Paraenses que moram nos EUA gastaram de R$ 7 mil a R$ 47 mil para se regularizar
Com assessoria jurídica ou não, eles conseguiram o visto de trabalho e o green card – este último garante a permanência fixa no país
Seja por melhores oportunidades de estudo ou de trabalho, muitos paraenses vivem hoje nos Estados Unidos de forma fixa. É o caso do engenheiro mecânico Pedro Oliveira, de 27 anos, que sempre teve o desejo de morar fora do país e fazer doutorado em uma universidade americana. Atualmente, ele está no quarto ano do programa de PhD em engenharia elétrica na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign.
“Como vim com o intuito de estudar, só fiz minha mudança e aplicação de visto após ter sido aprovado em uma universidade. A maior parte do planejamento em si foi durante o processo de aplicação para o doutorado. A mudança acabou sendo um processo tranquilo, pois já tinha uma certa segurança de que teria renda no país”, conta.
O tipo de visto solicitado por Pedro foi o F1, que é a categoria para estudantes. Segundo ele, o processo foi tranquilo e bem rápido. Para obter esse tipo de visto, lembra, é necessário ter uma documentação da universidade que comprove sua relação com ela. Tendo isso em mãos, a obtenção do visto é mais fácil, segundo o engenheiro.
“O maior desafio que enfrentei foi a pandemia, pois quando fui aprovado os consulados americanos estavam fechados ainda. Por sorte, pouco depois eles abriram de novo para processos de vistos F1”, relata o profissional. Para realizar o processo, Pedro fez tudo por conta própria e não precisou de ajuda profissional, como um advogado de imigração ou consultoria.
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Em relação aos custos, ele diz que pagou o preço fixo pelo visto de estudante, de, aproximadamente, US$ 180, ou cerca de R$ 1.065, nas cotações atuais. “Tive um custo extra que foi o deslocamento até uma cidade que tivesse consulado americano, pois Belém não possui um. Somando tudo, diria que, na época, gastei em torno de R$ 5 mil a R$ 7 mil”.
Hoje, o visto de Pedro é temporário - como o especialista em imigração ressaltou, o visto de estudante F1 tem validade média de quatro a oito anos. No caso do engenheiro, o prazo para morar nos EUA começou em 2021 e encerraria em 2025, porém, no ano passado, ele fez a renovação e garantiu mais quatro anos de permanência no país, até 2028. Pedro teve que pagar novamente o custo da solicitação.
“Vir através do estudo é a maneira mais fácil, eu diria. Estando aqui e obtendo um diploma americano, fica muito fácil conseguir permanecer. As universidades americanas são cheias de oportunidades de networking e é pouco comum terminar sem arranjar alguma coisa”, relata. Como pretende permanecer nos EUA, o estudante tem esperança de, ao obter o diploma de doutorado, conseguir um emprego no país. Dessa forma, ele poderia aplicar uma solicitação ao green card.
Advogada conseguiu green card
Também paraense, a advogada Mirla Prado, de 43 anos, mora nos EUA há seis anos. Diferente de Pedro, sua ida ao país norte-americano não foi planejada. Ela costumava viajar ao país nas férias e resolveu passar um tempo nos Estados Unidos com amigos, exercitando seu inglês, com o visto de turista, mas acabou conhecendo uma pessoa, começou a namorar e se casou.
“Não teve nada planejado, eu realmente vim passar um período sabático aqui, de seis meses, para treinar meu inglês, para desanuviar a cabeça, digamos assim, e descansar. Eu não trabalhava, mas fiz curso de inglês e as coisas foram acontecendo. Para não precisar ir embora, acabei casando com a pessoa que eu estava, porque a gente estava em um relacionamento tão bom e acabou acontecendo sem planejamento nenhum. Eu nem pretendia ficar muito tempo fora do Brasil”, lembra.
Para mudar o status do seu visto, Mirla precisou da ajuda de um profissional - mesmo sendo advogada, ela não quis arriscar cometer algum erro. Na época, pagou em torno de US$ 8 mil. Na cotação atual, considerando o preço do dólar frente ao real da última quinta-feira (23), o valor corresponde a R$ 47.360.
“Foi bem caro porque eu paguei a melhor advogada daqui dos Estados Unidos na área de imigração de brasileiros. Mas também tive um problema, porque antes eu contratei uma primeira advogada, que era uma pessoa muito enrolada e muito gananciosa, que queria pegar mais processos do que ela podia, então acabou até me atrapalhando em uma parte do meu processo. Depois que mudei de advogado deu tudo certo”.
Hoje com o green card, a cidadania oficial americana, Mirla conta que pretende voltar ao Brasil e não pensa em morar para sempre nos Estados Unidos. Porém, nesse momento, ainda não há uma definição de como isso será feito. “A minha passagem por aqui não é uma passagem fixa. Hoje eu trabalho para uma empresa americana, mas para o público brasileiro. Então, eu pretendo e tenho meus planos de um dia voltar, sim, para o Brasil. Não sei quando ainda, mas tenho”, adianta a advogada.
O conselho que Mirla dá para quem quer migrar para os Estados Unidos e garantir um visto sendo brasileiro é fazer uma vasta pesquisa sobre os tipos de visto existentes para permanecer de forma legal no país e, se possível, escolher um visto de trabalho. Além disso, entender que nem sempre a vida do imigrante é fácil, estando suscetível a subempregos em muitos casos. “As pessoas só devem sair do Brasil se realmente tiverem certeza”, opina.
Confira alguns dos vistos de trabalho mais comuns para brasileiros nos EUA
- Visto H1B: Para trabalhadores qualificados com diploma universitário em áreas especializadas, como engenheiros, cientistas ou profissionais de TI.
- Visto L1: Para transferências de empregados dentro de empresas multinacionais, com duas subcategorias: L1-A (executivos) e L1-B (conhecimento especializado). Indicado para gerentes ou profissionais especializados de uma filial estrangeira da empresa.
- Visto O1: Para indivíduos com habilidades extraordinárias nas ciências, artes, educação, negócios ou atletismo, com reconhecimento significativo em sua área de atuação.
- Visto EB-02 NIW (National Interest Waiver): Para indivíduos com habilidades excepcionais ou que desempenham um papel importante em setores que beneficiam os EUA, como saúde, pesquisa, ou áreas tecnológicas.
- Visto EB-03: Para trabalhadores qualificados (que têm pelo menos dois anos de treinamento ou experiência), profissionais (que têm diplomas de bacharel ou equivalentes), e outros trabalhadores (para posições que não exigem habilidades especiais). Vale para técnicos e enfermeiros, por exemplo.
Fonte: especialista em imigração ouvido pelo Grupo Liberal
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