor das mensagens”, disse.

O julgamento da ex-deputada, dos seus três filhos e uma neta, está marcado para o dia 7 de novembro. Todos são acusados pela morte do pastor Anderson do Carmo, executado a tiros em junho de 2019. Flordelis é apontada como a mandante do crime.

Sobre o pedido da acusação de transferência para Bangu 1, a Seap disse que isso é impossível porque a unidade de segurança máxima é masculina. E que as detentas cumprem punição de isolamento na própria unidade em que estão presas.

Nota da defesa da pastora Flordelis

"Em maio deste ano foi introduzido tal aparelho na cela da pastora e lá ficou por 18 dias sem ser por esta usado apesar da insistência de outras presas que o usavam com a conivência de algumas guardas. No dia em que Flordelis o usou, por uma única vez, imediatamente ocorreu uma vistoria na cela e esta foi conduzida à presença da diretora da unidade da época, que à noite, sem a presença de advogados, tomou seu depoimento onde Flordelis assumiu que o usou por apenas esta vez.

A partir daí, esse procedimento passou a ser usado como objeto de chantagens e ameaças, onde a vida e a incolumidade física da pastora e das filhas foram pautadas.

Em 04/06, durante um encontro em sala especial com Flordelis para preparação do Júri que ocorreria naquela semana, essas ameaças foram descobertas.

Nossa orientação foi de que não deveria aceitar as chantagens, não fazer nenhum pagamento e sim denunciar as/os agentes públicos e as internas envolvidas nas ameaças e assédios. A pastora, com muito medo, se recusou a dar os nomes e permitir uma denúncia formal.

A despeito disso, a defesa procurou a diretora da unidade e, em função de sua ausência no dia, falou com a subdiretora, que nos comunicou que a Corregedoria da SEAP já teria sido acionada e que o problema seria sanado. Cobramos a abertura formal do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) que até aquele dia se encontrava irregular, não constando no sistema como era o correto, o que dias depois aconteceu sendo esta defesa notificada a acompanhar.

Tentamos ainda denunciar e acionar vários meios de imprensa.

Mas o que a defesa teve conhecimento apenas neste último mês é que essas ameaças acabaram levando a pastora a ceder ao medo e pedir a família que pagasse aos criminosos, no entanto estes, mesmo recebendo, aumentaram as ameaças de forma a impor que a pastora não voltasse da visita com a filha, na última semana, sem dinheiro ou iria "apanhar", o que a levou a tentar entrar irregularmente com R$ 75 para fugir das represálias. Esse novo episódio é usado mais uma vez para a continuidade das chantagens.

De pleno conhecimento desses fatos e agora também com os nomes dos criminosos e outras provas do que aqui relata, a defesa tomou a iniciativa de acionar as autoridades competentes: Juiz Corregedor responsável pela Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro, a Coordenadoria Responsável pelos Presídios Femininos, bem como a Polícia Civil do Estado, a fim de que tudo seja apurado.

A defesa tem em posse os nomes dos envolvidos, o Pix com o CPF de quem recebeu a propina, os comprovantes de depósito, prints com jornalistas trocados à época buscando que a imprensa noticiasse.

Ao contrário do que está exposto no dia de hoje e servindo como base para a acusação pedir duras medidas contra ela, a pastora Flordelis é vítima dessa trama e provará através dos canais competentes que mais uma vez é criminalizada e exposta por coisas que efetivamente não fez."

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