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Mães atípicas de Castanhal comemoram a lei estadual que cria o dia especial para elas

No município no nordeste paraense será realizada uma grande caminhada como parte das comemorações

Patrícia Baía
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O Pará agora conta com um dia especial dedicado a reconhecer as mães que criam filhos com deficiências, transtornos ou condições de saúde específicas: o Dia da Mãe Atípica, instituído pela Lei nº 10.744.

A data escolhida para a comemoração é 30 de novembro. Segundo a lei, o Dia da Mãe Atípica tem como objetivo homenagear e valorizar as mães que enfrentam desafios únicos na criação de seus filhos. Considera-se mãe atípica a mulher e/ou cuidadora responsável por filhos que precisam de cuidados específicos devido a condições como deficiência, síndromes, transtornos, doenças raras, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno de Déficit de Atenção (TDA), dislexia, entre outros.

Em Castanhal, nordeste do Pará, será realizada uma grande caminhada em celebração ao Dia da Mãe Atípica. A 1ª Caminhada Inclusiva das Famílias Atípicas de Castanhal terá o tema “O que queremos? Castanhal Inclusiva, Acessível e Sustentável” e começará às 8h na praça da Matriz de São José.

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A Castanhalense Cleide Paiva tem uma história de muitas lutas e de muitas alegrias como qualquer mãe.

Para Nayara Cunha, pedagoga e mãe de Kauã, de cinco anos, que tem autismo, a criação desse dia representa um avanço na luta das mães de filhos com deficiência. “É onde nós vamos poder ser mais assistidas e ouvidas de uma forma bem direcionada realmente na nossa realidade. No dia das mães a gente não consegue, de modo geral, trabalhar a nossa realidade. E nesse Dia da Mãe Atípica nós vamos conseguir. E quem sabe a partir dessa data não surjam políticas públicas, grandes projetos ou núcleos de apoio que é tudo que nós precisamos. E eu sempre digo que qualquer conquista na inclusão, mesmo que as pessoas achem significante ou pequena, para mim é uma conquista grande”, afirmou Nayara.

Ela também destacou que a maternidade atípica muitas vezes é romantizada pela sociedade, e que é necessário romper com esses estereótipos. “Precisamos desromantizar algumas coisas como 'Deus dá filhos especiais para mães especiais', que as mães atípicas são 'guerreiras e vencedoras' porque todas as mães são.  A única diferença é que nós temos uma sobrecarga nas nossas demandas em relação aos nossos filhos e é tão grande que nós não temos tempo de cuidar de nós mesmas”, explicou.

Moni Lopes, publicitária e mãe de Asaf Ben Lopes, autista de 15 anos, acredita que deveria haver também o Dia da Família Atípica. “Nunca é só a mãe. Claro que a mãe é sempre o centro da vida dessa criança, mas nunca é só ela. A contribuição para que o Asaf seja o que ele é hoje é muito do meu esposo porque eu nunca caminhei sozinha. Tivemos sempre a ajuda também dos avós e dos primos. Mas essa lei é louvável. Porém, eu sempre falo que a família toda se envolve e precisa entrar em cena para todos serem olhados”, disse Moni.

Cleide Paiva, mãe de Isabelle, de 23 anos, que tem Síndrome de Down e autismo, ressaltou que a lei evidencia a falta de políticas públicas para pessoas com deficiência. “As estatísticas nos mostram que 70% de pais acabam abandonando seus filhos com deficiência e os pais que permanecem deixam de cuidar acaba ficando na responsabilidade da mãe. A lei buscou reconhecer e tornar visível a sociedade que nós mães atípicas enfrentamos um sistema que não anda favorável aos nossos filhos e a nós mães. A lei mostra a falta de políticas públicas direcionadas a esse público alvo e não vejo como uma desvalorização dos pais que ficaram ao lado dos filhos”, destacou Cleide, pedagoga especializada em educação inclusiva com ênfase em surdez e libras.

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