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‘Bárbara’, curta de Joyce Cursino, conquista público e vence mostra de cinema no Acre

Filme venceu a ‘Mostra Norte Delas de Cinema’, na categoria melhor curta-metragem, e traz reflexões sobre etarismo e liberdade de mulheres maduras

Amanda Martins
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A cineasta, jornalista, produtora cultural e atriz paraense Joyce Cursino conquistou o Troféu Júri Popular da 1ª edição da “Mostra Norte Delas de Cinema” com o curta-metragem "Bárbara", que assina como diretora. O resultado foi divulgado na última quarta-feira (09/04), após a exibição dos filmes, realizada entre os dias 1º e 5 de abril, no Cine Teatro Recreio, em Rio Branco, no Acre. A premiação reconhece o talento e a dedicação de mulheres no audiovisual e valoriza vozes e histórias da região Norte. O projeto foi realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio da Prefeitura de Rio Branco e da Fundação Garibaldi Brasil (FGB), dentro do Edital n.º 15/2023.

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Sob a iniciativa da Palmácea Filmes e do Seiva Colab Amazônica, a mostra exibiu 24 obras, entre curtas, médias e longas-metragens. O grande diferencial foi o protagonismo do público: os espectadores avaliaram os filmes durante as sessões, e os vencedores foram definidos a partir do maior percentual de notas “Excelente”.

Joyce celebrou a conquista com entusiasmo nas redes sociais. “Mais uma, família!”, comemorou, ao compartilhar uma foto do troféu.

Segundo ela, receber a premiação por voto popular tem um significado especial, pois reflete a conexão direta da obra com o público. Seu projeto concorreu com outros 14 curtas-metragens.

“Fiquei muito feliz com esse prêmio. Tem um significado ainda mais profundo, porque é exatamente onde eu quero chegar: no povo. Se houve uma resposta do público, principalmente do povo negro, é porque essa obra está no caminho certo”, afirmou em entrevista ao Grupo Liberal.

image A narrativa propõe uma reflexão sobre a liberdade feminina na terceira idade, enfrentando o etarismo e a invisibilidade social que ainda afeta muitas mulheres mais velhas, especialmente nas artes (Divulgação)

 

 

 

Reflexões

"Bárbara" traz a história de uma mulher com mais de 60 anos que, após perder o marido e viver relações marcadas por figuras masculinas, redescobre a própria identidade. A protagonista passa a se reconhecer como uma figura independente dos papéis sociais que lhe foram impostos. A narrativa propõe uma reflexão sobre a liberdade feminina na terceira idade, enfrentando o etarismo e a invisibilidade social que ainda afetam muitas mulheres mais velhas, especialmente nas artes.

“O filme vem para romper com isso. E mais: é parte de um projeto maior, que vai dar origem a uma série com outras narrativas de mulheres mais velhas e suas trajetórias de retomada do poder pessoal, do amor-próprio, da liberdade”, explicou Joyce.

O roteiro do curta foi desenvolvido a partir de um laboratório promovido pela Negritar, com apoio do Itaú Cultural, e foi escrito pela jornalista Flávia Ribeiro.

image "Bárbara" levou o prêmio Júri Popular de melhor curta-metragem (Divulgação)

Trajetória

Com mais de dez anos de atuação no audiovisual, Joyce construiu uma carreira marcada por obras voltadas à arte-educação, documentários e formação cultural em territórios periféricos e comunidades tradicionais. A partir das webséries "Pretas na Pandemia" e "Resiliência", a artista passou a se dedicar à ficção, tendo em Bárbara seu primeiro curta de ficção premiado.

Nascida e criada no bairro do Jurunas, em Belém, Joyce teve acesso limitado ao audiovisual durante a infância. Ainda assim, desde cedo demonstrava interesse por televisão, jornalismo e cinema. Sua trajetória profissional começou como repórter mirim na conferência Rio+20, aos 15 anos. Formada em Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV e Jornalismo, atuou em diversos veículos de imprensa e festivais.

No cinema, estreou como atriz no curta "Comigo Ninguém Pode", de Robson Fonseca, e integrou o elenco de quatro séries de TV nacionais: "Squat na Amazônia", "Sacoleiras S/A", " Amazônia Oculta" e "Condor". Também participou de videoclipes, campanhas e projetos internacionais, como a série "Future Forward", do diretor indicado ao Oscar David Darg, disponível na Amazon Prime.

Em 2015, fundou sua própria produtora com a missão de fortalecer narrativas negras, periféricas e de comunidades tradicionais da Amazônia. Entre seus principais trabalhos estão os curtas premiados "É Coisa de Preta" (2017) e "Ele Não: Mulheres Paraenses contra o Fascismo" (2019), o curta híbrido "Sangue Bom" (2022) e o média-metragem "7 Palmas da Liberdade". Também dirigiu "Amazônia Segundo as Juventudes – Um Olhar Intergeracional", exibido na COP 27, no Egito.

Foi premiada como melhor atriz coadjuvante no Festival Guarnicê, de 2022, pelo longa "Os Fãs Mais Rebeldes que a Banda", e compõe o elenco do longa "Eu, Nirvana", além de outros dois filmes ainda inéditos. Recentemente, foi selecionada pela Globo para uma oficina de atuação no Projac, da Rede Globo.

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