Saiba quais são as seis praias mais perigosas do Pará
Características naturais de algumas praias paraenses fazem delas mais perigosas do que outras, segundo estatísticas dos Bombeiros dos últimos cinco anos
O Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA) alerta para os riscos de afogamento nas praias do Estado. Este ano, pelo menos cinco casos foram registrados, com destaque para a fatalidade do último dia 5 de janeiro, na praia do Paraíso, em Mosqueiro, distrito de Belém, que vitimou três pessoas. Características naturais de algumas praias paraenses fazem delas mais perigosas do que outras, segundo estatísticas da corporação dos últimos cinco anos.
A praia do Paraíso está entre as praias mais perigosas do Pará, junto a outros ambientes dos distritos de Outeiro, Mosqueiro e Cotijuba, em Belém, além do município de Salinópolis, nordeste do Pará. Segundo o major Leonardo Sarges, do CBMPA, especialista em salvamento aquático e mergulho de resgate, as praias mais perigosas são as chamadas “praias de tombo”, aquelas que apresentam uma inclinação que vai se aprofundando para dentro d’água.
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“As praias mais perigosas são as ‘praias de tombo’, com características morfológicas naturais de ter um declive, ou seja, um plano inclinado. Essa inclinação vai se aprofundando para dentro da água. Quando a maré enche, o volume de água faz com que a a diferença de altura seja considerável e o banhista tenha dificuldade ou mesmo não consiga atingir o fundo com a sua própria altura”, explica.
Mas não só as “praias de tombo” que fazem vítimas no Estado. “Com a grande variedade de tipos de praia que existem no Pará - praias de rio, de oceano, que sofrem interferência direta da maré e as que sofrem a influência sazonal da maré -, os índices também são registrados em outros ambientes, como as praias mistas e até as que não apresentam variação no solo, devido a algumas características particulares”, completa o major.
O CBMPA contabilizou 231 casos de afogamentos no Pará somente no ano passado. Em 2022, os Bombeiros registraram um aumento de 78 casos de afogamentos em comparação a 2021, que foi de 158. Entre os últimos quatro anos, 2020 contabiliza o maior número de mortes por afogamentos no Pará. Foram 246 casos. 2019 foram 167 afogamentos no estado.
Cotijuba: Praia do Vai Quem Quer
Uma das 11 praias localizadas no distrito de Cotijuba, em Belém, é considerada a praia mais perigosa do Pará. A Praia do Vai Quem Quer, uma das mais procuradas da ilha, tem também os maiores índices de afogamento. A área foi cenário da maior tragédia de 2022 no Pará, o naufrágio da embarcação Dona Lourdes II, no dia 8 de setembro. 23 pessoas morreram, sendo 13 mulheres, seis homens e quatro crianças. A praia de água doce carrega as características de “praia de tombo” e é marcada pelas fortes correntezas.
“Um dos pontos cruciais para o alerta no Vai Quem Quer é a ‘corrente de retorno’ que existe nela. Esse processo ocorre quando as ondas atingem a praia e jogam a água da margem de volta para o mar com a força da correnteza. Essa é uma das causas do afogamento. Se cair em uma ‘corrente de retorno’, o banhista deve nadar para o lado paralelo à praia e não tentar enfrentar a maré”, conta o especialista.
Mosqueiro: Praias do Carananduba, Paraíso e Marahu
Em Mosqueiro, três das 15 praias de água doce são alvo do alerta dos Bombeiros: Carananduba, Paraíso e Marahu. A praia de Carananduba é considerada praia mista - aquela que tem pequenas declives no solo, mas depois fica plana. Um pequeno igarapé formado na lateral da praia é apontado como motivo para os índices de afogamento registrados na região.
“Quando a maré da praia enche, ela toma conta de todo o ambiente, inclusive do igarapé, aumentando o volume de água dele. O perigo ocorre na vazante da maré - período entre o preamar e baixa-mar, quando a maré diminui -, porque quem está no igarapé pode ser arrastado pela correnteza e não conseguir ter forças para voltar”, diz o profissional.
Já as praias do Paraíso e Marahu carregam características similares: são praias sem enseadas que protejam a incidência direta das ondas. No caso da Praia do Paraíso, ela é marcada por uma ilha de pedra, que, quando a maré está baixa, pode ser atravessada a pé: “Foram registrados inúmeros acidentes por causa da ilha de pedra, formada na maré baixo. O risco ocorre quando a maré enche, porque os banhistas não conseguem voltar”.
Outeiro: Praia da Brasília
Apesar da Praia Grande, em Outeiro, ter a maior concentração de banhistas por metro quadrado do Pará, segundo os Bombeiros, é outra praia do distrito que lidera os registros de afogamento. A Praia da Brasília é uma praia mista e tem uma especificidade na localização: pode ser acessada pelo trapiche do bairro.
“Ocorre que as pessoas usam o trapiche como ponte para pular na água. Nessa área, para a construção do porto, a praia precisou ser escavada, o que gerou uma profundidade maior naquela região. Quando a maré está alta, a altura para o trapiche é menor, então as pessoas se sentem encorajadas a pular, mas quando a maré baixa, a altura aumenta e muitas pessoas se afogam”, diz.
Salinópolis: Praia do Atalaia
Em Salinópolis, os registros de óbito por afogamento ocorrem na populosa Praia do Atalaia. Diferente das outras praias, com característica de “praia de tombo” ou mistas, a Praia do Atalaia é uma praia rasa, sem variação no plano de solo, mas “valões” naturais do ambiente acabam causando acidentes que podem ser fatais.
“Os ‘valões’ são buracos que ficam dentro da água. No Atalaia tem dois ‘valões’. Com a maré cheia, esses ‘valões’ são cobertos e ficam mais fundos, além da correnteza forte. O risco é as pessoas caírem nele, não conseguirem retornar e serem arrastadas pela correnteza”, conclui.
Recomendações
- Atender às orientações do profissional Salva-Vidas
- Procurar manter a água sempre na altura do ouvido
- Não nadar se afastando da praia e sim paralelamente
- Não utilizar colchões infláveis e boias, que evitem a noção da distância do corpo para o fundo
- Jamais deixar crianças sozinhas na água e manter com elas sempre a distância máxima de um braço
- No banho, não pular de cabeça em nenhum ambiente - praias, rios, igarapés, piscinas, etc
- Não ir para água desacompanhado
- Usar colete Salva-Vidas
- Na ausência do profissional Salva-Vidas, acionar Bombeiros pelo 193
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