Enem 2022: Pará tem aumento de 51% em presos que vão fazer as provas neste ano

No estado, houve aumento 116% do acesso à educação para pessoas privadas de liberdade entre 2019 e 2022

Victor Furtado, com informações da Seap
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No Pará, 2.574 pessoas privadas de liberdade (PPL) vão fazer o Enem 2022. Isso representa um aumento de 51% em relação ao número de presos inscritos no exame em relação a 2021, que teve 1.707 candidatos. As provas serão em janeiro do ano que vem. Os dados são da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), que refletem o aumento de apenados do sistema prisional paraense em alguma modalidade de educação.

Entre 2019 e 2022, o Pará teve um aumento de 116% na participação de projetos educacionais. Atualmente, 1,7 mil apenados estão em alguma modalidade de educação regular dentro das unidades prisionais. Alguns estão em alfabetização, outros estão concluindo o ensino fundamental e uma parcela dos presos está fechando o ensino médio. Ou seja, quase metade dos inscritos no Enem PPL 2022 do estado está no final do ensino médio ou já concluiu.

A maioria dos estudantes apenados está na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), com 1,4 mil presos. Em relação a essa modalidade, o ensino fundamental está presente em 33 unidades prisionais das 41 do Pará. O ensino médio está em 21 unidades. Há ainda 200 internos sendo alfabetizados. Dentre a população carcerária do estado, 135 pessoas privadas de liberdade já estão no ensino superior sob custódia da Seap.

“Os números vêm aumentando muito. A gente conseguiu fazer com que as pessoas privadas de liberdade se interessassem pela educação e entendessem a importância dos estudos. Estamos conseguindo prepará-los para que no dia que saírem das unidades prisionais tenham uma nova vida e sigam com os estudos, o que muitos deles quando entraram não tinham isso em mente. A ressocialização tem a base nas transformações que a educação proporciona”, pontua. Patrícia Sales, coordenadora de Educação Prisional da Seap.

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Presos do Pará acreditam na educação para mudar de vida

Há quase um ano, o interno R. J., de 43 anos, é aluno do curso de Tecnologia de Gestão Ambiental, do Ensino Superior em EAD (Educação a Distância) no Centro de Recuperação de Condenados de Icoaraci (CRCI). Ele é um dos 135 presos do Pará que estão cursando o ensino superior.

“Quando sair do cárcere, busco ser outra pessoa e já ter qualificação para procurar trabalho, recomeçar a minha vida. Encontrei na faculdade algo que vai me garantir um futuro fora daqui, que é o estudo. Se você não tiver estudo, não chega a lugar nenhum. E poder entender melhor o meio ambiente, que deve ser uma preocupação de todos, é muito importante”, ressalta o interno R. J..

M. S. é um dos estudantes de EJA. Ele ficou longe das salas de aulas por quase 30 anos. O interno ressalta o quanto a sua vida mudou há um ano, desde que participa das atividades educativas. “Minha vida mudou com a educação. Me sinto muito feliz por ter essa oportunidade. Quero continuar desenvolvendo e aprendendo lá fora. Pra mim e pros meus amigos do cárcere é muito gratificante poder colocar a cabeça para pensar. É uma benção. Erramos, estamos pagando os nossos erros, e queremos sair daqui melhores”, disse.

E. M., de 56 anos, um dos internos alunos da alfabetização no CRCI. Os estudos começaram há um ano. “Já consigo ler e já sei escrever um pouco. Muito bom que a educação seja base para a minha ressocialização. Minha cabeça está se abrindo para o conhecimento desde que aprendi a ler os livros, consigo ter um outro olhar pra vida”, diz.

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image No Pará, mais de 1,7 mil custodiados estudam em alguma modalidade de ensino, sendo a EJA a com mais alunos privados de liberdade (Thiago Gomes / O Liberal / Arquivo)

Professor de unidade prisional em Icoaraci partilha experiência de ensinar no cárcere

O professor Jasper Turan, que atua com a EJA, no CRCI, reforça que as aulas dentro das unidades prisionais, embora tenham muitas peculiaridades, especialmente, sobre a segurança, são gratificantes para os profissionais envolvidos, que buscam criar um espaço de oportunidade, de diálogo e de reflexão.

“Trazer as salas de aulas para dentro da penitenciária é um desafio e precisamos otimizar ao máximo os nossos encontros. Lá fora trabalhamos com a prevenção e aqui dentro com a remediação. Temos relatos de alunos que estão fazendo faculdade, que estão trabalhando. Esse é o grande fruto do nosso trabalho, saber que novas oportunidades foram abertas e novas escolhas foram feitas para o bem do interno e da sociedade”, conta o professor.

Na unidade, há um projeto de estímulo à leitura chamado "Arca da Leitura". que conta com mais de 1,7 mil livros disponíveis para estudos e leitura de entretenimento dos presos.

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