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Mãe da skatista 'Pimentinha' treina junto com a filha em Ananindeua, no Pará

Recentemente, um vídeo viralizou nas redes sociais, mostrando a mãe segurando as mãos da menina enquanto ela tentava fazer uma manobra de skate. Essa cena rodou o mundo, destacando a cumplicidade e confiança entre as duas

Fabyo Cruz

Uma mãe é capaz de ultrapassar seus próprios limites em busca do melhor para seu filho. Um exemplo disso são os esforços da recicladora Rosa Oliveira, de 55 anos, em prol de sua filha Maria Vitória Santos, de 9 anos, que moram no bairro Icuí-Guajará, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém (RMB). Recentemente, um vídeo viralizou nas redes sociais, mostrando a mãe segurando as mãos da menina enquanto ela tentava fazer uma manobra de skate. Essa cena foi compartilhada internacionalmente, destacando a cumplicidade e confiança entre as duas. No entanto, os cuidados de Rosa com o bem-estar de Maria, também conhecida como "Pimentinha" entre os amigos, vão muito além da prática esportiva. Elas treinam juntas.

image Rosa Oliveira diz que um dos momentos mais inesquecíveis ao lado da filha foi quando Pimentinha ficou entre as oito maiores skatistas do Brasil, em sua categoria, no campeonato brasileiro 2023, disputado em Belém (Everaldo Nascimento/O Liberal)

Quando não estão nas pistas de skate do bairro Curuçambá, localizado na mesma cidade onde residem, mãe e filha realizam os treinamentos dentro de casa. Devido à distância para a pista, a residência da família tem sido onde a pequena treina com maior frequência, sempre com o auxílio da mãe. “Ela tem muita confiança em mim, porque para ela fazer uma manobra aqui, é só quando eu estou por perto, quando não estou, ela não faz. Ela diz: ‘mamãe, fique lá pelo menos me olhando para me ver fazer o flip (manobra)’. Se não der para eu ver, ela se contenta e para”, disse a mãe. 

No lar da menina, alguns espaços foram adaptados pela genitora para favorecer o desempenho de Pimentinha no esporte. Rosa amarrou cordas no teto da casa para que a filha pudesse se apoiar enquanto treina novas manobras. Dessa forma, o suporte evita que a pequena skatista possa cair e se machucar durante o treinamento. Pequenos obstáculos também foram improvisados pela mãe para fazer aumentar a altura dos pulos da menina no skate - manobra chamada “ollie”. Antes de tudo, Rosa sempre exige que a filha use os equipamentos necessários para a segurança física, como capacete, cotoveleiras e joelheiras.  

image Para os treinamentos da filha, Rosa amarrou cordas no teto da casa para que Pimentinha pudesse se apoiar enquanto treina novas manobras (Everaldo Nascimento)

O mesmo empenho que a genitora tem para ver a filha crescer no esporte é o que ela tem para ver Maria Vitória com educação. Nos dias úteis, Rosa acorda cedo para preparar o café da manhã para os filhos e levar Pimentinha para a escola. Enquanto a filha está no colégio, a mãe vai à feira e faz as compras necessárias para o almoço. Depois disso, ela retorna ao colégio para buscar a menina, e só depois dos compromissos escolares é que a pequena atleta pode se dedicar ao skate. Para trazer o pão de cada dia para dentro de casa, Rosa compra materiais usados que podem ser reciclados e reaproveitados para revender, tais como bonecas. Elas passam por limpeza, pintura e são comercializadas a preços acessíveis, fazendo com que famílias que não têm condições de comprá-las em lojas de brinquedos, possam adquiri-las e presentear seus filhos.

image Devido à distância para a pista de skate do Curuçambá, a residência da família tem sido o local onde a pequena treina com maior frequência (Everaldo Nascimento/O Liberal)

Para Rosa, um dos momentos mais inesquecíveis ao lado da filha foi quando Pimentinha ficou entre as oito maiores skatistas do Brasil, em sua categoria, no campeonato brasileiro 2023, disputado em Belém. “Eu nunca vou esquecer do campeonato brasileiro do ano passado. Caiu no dia 16 de dezembro de 2023, justamente no dia do meu aniversário. Esse foi o presentão que ela me deu, ficando entre as oito melhores do país no primeiro ano que ela disputou a competição”, lembrou Rosa Oliveira. Entretanto, o início da jornada no skate não foi só marcado por bons momentos, conta a mãe. Por ter crise de asma, Pimentinha passou maus bocados, em 2022, quando estava alojada em uma residência no Curuçambá, onde realizava treinamentos de skate.

“Ela teve uma crise de madrugada, por volta das 2h, eu solicitei ajuda naquele momento, mas no Curuçambá as pessoas têm medo de sair de casa por medo da violência. Eu tive que ficar com ela a noite inteira, passando gel nas costas dela, a abanando, até amanhecer para levá-la ao médico. Esse foi o momento crítico que nunca esqueço”, contou Rosa Oliveira. A mãe confessa que seu maior medo é perder a filha: “Estou com uma certa idade, e a minha filha é nova, tenho medo de um dia faltar, sabe, e ela ser pequena e não ter ninguém para cuidar dela. Sou mãe e pai também, assim como muitas outras mães que cumprem esses dois papeis ao mesmo tempo. Só temos uma a outra”. 

Pimentinha é tão apagada pela mãe, que também tenta ensiná-la a andar de skate. “Ela é meu tudo! Com ela não tenho medo de treinar, pois sinto confiança em tentar uma manobra nova. Agora também estou ensinando ela a andar de skate. Ela já anda bem!”, certificou a brilhante pequena skatista. A mãe diz que vai subir no skate quantas vezes for preciso para incentivá-la, mesmo com medo de cair, e como Rosa Oliveira mesma diz: “É preciso cair quantas vezes for preciso para aprender”. 

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