Naufrágio na Ilha de Cotijuba: 'força, fé e muito amor', pede prefeito de Belém
O caso aconteceu na manhã quinta-feira (8) e até 16h40 foram confirmadas 14 mortes
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, divulgou um vídeo em suas redes sociais na tarde de quinta-feira (8) onde fala sobre as assistências que está cedendo para os sobreviventes do naufrágio na Ilha de Cotijuba, que aconteceu nas proximidades da praia da Saudade, em Belém.
Segundo Edmilson, algumas pessoas se sentiram bem ao ponto de retornar para os seus imóveis. A ajuda está sendo feita utilizando viaturas da Escola Bosque, que fica em Outeiro.
“Estamos disponibilizando as embarcações que servem escolas ribeirinhas, ligadas a Escola Bosque da Semec (Secretaria Municpal de Educação e Cultura). As equipes médicas das unidades de saúde de Outeiro e Cotijuba. Já 51 pessoas foram devidamente cuidadas, algumas, inclusive, já se sentiram tranquilas para voltar as suas casas. Neste momento, estamos deslocando as nossas viaturas ligadas a Escola Bosque, para deixar os que já estão salvos, bem de saúde e estabilizados emocionalmente nas suas moradias. Estamos também vendo como providenciamos embarcações para aqueles que têm que viajar para outros municípios. Nossa solidariedade as pessoas que perderam entes queridos. Força, fé e muito amor no coração de todos e todas para resistir”, disse na quadra da escola enquanto os sobreviventes recebiam amparo social.
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Capitania dos Portos instaura inquérito para investigar o caso
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, informou à reportagem de O Liberal na tarde de quinta-feira (8), que vai instaurar um inquérito administrativo para apurar as possíveis causas e responsáveis do acidente. Até 14h foram contabilizados 14 mortos, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup).
Segundo a MB, equipes de inspetores navais da Capitania dos Portos, equipes de inspetores navais e do aviso do Hidroceanográfico Fluvial “Rio Xingu” estão realizando busca no local para encontrar mais sobreviventes.
Irregularidades na embarcação
A Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Estado do Pará (Arcon-Pa) comunicou que já havia notificado a empresa responsável pela embarcação e comunicou a Capitania dos Portos sobre a irregularidade do transporte aquaviário. A embarcação não possuía autorização para realizar transporte intermunicipal de passageiros junto ao órgão estadual e realizou a viagem partindo de um porto clandestino na localidade de Camará, Marajó.
Ajuda da Prefeitura de Belém
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, chegou escola na Unidade Pedagógica da Feveira/Cotijuba no início da tarde de quinta-feira (8) para acompanhar o resgate das vítimas do naufrágio na ilha de Cotijuba, nas proximidades da praia da Saudade. O resgate das vítimas do acidente com uma lancha que saiu da ilha do Marajó em direção a Belém está sendo feito pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por meio de ambulhanchas e ambulâncias. O direcionamento inicial é para a Unidade Básica de Saúde (UBS) de Cotijuba e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Icoaraci e UBS da Marambaia.
Lancha saiu do Marajó com destino a Belém
A lancha que naufragou na manhã desta quinta-feira (08) tinha saído da ilha do Marajó com destino a Belém. A informação foi repassada pela prefeitura de Belém. A Fundação Escola Bosque (Funbosque) disponibilizou a Unidade Pedagógica da Faveira/Cotijuba para ponto de apoio às vítimas do cidente. A Funbosque também ofereceu um ônibus e uma embarcação paras as famílias. Foram resgatadas 30 pessoas e 14 corpos encontrados. As autoridades disseram que a embarcação tinha 70 passageiros.
Moradores tentaram salvar tripulantes
Imagens gravadas por câmeras de aparelhos celulares mostram momentos em que moradores da Ilha de Cotijuba, em Belém, tentam socorrer os tripulantes da embarcação naufragou. Algumas cenas mostram pessoas, entre crianças e adultos, sendo trazidas à terra firme em pequenos barcos, algumas já sem vida.
Relato de um dos sobreviventes
A reportagem recebeu relatos de pessoas que estavam na embarcação no momento do naufrágio. De acordo com informações, haviam poucos tripulantes e cerca de oitenta passageiros.
"Tinha pouco tripulante e tinham deixado a sala de máquina aberta. Eles foram verificar o que tinha acontecido e a maresia aumentando. Afundou tudo", relata uma das passageiras. Ela ainda afirma que é possível que muita gente ainda esteja presa na lancha, que afundou por completo. Aos prantos, ela conta que não conseguiu salvar uma pessoa.
"Eu fui uma das últimas a me jogar, não tive tempo de colocar o colete. Quando eu me joguei (na água), uma mulher me puxou por aqui (pelo pescoço). Tentei puxar..", diz, lembrando do ocorrido.
Embarcação teria virado rápido
“Foi rápido que ela emborcou para o outro lado”. A afirmação foi feita, nesta quinta-feira (8), por Edinelson Ribeiro, 43 anos, sobrevivente do naufrágio da embarcação em Cotijuba. Segundo ele, o acidente foi causado por um problema no eixo da embarcação. “....O comandante foi lá. Mandou todo mundo ter calma. Ele não teve culpa”, contou.
E acrescentou: “Quando ele viu que o problema foi no eixo, ele falou: ‘pessoal, respira fundo e calma’. E começaram a pegar os coletes salva-vidas. Colete tinha bastante. Eu fiquei sentado lá na minha janela. Só que, na parte de sair, como começou a encher rápido a água lá atrás, o pessoal foi tudo pra frente.... Só que não deu tempo. Foi rápido que ela emborcou para o outro lado”.
Edinelson disse que os passageiros que estavam na parte da frente da embarcação foram caindo uns em cima dos outros. “Quando ela virou....foi rápido. Eu saindo pela janela...”, contou ele, mostrando um machucado no peito. “Fico triste. Tem sete corpos. Chegaram mais dois corpos. Apareceram lá na praia. A lotação veio 74 pessoas só. Não veio 130 pessoas. Realmente foi uma fatalidade. Crianças faleceram. Não saíram (da embarcação). Não teve como salvar”.
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