Grupo de apoio em Belém oferece acolhimento e suporte entre mães

Entenda como a troca de experiências proporciona uma rede de apoio entre mulheres

Eva Pires

A troca de experiências e o apoio mútuo entre gestantes foram os pilares que deram origem ao grupo "Meninas do Grupo Menor", em Belém. A iniciativa surgiu diante de uma realidade cada vez mais compartilhada por mulheres: o isolamento vivenciado na maternidade. Segundo a integrante Andressa Botelho, de 31 anos, o maternar é um período repleto de transformações, medos e desafios. Para ela, ter o acolhimento de outras mulheres nessa fase é essencial.

Mesmo após o nascimento dos bebês, ao integrar a rede de apoio das participantes, o grupo com 13 mães continua e fortalece laços entre elas, destacando a importância do senso de comunidade e pertencimento entre mulheres nessa etapa da vida. Seja por trocas no WhatsApp ou encontros presenciais em datas comemorativas, elas compartilham angústias e descobertas sobre a maternidade, cuidado com as crianças, além da vida pessoal e profissional.

A importância da troca e acolhimento entre mães

imageMulheres e crianças do grupo de apoio entre mães se reúnem em Belém (Foto: Cristino Martins | O Liberal)

Como mãe de primeira viagem, o grupo foi a principal rede de apoio para a estudante Andressa Botelho. Durante a gestação e o primeiro ano de vida de Laura, sua filha de dois anos, a escuta e apoio de outras mães que viviam os mesmos processos foram indispensáveis para que ela não se sentisse isolada.

"Quando um bebê vem ao mundo, o teórico e só o teórico a partir do que se vivencia. Com as mudanças emocionais e na rotina, por um momento você acha que é a única passando por tudo aquilo. Quando eu lia o grupo, via mulheres vivendo essa experiência de forma muito parecida. Eu me sentia compreendida e acolhida. E no meio da solidão que eu senti nos primeiros meses após o nascimento da minha filha, essa rede de apoio amenizou muito os impactos. A partir daquele novo cenário eu fazia programações e era inserida socialmente", relata.

"Ter pessoas que te acolhem, entendem e que vivem o mesmo processo é de um conforto muito grande. É diferente das outras relações. É o se sentir inserida com a minha filha e a minha família. No grupo, elas queriam falar das mesmas coisas que eu, era como se só elas me entendessem. Então me mantenho ali por todo o suporte e tem sido muito bom partilhar, agora com amigas, desta nova fase da minha vida como mãe", completa.

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Encontros e trocas para além do maternar

A estudante conta que "o grupo surgiu a partir de um grupo maior de plano gestacional de fisioterapia pélvica. Criamos um menor para organizar a despedida de uma mãe que estava de mudança para outro estado. A partir daí, ele se manteve espontaneamente e novos encontros foram se organizando. O próximo encontro será uma sessão de fotos especial de dia das mães com um piquenique", relembra.

Inicialmente, a troca de informações sobre parto, puerpério, rotina, sono e amamentação foram fundamentais para auxiliar na maternidade. Com o passar do tempo, apesar do foco ser mantido, naturalmente outros assuntos foram inseridos, como sexualidade e o "retorno" da individualidade destas mulheres.

Andressa menciona, ainda, que o acolhimento que o grupo proporciona se estende para toda a família. "Os pais e avós participam também. Assim, todo mundo acaba se conhecendo e os encontros acabam sendo de famílias. São pais inseridos e participando deste contexto que ainda é muito materno, tentando fazer diferente e unindo suas experiências, em um espaço em que todo mundo se entende, se ajuda e colabora. É sobre fazer parte e também ser suporte", conclui.

O papel da comunidade para a saúde mental na maternidade

"É preciso de uma aldeia para criar uma criança". É o que diz um famoso provérbio africano, muito propagado em comunidades educacionais, destacando que a responsabilidade de criar um indivíduo não é apenas da família nuclear, mas é compartilhada por toda a sociedade.

Para a psicóloga e professora Jéssica Pingarilho, os grupos de apoio criam um ambiente seguro no qual as mulheres podem se apoiar mutuamente tanto na jornada da criação de suas famílias quanto no processo contínuo de manter sua identidade individual além do papel de mãe.

"A abertura desses espaços de troca de experiência, bem como de escuta psíquica, possibilita a restituição do lugar de sujeito para essas mulheres, que são atravessadas pela experiência da maternidade, criando também novas perspectivas para suas crianças. Auxilia também a amenizar as angústias ou sensação de solidão, encontrando acolhimento para falar abertamente sobre os sentimentos complexos e contraditórios que a maternidade pode gerar. Proporcionar um espaço para que essas mulheres possam falar sobre si mesmas, além de responder a esse lugar da mãe - que dá conta, que é guerreira e deve aguentar sem reclamar de suas dificuldades e angústias - funciona como um momento de cuidado e uma rede de apoio", pondera.

Eva Pires (estagiária sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)

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