Novo aumento na taxa Selic deve reduzir negócios no setor imobiliário do Pará

Impactos estimados passam por encarecimentos e COP 30, entenda

Maycon Marte
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O Comitê Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou para 14,25% ao ano a Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), taxa básica de juros que influencia as demais taxas de juros do mercado. A medida anunciada na quarta-feira (19) preocupa o mercado imobiliário paraense, que teme um crédito mais caro, queda nas vendas e atraso em novos projetos, conforme projeções do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) em Belém. O segmento já vive um cenário de preços elevados devido à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), prevista para novembro, em Belém.

Segundo a diretora de comunicação do conselho, Claudia Craveiro, e o corretor Valter Matos, o encarecimento do crédito, fruto da taxa elevada, torna o financiamento imobiliário menos acessível. Isso acontece tanto para pessoas físicas, quanto para empresas. É o mesmo processo que reduz o ritmo de vendas, “especialmente de imóveis de médio padrão financiados”.

Esse cenário, segundo eles, afeta a aprovação de crédito na capital e no interior do estado, em especial, devido à renda média mais baixa da população, em relação a outras regiões do país, como o Sudeste, por exemplo. Acontece que, com a Selic mais alta, os juros sobre crédito são pressionados e os bancos repassam os custos ao consumidor.

Eles também destacam a possibilidade de os juros desestimularem projetos de incorporadoras no estado. Essas empresas são responsáveis por planejar, viabilizar e gerenciar todas as etapas de empreendimentos imobiliários. Mas, como especulam os porta-vozes, elas podem “postergar lançamentos por receio de baixa demanda”.

A avaliação do segmento explica que os grupos sentem os impactos desse processo de maneiras diferentes. “A classe média tende a ser mais afetada, já que grande parte dos compradores depende do crédito habitacional”, afirma. Nesse sentido, a busca por imóveis prontos tende a cair e as opções disponíveis no mercado também podem demorar mais tempo para serem absorvidas.

Em contrapartida, o “segmento de alto padrão ou investidores com capital próprio” não devem sentir tanto os efeitos do novo aumento na taxa de juros. “Em alguns casos, pode até surgir oportunidade (como renegociação de preço com incorporadoras que precisam girar o caixa)”, observam os representantes do segmento.

Outro saldo já esperado é a mudança no comportamento de investidores, que devem migrar para títulos de renda fixa em busca de mais segurança e rentabilidade. Com eles, os consumidores também desaceleram o mercado imobiliário do estado, enquanto aguardam por condições melhores para financiamento. “Apenas os investidores que enxergam potencial de valorização de médio/longo prazo ou que têm liquidez para comprar à vista devem continuar ativos”, avalia o setor.

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Preço de COP 30

Além da Selic, a elevação de preços decorrentes da realização da COP 30 em Belém, também se soma aos fatores que pressionam o mercado. Segundo os representantes, “pode haver uma desconexão entre o valor ofertado e o poder de compra real, freando negócios”.

“A expectativa de valorização devido à COP 30 já está inflacionando os preços dos imóveis em regiões que passam por benfeitorias por obras públicas — especialmente em bairros centrais”, explicam

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