CPMI fica dividida sobre relação de Bolsonaro com mensagens de militares golpistas
Relatora defende que comissão aprove a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos de Mauro Cid, Jean Lawand Júnior
Os deputados e senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro debateram a possível relação do ex-presidente Jair Bolsonaro com as mensagens trocadas entre o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da presidência da República, e o coronel do Exército Jean Lawand Júnior, ouvido pela comissão nesta terça-feira (27).
Os parlamentares aliados ao governo Bolsonaro argumentaram que as mensagens entre os militares isentam o ex-presidente de qualquer responsabilidade. O deputado Aluísio Mendes (Republicanos-MA) afirmou que não há nenhuma mensagem de Bolsonaro ou qualquer indicação de que ele compactuasse com o desejo de Lawand de que as Forças Armadas agissem contra o resultado das eleições.
No entanto, o deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) rebateu essa versão. Ele argumentou que se Bolsonaro fosse contrário à tentativa de golpe do coronel Lawand, Mauro Cid teria rejeitado as investidas do militar e repudiado os pedidos para dar a ordem de um possível golpe. Segundo Vieira, as mensagens indicam a consciência, participação e responsabilidade de Bolsonaro.
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A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), opinou que as provas encontradas no celular de Mauro Cid comprovam a participação de parte dos militares em uma conspiração golpista, mas ressaltou que é cedo para determinar a extensão dessa articulação contra o resultado das eleições. Ela defendeu que a CPMI aprove a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos de Mauro Cid, Jean Lawand Júnior, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime e Anderson Torres, ex-secretário de segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, na próxima semana, a fim de avançar na investigação.
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