Presidente da Shell no Brasil vê potencial na Margem Equatorial e cita Guiana: 'PIB cresceu'
Cristiano Pinto da Costa defendeu a abertura de novas fronteiras exploratórias brasileiras
O presidente da Shell no Brasil, Cristiano Pinto da Costa, afirma que a petroleira pretende expandir suas operações no Brasil nos próximos anos, com novos projetos de exploração e produção de petróleo e gás natural, próprios ou em parcerias, além de mirar a transição energética nas áreas de energias renováveis e investimentos em biocombustíveis. Ele também defende a abertura de novas fronteiras exploratórias brasileiras, como a Margem Equatorial, no Norte, onde há blocos aguardando liberação dos órgãos ambientais para pesquisas. As declarações foram dadas em entrevista ao portal Poder 360.
Segundo Cristiano Pinto da Costa, a Shell acredita no potencial geológico da Margem Equatorial. Ele cita como exemplo a Guiana, onde as receitas bilionárias do petróleo passaram a turbinar o PIB (produto interno bruto - soma de todos os bens e serviços finais produzidos) do país desde 2019. Para se ter uma dimensão, levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta que o país saiu de um PIB de US$ 5,17 bilhões (R$ 27,7 bilhões) em 2019 para US$ 14,7 bilhões (R$ 68,2 bilhões) em 2023.
VEJA MAIS
"Olhando o que está acontecendo na Guiana, que teve crescimento de PIB de 58% no ano passado por causa do desenvolvimento da indústria de exploração e produção, no Suriname e na costa da África, que é tudo parte da Margem Equatorial também, a indústria acredita nesse potencial geológico e a Shell corrobora com essa visão”, declarou Cristiano Pinto da Costa.
Para ele, conceder a licença para pesquisas na região será “uma das decisões mais estratégicas na área de energia" que o atual governo precisa tomar. O presidente da Shell defende a liberação dos poços exploratórios e os testes na região. "Depois decide se quer investir ou não para gerar e monetizar as receitas desse potencial geológico. Mas isso precisa ser feito com celeridade, porque a janela de oportunidade pode fechar", avalia, ressaltando que "os grandes atores internacionais estão olhando para os outros países: Guiana, Suriname, Namíbia, que são bacias exploratórias novas que estão atraindo bastante a atenção do investidor internacional”, acrescentou.
Segunda maior produtora de petróleo do Brasil, a Shell opera no país há 111 anos e produz mais de 400 mil barris diários, perdendo apenas para a Petrobras.
Margem Equatorial
A chamada Margem Equatorial abrange, no Brasil, abrange cinco bacias em alto-mar, entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. Uma delas é a bacia da Foz do Amazonas, localizada nos Estados do Amapá e do Pará. Apesar do nome, o primeiro poço que a Petrobras pretende perfurar nessa região fica a mais de 160 km do ponto mais próximo da costa do Amapá e a mais de 500 km da foz do Rio Amazonas. Além dessa distância na superfície, a perfuração está prevista para ocorrer a cerca de 2.880m de profundidade de lâmina d'água, segundo informações divulgadas pelo empresa.
Em maio do ano passado, o pedido de licença para perfurar poço de petróleo no litoral do Amapá foi negado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A Petrobras reapresentou o pedido, que segue em análise no Ibama.
Na chamada Margem Equatorial, tem ainda a Bacia Pará-Maranhão, localizada nos dois estado; a Barreirinhas, localizada no Maranhão; a Ceará, localizada no Piauí e Ceará; e Potiguar, localizada no Rio Grande do Norte.
'Vamos explorar'
Na última sexta-feira (21.06), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista a uma rádio do Maranhão, afirmou que o Brasil não vai deixar de pesquisar a região chamada de Margem Equatorial e afirmou que a Petrobras tem competência necessária para fazer tudo respeitando o meio ambiente. "O Brasil não vai deixar de certificar. Porque, por enquanto, não é explorar. O que nós queremos é fazer um processo de medição pra gente saber se tem e qual a quantidade de riqueza que tem lá embaixo", disse.
“Quando você fala da Margem Equatorial, as pessoas pensam: ‘mas, é perto da [floresta] Amazônia’. É o seguinte: é a 575 km da margem do Amazonas. Ou seja, uma distância enorme e a gente vai ter que, primeiro, certificar como vai explorar e quais são os cuidados que devemos ter”, acrescentou.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA