Motoristas de aplicativos aceitam sexo como pagamento de corridas; entenda
Segundo relatos, prática é feita a partir de códigos entre condutores e passageiros
A busca por melhorias no rendimento mensal tem levado motoristas de aplicativo a aceitarem sexo como pagamento de corridas ou em troca de dinheiro, segundo pesquisa realizada pela Folha de São Paulo.
Ao longo de três semanas, a reportagem colheu relatos de condutores cadastrados nas empresas Uber, 99 e InDriver onde a existência da prática foi confirmada e que é feita a partir de códigos entre condutores e passageiros.
A abordagem pode ser feita através de olhares pelo retrovisor, gestos e perguntas discretas. Em seguida, de modo consensual, ambas as partes combinam como e onde será o "pagamento" da corrida, que pode acontecer no carro, em um motel ou em outras condições acordadas previamente.
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Tanto o passageiro quanto o motorista são do sexo masculino, na maioria dos casos. Há relatos de motoristas que receberam ofertas de mulheres que pretendiam pagar a corrida com sexo, sendo estes casos mais raros.
De acordo com Luciana Soares, professora de sociologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, a prostituição no meio representa a “precarização dentro da precarização”. “Os aplicativos de transporte deixaram de ser um complemento de renda e passaram a ser a renda principal de boa parte da população desempregada. O quadro se acentua com a pandemia”, avalia.
“A prática é o resultado de uma crise quando parte da população não consegue mais sustentar o preço dos combustíveis e as contas não fecham. Você tem realmente algo aí com elemento de crueldade.”, conclui.
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Segundo Maria Pinheiro, advogada criminalista da Rede Feminista de Juristas, a prostituição não é crime no Brasil, mas existe punição caso a prática seja feita de maneira pública, sendo a pena de 3 meses a 1 ano de detenção, podendo ser convertidas em cesta básica ou prestação de serviços.
Em nota enviada à reportagem da Folha, a Uber diz que “qualquer comportamento que envolva violência, conduta sexual, assédio ou discriminação ao usar aplicativo resultará na desativação da conta”. Já a 99 e a InDriver não se manifestaram.
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(Carolina Mota, estagiária da redação sob supervisão de Hamilton Braga)
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