Exigência de visto para turistas não contribui para o turismo no Pará, avalia setor

Movimentação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas segue inabalado

Maycon Marte
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Desde a última quinta-feira (10), o Brasil passou a exigir visto para cidadãos da Austrália, Estados Unidos e Canadá, com base no princípio da reciprocidade, que estabelece uma troca mútua de direitos, benefícios ou obrigações entre as partes. O assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SEHRBSPA), Fernando Soares, aponta possíveis prejuízos ao setor a médio e longo prazos. Ele teme que a nova exigência desestimule a vinda de estrangeiros em épocas festivas, como o carnaval.

O Pará recebeu cerca de 3.797 turistas desses três países em 2024. Desse total, aproximadamente 955 eram norte-americanos. Os períodos de maior demanda registraram os números mais elevados desse fluxo, com destaque para o mês de março (619), seguido por dezembro (508) e julho (442), segundo dados da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).

Na avaliação de Soares, essa “não é uma exigência importante” e decorre, segundo ele, de questões exclusivamente políticas e diplomáticas. “Ela tende a dificultar a vinda do turista comum que deseja apenas passear no Brasil”, afirma. Ele acredita que a nova exigência, somada à violência nas principais portas de entrada do país, como Rio de Janeiro e Bahia, deve desestimular o turista estrangeiro.

“Você impõe mais um empecilho para que a pessoa venha livremente ao país. É complicado. Tudo bem que isso esteja baseado no princípio da reciprocidade, mas não vejo como um americano possa trocar os EUA pelo Brasil”, observa.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, natural de Belém, se manifestou sobre a medida por meio de suas redes sociais. Ele afirma que há um esforço do governo para que o processo de solicitação do visto seja “rápido e descomplicado”. “Além disso, seguimos em tratativas para que os EUA isentem os brasileiros da exigência de visto, permitindo a reciprocidade para os norte-americanos que visitam o Brasil”, declarou.

Jared Scrugs é um pós-doutor norte-americano que costuma visitar o Brasil. Ele contou que precisou tirar o visto há poucos dias e que o processo em si foi bem simples. "Eu fiz esses dias. Achei o processo fácil, bem tranquilo, e as perguntas que foram feitas também", contou.

Jared acredita que a política não deve diminuir as visitas de estrangeiros no país, que não costuma rejeitar os norte-americanos. "Não sei se teria uma taxa de rejeição significativa, o que é interessante refletir sobre, já que os Estados Unidos rejeitam muitos brasileiros todo ano", complementou.

Como funciona

Viajantes desses países que desejam entrar no Brasil, seja por vias aéreas, marítimas ou terrestres, precisam solicitar previamente o visto eletrônico por meio do site “eVisa”, mediante o pagamento de uma taxa de US$ 80,90, o equivalente a cerca de R$ 479. A permanência no país é limitada a, no máximo, 90 dias. O processo inclui o preenchimento de um formulário online e o envio dos documentos exigidos, como o passaporte.

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COP 30

Diferentemente dos turistas de lazer, que o porta-voz do sindicato considera os mais afetados pela exigência de visto, os visitantes da COP 30 apresentam particularidades que devem preservar o fluxo de entrada. A vinda desses turistas está atrelada a compromissos profissionais ligados à agenda da conferência. Ou seja, ainda que aproveitem a estadia para atividades turísticas, essa não é a motivação principal de sua viagem.

Esse perfil garante a intensidade do fluxo de visitantes em Belém durante o evento. “Para a COP, devem ser abertas algumas exceções ou oferecidas vantagens que facilitem o ingresso desses turistas, até porque o decreto é de 2023 e está relacionado a questões políticas. O turismo voltado à COP é participativo, não é um turismo tradicional de visitação”, avalia Soares.

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