Portos do Pará exportam mais de 50% da soja e do milho brasileiros, aponta AMPORT
A associação ainda afirma que a capacidade dos portos do Arco Norte deve dobrar nos próximos cinco anos
Os portos do Pará consolidaram em 2024 uma posição de destaque no setor aquaviário brasileiro, impulsionados por avanços expressivos em movimentação de cargas e investimentos em infraestrutura. Dados divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) mostram que o Porto de Vila do Conde, em Barcarena, registrou o maior crescimento entre os principais portos públicos do país, com uma alta de 37,37% em relação ao ano anterior. Em outubro, foram movimentadas 1,6 milhão de toneladas de cargas no terminal, que liderou em variação positiva no Brasil.
O desempenho do Porto de Vila do Conde superou portos como o de Santos, em São Paulo, que cresceu 5,7%, e o de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, com alta de 21%. Este resultado coloca o Pará em evidência no cenário nacional, reafirmando sua importância logística e econômica.
Exportações pelo Arco Norte lideram mercado
Os portos paraenses também desempenharam um papel crucial nas exportações de milho e soja pelo Arco Norte, região que respondeu por 39% do total dessas commodities exportadas pelo Brasil entre janeiro e outubro de 2024. Desses, 59,4% passaram pelos portos do Pará e Amazonas, com o milho representando 80% da movimentação.
O diretor-presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (AMPORT), Flávio Acatauassú, destacou a resiliência dos portos do Arco Norte, mesmo diante de uma seca histórica em 2024. “Somos resilientes e estamos preparados para crescer ainda mais. Nossa região é naturalmente vocacionada para a navegação fluvial, com investimentos constantes em infraestrutura e sustentabilidade”, afirmou.
Ainda segundo Acatauassú, a capacidade instalada na região é de 52 milhões de toneladas, com projetos em andamento para dobrar esse volume nos próximos cinco anos, permitindo o embarque de até 100 milhões de toneladas de grãos. “Estamos nos modernizando para atender à crescente demanda e consolidar nossa competitividade”, explicou.
Impacto econômico e projeções para 2025
Para 2025, a AMPORT projeta a manutenção do crescimento dos portos do Arco Norte, com investimentos significativos nas rotas Porto Velho-Itacoatiara e Miritituba-Barcarena, consideradas estratégicas para a movimentação de grãos. Entre as principais iniciativas estão expansões operacionais e melhorias em acessos rodoviários e hidroviários, além do avanço no projeto Ferrogrão, que integra a logística fluvial à malha ferroviária, contribuindo para a descarbonização da cadeia produtiva.
Outro ponto destacado por Acatauassú é o impacto positivo no desenvolvimento regional, com geração de empregos, aumento na arrecadação de impostos e melhoria nos índices de desenvolvimento humano (IDH). Segundo ele, “a expansão dos portos é uma oportunidade para aliar crescimento econômico e sustentabilidade”.
Avanços e desafios no setor privado
O setor privado também teve destaque em 2024, especialmente com a movimentação de bauxita, que cresceu 9,5% no Pará, liderada pelos terminais de Trombetas e Juruti. Murillo Barbosa, presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), ressaltou a relevância do estado na logística de escoamento de commodities. “O Pará é estratégico para as exportações brasileiras, com redução de custos logísticos e menor pressão sobre os portos do Sul e Sudeste”, afirmou.
Para 2025, a ATP projeta um aumento de 1% na movimentação portuária no estado, apesar das quedas observadas em 2024 nas exportações de soja (-10%) e milho (-2%). A associação também enfatiza a importância de novos investimentos em infraestrutura, como ampliações na malha rodoviária e hidroviária, para superar desafios e consolidar a competitividade do Arco Norte frente aos portos do Sul e Sudeste.
Sustentabilidade e futuro
O compromisso com a sustentabilidade foi apontado como um diferencial estratégico para o crescimento dos portos paraenses. Projetos como o Ferrogrão e as melhorias na infraestrutura regional vêm sendo planejados para alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, contribuindo para uma logística mais eficiente e menos impactante.
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA