Mãe atípica fala do amor incondicional pela filha com Síndrome de Down
A Castanhalense Cleide Paiva tem uma história de muitas lutas e de muitas alegrias como qualquer mãe.
Há 23 anos, Cleide Paiva, de 54, se tornou a mãe da Isabelle. A gestação chegou para mudar totalmente a rota e os planos da vida da pedagoga, que estava de malas prontas para se mudar para o Japão. Isabelle nasceu com Síndrome de Down e no começo não foi fácil para a mãe entender como cuidar de uma bebê tão especial, mas o amor incondicional fez com que ela assumisse a tarefa com muita sabedoria. A mãe da Isabelle até se tornou presidente da Associação de Mãos Dadas Cromossomos 21.
“Quando recebo ligações e mensagens de mães desesperadas que não entendem como cuidar de uma criança com deficiência, eu digo para ter calma. Sei que não é fácil, mas indico o melhor caminho e a forma como aquela mãe tem que proceder”, destaca Cleide Paiva.
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Os desafios da maternidade atípica não são tão diferentes dos encontrados pelas mães não atípicas. Para Cleide a função de mãe não muda nunca. “Mãe é cuidar, amar, se aborrecer, sorrir, chorar e todas nós passamos por isso”, disse.
A mãe atípica vai à luta e é dessa forma que Cleide conduz a maternidade. “Há 23 anos não sabíamos e nem tínhamos os entendimentos que hoje temos. Eu sendo uma mãe solo como muitas nesse país, fui em busca do que era melhor para a Isabelle e dessa forma abrindo caminhos para outras mães atípicas também terem o direito de seus filhos garantidos”, contou.
Isabelle também é uma grande ativista das causas das pessoas com deficiência. Está sempre nas caminhadas e, ao lado da mãe, nas campanhas realizadas não só em Castanhal.
A jovem é doce, carinhosa e dona de uma grande sensibilidade por artes. A dança é a preferida. “Ela assistia vídeos de danças indianas e repetia os passos. Hoje ela faz apresentações de dança em vários eventos, não só em Castanhal, e até em um evento da Assembleia Legislativa”, contou Cleide, que recentemente também passou a se apresentar com a filha.
“Fazemos um dueto. Uma canção chamada 'Eu e você', da cantora Ana Cristina, que a Isabelle descobriu assistindo ao programa do Raul Gil. Essa cantora se apresenta com a filha e a Isabelle assim que viu me chamou e disse que queria também. Então essa canção se tornou muito especial e fala do amor entre mãe e filha que nós a traduzimos em libras na nossa apresentação”, contou a mãe da Isabelle.
Mimos de filha única e o trabalho materno
Como toda filha única, Isabella é bastante mimada, principalmente pelo padrasto Ricardo. Cleide conta que para a mãe sempre sobram as tarefas mais chatas de dar as medicações, colocar para tomar banho e encerrar as brincadeiras e que por isso o pai fica parecendo o mais legal.
“Eu sou a que chama a atenção, que fica no pé dela para tomar os remédios, coloca para tomar banho, para comer, e o Ricardo, não. Ele mima muito e faz todas as vontades. Eles estão toda hora brincando e rindo um com o outro como se fossem duas crianças. Mas tudo isso faz parte da maternidade (risos), mãe é sempre chata porque cobra mais do filho”, disse Cleide Paiva.
Gratidão
Todo o trabalho, luta e cansaço do dia a dia de uma mãe são recompensados com um simples sorriso do filho, um toque ou um olhar. Isabelle é assim. Uma menina muito meiga e que nem precisa falar uma só palavra para transmitir o amor pela mãe. Isabelle é o retrato da mãe.
“Eu só sou mãe porque a Isabelle nasceu. E por isso sou muito grata a Deus. Também sou uma mãe igual a todas as outras não atípicas que se preocupa com o bem-estar do filho. À noite, quando vou dormir e vejo que ela está lá no nosso quarto dormindo em paz, eu agradeço a Deus porque nesse mesmo momento existem tantas mães chorando por não saberem por onde anda o filho e a minha está dormindo pertinho de mim”, finaliza Cleide Paiva, mãe orgulhosa de Isabelle.
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