Manteiga a R$ 63,96 e leite a R$ 8,18: Derivados de laticínios ficam até 16% mais caros em Belém
Preços do leite e da manteiga consumidos pelos paraenses encerraram o ano de 2024 em alta, e reajustes acumulados alcançaram mais de 16%.
Segundo uma pesquisa divulgada com exclusividade pelo Dieese/Pa ao Grupo Liberal nesta quinta (30/01), a caixa de 1 litro de leite e o quilo da manteiga ficaram 16,19% e 8,41% mais caros, respectivamente, no intervalo de 12 meses em padarias e supermercados de Belém. Em dezembro de 2023, o preço médio do primeiro produto custava R$ 7,04; em dezembro de 2024, estava a R$ 8,18. Já o quilo da maneira foi de R$ 59 no último mês do ano retrasado para R$ 63,96 no final do ano passado. Em todos os períodos comparados, o reajuste acumulado no preço do leite e da manteiga superam em mais que o dobro a inflação registrada pelo INPC/IBGE para os últimos 12 mesesm que foi de 4,77%.
Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/Pa, explicou que o levantamento do preço do queijo, outro derivado do laticínio, é feito nos supermercados e não envolve as padarias. O motivo é a grande disparidade de preços. Contudo, pela observação do Dieese/Pa, o aumento registrado no preço do queijo também ficou acima da inflação do país. Conforme ele, dependendo do tipo de queijo - prata, muçarela - ou da marca, os aumentos chegam entre 5% a 10%.
No entanto, o preço oficial do queijo em Belém ficou de fora da pesquisa do órgão porque o recorte do estudo foi para padarias e supermercados. Apesar disso, o Dieese/Pa identificou que os queijos prata e muçarela estão com preços elevados nos supermercados da capital.
O que causou o encarecimento?
Para Everson Costa, as variações climáticas estão afetando os pastos e, como efeito, estão tornando a produção dos laticínios mais cara. “A carne bovina é uma commodity muito buscada no mercado, então até o abatimento desse gado diminui a oferta do queijo e dos demais laticínios.
Além disso, segundo ele, a variação de clima e a oscilação do mercado no segundo semestre de 2024 impactaram a comercialização interna dos produtos.
“A expectativa para este início de ano é a acomodação de preço, mas o que a gente identificou até agora aqui, no mês de janeiro, não temos queda. Pelo contrário: se o consumidor não estiver atento a possíveis promoções e não comparar preço, ele vai inclusive pagar valores bem acima da média que a gente revelou”, afirmou.
Aumento médio de 8% no leite e 10% no queijo
De acordo com Jorge Portugal, vice-presidente da Associação Paraense de Supermercados (ASPAS), os preços do leite e seus derivados passaram por aumentos consecutivos, seguidos por pequenas quedas, mas voltaram a subir.
“Neste último aumento, tivemos algo em torno de 8% no preço do leite e 10% no queijo. Os derivados acompanham essa alta. A perspectiva para 2025 depende muito da oferta do produto e da economia. Com o período chuvoso nas principais regiões produtoras, como Minas Gerais e Paraná, a tendência é de uma nova alta”, explica.
Além das condições climáticas, Portugal também destaca a influência da inflação: “O Banco Central já aumentou um ponto percentual da Selic, o que mostra que a inflação está crescendo. Isso pode continuar pressionando os preços para cima.”
Desafios logísticos e poder aquisitivo impactam valores
Para Guilherme Minssen, zootecnista e diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), a alta dos preços dos derivados de leite tem relação direta com os desafios logísticos no estado.
“A falta de infraestrutura, a logística precária e a distância das indústrias de laticínios encarecem o produto no Pará. Além disso, o menor poder aquisitivo da população e a inflação são fatores que afetam o consumo e os preços”, analisa.
Consumidores sentem no bolso e mudam hábitos
Para os consumidores, a alta dos preços tem um impacto direto no dia a dia. A confeiteira Silviane Costa percebeu aumentos expressivos em diversos produtos.
“Queijo, leite, manteiga e iogurte ficaram muito caros comparados ao ano passado. Eu compro menos, e às vezes deixo de levar a marca que mais gosto para economizar. Acho difícil que os preços baixem por agora, acho que isso só pode mudar daqui a seis ou oito meses”, comenta.
O servidor público Augusto Reis também relata dificuldades para manter o mesmo consumo de antes. “Se antes eu comprava um quilo de queijo a cada quinze dias, agora levo apenas um quarto. O leite em pó teve um aumento expressivo, saindo de R$ 27 para até R$ 38 o quilo. Isso pesa muito no bolso”, lamenta.
Para driblar os altos preços, ele tem substituído produtos. “Se antes eu comprava um quilo de manteiga, agora compro meio e completo com margarina, que está mais em conta.”
Tendência de alta preocupa consumidores
Mesmo com algumas variações, a expectativa dos consumidores é de que os preços dos laticínios continuem elevados nos próximos meses. A instabilidade econômica e os fatores climáticos devem seguir impactando a oferta e os custos de produção. Diante desse cenário, consumidores buscam estratégias para economizar, pesquisando preços e reduzindo o consumo desses produtos essenciais na alimentação diária.
Comparativo com os preços médios do leite e da Manteiga consumidos pelos paraenses e comercializados em padarias e supermercados de Belém, segundo o Dieese/Pa
Produtos |
Preços médios |
Variação no Período % |
||
Dez/24 R$ |
Jan/24 R$ |
Dez/23 R$ |
||
Leite Cx. (1.000 ml) |
8,18 |
6,58 |
7,04 |
16,19 |
Manteiga (kg) |
63,96 |
56,14 |
59,00 |
8,41 |
Inflação medida pelo INPC/IBGE |
4,77% |
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