Foragido por atentado a bomba no DF foi autuado por violar caixão e publicar foto de cadáver

O blogueiro Wellington Macedo de Souza, 47 anos, é apoiador radical do ex-presidente Jair Bolsonaro e teve um cargo no ministério de Damares Alves

Luciana Carvalho
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Um dos manifestantes radicais que participou da invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília no último dia 08, foi autuado na Justiça cearense por violar um caixão e expor o cadáver de uma mulher. Ele usou a foto da falecida, sem autorização da família da vítima, em uma fake news divulgada por ele sobre a primeira pessoa morta por Covid-19 na cidade de Sobral. As informações são do G1 Ceará. 

O blogueiro Wellington Macedo de Souza, 47 anos, é apoiador radical do ex-presidente Jair Bolsonaro e teve um cargo no ministério de Damares Alves. Ele está foragido pelos atentados a bomba ocorridos na véspera do Natal em Brasília. Outros dois suspeitos de envolvimento no caso estão presos.

Vilipêndio de cadáver

O caso de vilipêndio de cadáver em Sobral ocorreu em março de 2020, quando o município ainda não tinha registrado óbitos pela Covid. Na denúncia feita contra Wellington, consta que ele fez postagem em sua rede social do caixão aberto com o corpo enrolado em um pano branco, com um papel escrito "Óbito Covid-19". Na legenda da postagem ele divulgou a identidade da mulher de 51 anos e afirmou que ela era a primeira vítima da doença no município.

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A mulher citada por Wellington Macedo era uma moradora da localidade de Rasteira, na cidade de Forquilha, que tinha sido transferida para o Hospital Regional Norte (HRN) depois de dar entrada na unidade de saúde local com dormência no corpo. Posteriormente ficou comprovado que  a causa da morte dela não foi por Covid

O blogueiro ainda postou vídeos em seu canal no YouTube repercutindo o caso e acusando o prefeito Ivo Gomes, que estava em seu primeiro mandato, de esconder o caso da população. Na época, Ivo se pronunciou através das redes sociais negando o óbito. "Quando tiver, se tiver, serei o primeiro a vir a público com a informação. Não há razão para esconder", disse o prefeito, pedindo a população para evitar o compartilhamento de notícias que gerassem medo.

A primeira morte por Covid em Sobral foi confirmada em 30 de março de 2020. A vítima foi uma mulher de 60 anos, moradora do município de Santa Quitéria, que estava internada no Hospital Regional.

Após a repercussão da fake news com a foto do cadáver, a família da vítima procurou a Delegacia Municipal de Sobral para denunciar o uso da imagem com informações falsas, já que na declaração de óbito dela constava "causa indeterminada" e a mulher não havia apresentado sintomas gripais.

Após a conclusão das investigações, Wellington Macedo foi autuado pela Polícia Civil no Artigo 41 da Lei de Contravenção Penal, por alarmar, anunciar desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto; e no artigo 212 do Código Penal, por vilipêndio de cadáver. A denúncia contra Macedo foi recebida e a Justiça determinou a citação do réu para responder à acusação.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Ceará, Welington Macedo já tem antecedentes por contravenção penal, denunciação caluniosa e crime contra a incolumidade pública. Ele também é investigado por dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Elisa Vaz, repórter do Núcleo de Política).

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