Crianças e adolescentes encenam 'O Auto da Compadecida' com inclusão e crítica social

Montagem da ETDUFPA traz uma nova leitura do clássico de Ariano Suassuna

Matheus Viggo

O Grupo de Teatro Infantojuvenil da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA) estreou o espetáculo O Auto da Compadecida nesta terça-feira (29) e segue com nova apresentação nesta quarta-feira (30), às 18h, no Teatro Universitário Cláudio Barradas. A montagem integra o Projeto de Extensão Teatro Infantojuvenil da UFPA e traz uma nova leitura da clássica obra de Ariano Suassuna, adaptada ao universo e à vivência de crianças e adolescentes.

Direção valoriza cultura popular e olhar das novas gerações

Sob direção geral da professora e artista popular Inês Ribeiro, a montagem mantém a essência do texto original, com uma linguagem acessível, crítica e bem-humorada. A proposta, segundo a diretora, é valorizar a cultura popular nordestina e o olhar das novas gerações. “Uma aprendizagem sobre a inteligência do povo para resolver seus problemas e o bom humor para denunciar a corrupção social”, define Inês. Ela complementa: “Um encontro com o humor popular e as críticas sociais de Ariano Suassuna.”

A peça traz para o palco as aventuras de João Grilo e Chicó, dois personagens já consagrados no imaginário brasileiro, que aqui ganham novas vozes por meio do talento de jovens atores. Um dos destaques da montagem é a presença de alunos neurodivergentes no elenco: Maurício Luz, de 13 anos, que é autista e interpreta Jesus; e Ana França, de 16 anos, autista e com TDAH, que assume o papel de Chicó. A inclusão é um dos pilares do projeto de extensão, que busca formar artistas sensíveis e conscientes de seu papel social.

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Crítica social e humor no centro da narrativa

O espetáculo também atualiza temas caros ao autor da obra, como a desigualdade social, a falsa moral religiosa e os mecanismos de poder. A narrativa se desenvolve em um tribunal celestial, onde figuras como o sacristão, o padre, o bispo e os patrões do padeiro — exploradores e corruptos — são julgados. A Compadecida atua como advogada, com demônios na acusação e Emanuel como juiz, em cenas que mesclam humor, crítica e fantasia.

A equipe de criação inclui nomes como Rapha Rodrigues (assistência de direção e design do cartaz), Ézia Neves (figurino), Jon Rente (cenografia), Cacau Barros (iluminação), Jeniffer Soares (coreografia), além dos responsáveis pela maquiagem e sonoplastia. O cuidado coletivo na montagem reforça a dimensão pedagógica do projeto, que busca integrar teoria, prática e afeto na formação dos alunos.

Clássico de Suassuna ganha nova leitura no palco

O Auto da Compadecida, escrito por Ariano Suassuna em 1955, é considerado um dos maiores clássicos do teatro brasileiro. A história, ambientada no sertão da Paraíba, mostra a trajetória de dois pobres nordestinos que, por meio da esperteza e da fé, enfrentam as injustiças do mundo.

Em meio a cangaceiros, clérigos e patrões abusivos, a compaixão e o senso de justiça da personagem Nossa Senhora tornam-se o fio condutor da redenção dos protagonistas. “Um modo ariano de escrita para um modo arianiano de direção. Copiar! Recortar e transformar!”, resume a diretora.

Serviço

Espetáculo: O Auto da Compadecida
Quando: 29 e 30 de abril de 2025
Horário: 18h
Onde: Teatro Universitário Cláudio Barradas – R. Cônego Jerônimo Pimentel, nº 546
Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) – Gratuito para estudantes e servidores da ETDUFPA
Direção: Inês Ribeiro

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