VÍDEO: Delegado da PF explica operação contra lavagem de dinheiro no Pará
Empreiteira é apontada como alvo da investigação, segundo apuração do site Uol
O Delegado Roberto Meyer, chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal no Pará (Delecor/PF/PA), explica que a operação Plenitude, deflagrada na manhã desta ter-feira (30), pela Polícia Federal, Receita Federal e Controladoria Geral da União (CGU), investiga movimentações financeiras atípicas.
O Grupo Liberal entrou em contato com representantes da empresa Terraplena, e aguarda o retorno. A empresa é apontada pelo Uol como uma das firmas envolvidas na fraude bilionária.
De acordo com Meyer, “um grupo empresarial que atua no ramo de saneamento básico no Estado do Pará, realmente, possuía indícios de lavagem, junto com alguns outros crimes”. A investigação se concentrou em seis municípios do Pará e em Barueri (SP), para combater uma suposta organização criminosa de pessoas físicas e jurídicas, que teriam desviado R$ 1,7 bilhão em recursos públicos, incluindo do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mais de 150 policiais federais participam do cumprimento de 33 mandados em Belém, cinco em Benevides, três em Parauapebas, um em Ananindeua, cinco em Santa Maria do Pará e um em São Miguel do Guamá, além de um em Barueri, no estado de São Paulo. Até o momento, a operação já encontrou dinheiro em cédulas, armamentos e veículos dos suspeitos. A reportagem de O Liberal entrou em contato com os órgãos envolvidos para maiores informações, mas não obteve retorno.
De acordo com o delegado responsável, há cerca de um ano a Polícia Federal foi informada, pelo Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf), a respeito das “movimentações atípicas” do grupo empresarial ligado ao saneamento no Pará. A atividade suspeita teria ocorrido entre 2017 e 2022, referente a indícios de ocorrências de lavagem de dinheiro. Meyer reforça que o auxílio da CGU foi essencial para fazer o rastreamento da verba federal e destaca que “há indícios de lavagem de dinheiro, crimes licitatórios, corrupção e outros delitos que estão em apuração pela Polícia Federal”.
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A operação envolveu o trabalho de 10 servidores da CGU, 13 da Receita e 152 policiais federais. Os investigados poderão responder pela prática dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, entre outros.
Fortes indícios
“Os indícios de lavagem de dinheiro são robustos”, pontuou o chefe da delegacia especializada. Segundo ele, a identificação de empresas offshore, denominação para contas bancárias e empresas abertas em territórios com menor tributação para fins ilegais, foi um dos indícios de que o dinheiro desviado estaria sendo retirado do país de maneira ilícita. De acordo com o representante, a operação também se deparou com um sistema complexo “de repasse dessas empresas para outras empresas que são a princípio de fachada”. Nesse sentido, reconhece o papel da Receita Federal, em atestar, como esclarece Meyer, “a incompatibilidade patrimonial técnica e econômica dessas empresas”.
Para garantir o ressarcimento, a Justiça já determinou o bloqueio do valor correspondente em patrimônio da principal empresa investigada, cuja identificação ainda não foi confirmada. De acordo com a Receita Federal, a principal investigada na operação atuaria principalmente nas áreas de construção, manutenção de estradas e vias urbanas e coleta de lixo.
O recebimento e o repasse de verbas públicas teria sido feito, inclusive, para servidores públicos, por meio do pagamento de benefícios. “Servidores públicos que, muitas vezes, não tinham o porquê de ter recebido esses valores, muitas vezes recebendo Bolsa Família ou alguns benefícios sociais, e isso tudo precisa ser esclarecido”, explica Meyer. As operações comerciais eram realizadas por empresas de fachada, com atividades formais na área da construção civil, de locação de veículos e de comércio atacadista de laticínios, que emitiam notas de serviços de altos valores, mesmo sem possuir estrutura como instalações físicas, equipamentos e empregados.
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A emissão de tais notas, esclarece a Receita, pode ter sido feita para camuflar a lavagem de capitais e sonegação de impostos. Ao longo das investigações, também foram identificados indícios de ocultação de patrimônio e simulação de operações.
Próximos Passos
O chefe da delegacia especializada para atividades que envolvem crimes financeiros, o Delegado Roberto Meyer, projeta a continuidade da operação. “As investigações vão continuar para que a gente consiga trazer justiça para a sociedade e para a população”. O representante segue: “A gente só tem a intenção de esclarecer os fatos e trazer justiça para as pessoas que merecem ser punidas”, conclui.
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