Ritual amazônico de despedida inspira concerto sinfônico na Igreja de Santo Alexandre

Obra de Luiz Pardal inspira-se em ritual centenário de Oriximiná e será apresentada na noite de terça-feira (15), às 19h, com entrada franca

Amanda Martins
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Nesta terça-feira (15/04), às 19h, a Igreja de Santo Alexandre, no bairro da Cidade Velha, em Belém, receberá o espetáculo Réquiem Encomendação das Almas”, obra do compositor paraense Luiz Pardal. A apresentação integra a abertura da programação do 52º Encontro de Arte (Enarte), promovido pela Escola de Música da Universidade Federal do Pará (Emufpa) e tem entrada gratuita.

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A peça foi inspirada em um antigo e misterioso ritual fúnebre realizado há mais de um século no município de Oriximiná, no oeste paraense. A tradição ocorre durante a Semana Santa: vestidos de branco e com panos da mesma cor na cabeça, seis ou sete rezadores se reúnem à meia-noite da Quarta-Feira de Trevas no cruzeiro do cemitério. De lá, seguem em procissão até as casas que solicitam orações, sinalizadas com velas acesas nas calçadas. 

Na Sexta-Feira Santa, o grupo retorna ao cemitério para as últimas rezas, depois de passar pela igreja. O rito carrega influências da colonização religiosa da região e é preservado por comunidades quilombolas.

Pesquisa e criação

Com base em registros coletados no início dos anos 2000 por uma equipe do Instituto de Artes do Pará, Luiz Pardal compôs a obra em quatro movimentos. Segundo ele, a encomenda partiu do poeta João de Jesus Paes Loureiro, que pesquisou diretamente o ritual e registrou áudios das rezas feitas por membros de uma comunidade quilombola. 

“Eles falam como se fosse um latim caboclo, muito bonito”, conta Pardal em entrevista ao O Liberal. 

A partir desse material, o compositor buscou preservar as melodias originais, adicionando uma roupagem orquestral baseada em sistemas modais e sonoridades sinfônicas. “A ideia foi manter a essência e dar uma nova leitura, respeitando a cultura original”, explica. 

A regência será dividida entre os maestros Adamilson Abreu e Miguel Campos Neto. Adamilson ficou responsável pela preparação do grupo vocal, acompanhando a adaptação feita por Pardal na obra, originalmente escrita apenas para vozes masculinas. 

Já Miguel Campos Neto, professor da Emufpa e maestro titular da Orquestra Sinfônica Altino Pimenta (OSAP) e da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), conduzirá a orquestra.

Uma das novidades desta segunda apresentação é a formação de um coral misto, com homens e mulheres. Participam do espetáculo o madrigal e o coro comunitário da Emufpa, além da Cameratamazônica. Ao todo, cerca de 40 pessoas estão envolvidas, entre professores, alunos, ex-alunos e integrantes de projetos de extensão da universidade.

O compositor reforça que seu objetivo com a obra é lançar luz sobre expressões culturais muitas vezes desconhecidas. “Essa é uma maneira de trazer esse material original, dar uma roupagem nova e possibilitar que mais pessoas conheçam. Minhas expectativas são as melhores. Estou muito feliz por tudo isso”, disse.

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