Macacos do Bosque: animais estavam contaminados com toxoplasmose, diz laudo da Polícia Científica

Contaminação se deu por meio de alimentos ingeridos pelos animais

Saul Anjos
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A Polícia Científica do Pará (PCP) divulgou nesta sexta-feira (19) o laudo da morte dos macacos do Bosque Rodrigues Alves, em Belém. Segundo informações da PCP, os animais morreram devido à ingestão de alimentos contaminados com toxoplasmose aguda. As autoridades descartam a possibilidade de que a morte dos animais tenha sido provocada por uma ação criminal. Em nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) informa que já solicitou formalmente o laudo à Polícia Civil e aguarda o envio por esta autoridade policial. A toxoplasmose é uma doença infecciosa não contagiosa adquirida, na maioria das vezes, de forma oral, pela ingestão de alimentos que contenham o parasita, Toxoplasma gondii, encontrado nas fezes do gato.

A doença atinge os primatas de duas formas, podendo ser aguda e fatal. A perita criminal Gabrielle Cardoso, responsável pelo laudo, diz que a suspeita é de que os macacos tenham se alimentado de comidas infectadas com o parasita.

“Os animais vêm a óbito rapidamente, em rebanho, e há uma taxa de sobrevivência que são aqueles que conseguem seguir a vida normalmente. Houve uma grande taxa de mortalidade. O grande problema da toxoplasmose é a contaminação de solo por fezes de felinos que são os hospedeiros definitivos desse agente patogênico. Há um histórico de gatos que eram abandonados no Bosque. Uma semana antes tinha um felino lá dentro. Esses animais (macacos) se alimentam de restos de comidas que são jogadas no chão que, eventualmente, podem ter sido contaminados com as fezes desses gatos. Fizemos a perícia em sete animais, mas foram 19 que morreram. Quando fui fazer a perícia no local, tinha bastante lixo com resto de comida no chão, que os animais pegam e se alimentam”, contou a perita.

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Gabrielle acrescentou que apesar dos animais terem sido encontrados mortos em consequência da doença, os transeuntes do Bosque e dos arredores precisam ter cuidado, além de não alimentar os macacos. “A toxoplasmose é uma doença cosmopolita. Ela está presente na cidade ou no meio ambiente. Não tem risco para a população que vai visitar o Bosque. O problema é ingerir comida contaminada com fezes. É preciso lavar corretamente os alimentos e não dar coisas para os macacos comerem, porque esse patógeno pode estar presente em músculo, carne ou recheio de alguns salgados. Não é para jogar lixo ou felídeos dentro do Bosque. Abandono de animais é crime de maus-tratos”, alertou.

O delegado Waldir Freire, da Divisão Especializada em Meio Ambiente e Proteção Animal (Demapa), descarta a possibilidade de ação criminosa: "Na conclusão do laudo, verifica-se que não houve uma ação criminosa e sim natural de uma infecção. Há uma necessidade de conscientizar a população para não levar alimentação para esses animais”, afirmou o delegado durante coletiva de imprensa.

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Alexandre Mesquita, direto do Bosque Rodrigues Alves, disse que o resultado do laudo é de suma importância para a decisão de reabertura e liberação de visitas ao local. “Isso dá mais segurança para gente reabrir o Bosque ao saber que os animais não foram envenenados de fato e sim uma doença. Vamos intensificar a campanha de não alimentar dentro do Bosque Rodrigues Alves. Algumas comidas que atraem esses animais vão proibidos, como por exemplo, coxinha, fritura e batata-frita”, destacou o diretor.

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A prefeitura de Belém divulgou uma nota sobre o caso às 13h01 de sexta-feira (19), no site Agência Belém.

Confira na integra:

“A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) informa que, no final da manhã desta sexta-feira, 19, a Polícia Científica Renato Chaves entregou o laudo sobre a morte dos macacos no Bosque Rodrigues Alves para a Polícia Civil, a qual apura o inquérito sobre o caso.

Para ter acesso ao documento, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente já solicitou formalmente o laudo à Polícia Civil e aguarda o envio por esta autoridade policial.

No entanto, a Semma antecipa que o laudo confirma toxoplasmose, a partir da infecção por outro animal. E não há indício de que tenha ocorrido de forma criminosa”, diz o comunicado.

Relembre o caso

O número de macacos mortos no Bosque Rodrigues Alves totalizou 12 animais, sendo que um deles foi encontrado em avançado estado de decomposição. No dia 20 de julho, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), por meio do Departamento de Gestão de Áreas Especiais (Dgae), informou que o resultado do laudo emitido pelo Departamento de Patologia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) sobre a morte dos macacos da espécie macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus), do Parque Zoobotânico Bosque Rodrigues Alves, foi inconclusivo, ou seja, não foram detectadas possíveis lesões que informassem a natureza dos óbitos dos macacos. Na ocasião, a nota explicou que ainda faltava ser divulgada, em agosto, o laudo da Polícia Cientifica do Pará, para descobrir a causa das mortes.

O monitoramento dos casos feito de forma conjunta pelo Instituto Evandro Chagas, Polícia Cientifica, Delegacia de Meio Ambiente e Proteção Animal, Universidade Rural da Amazônia e Coordenação de Fauna do Bosque Rodrigues Alves, responsável pelo monitoramento de novas ocorrências. Durante o processo de monitoramento, foram feitas capturas de animais vivos, que receberam microchips, para que houvesse maior controle de possíveis doenças, e quantificar o número de macacos existentes, considerando que os macacos vivem soltos nos 15 hectares do Parque Zoobotânico.

Os macacos foram encontrados mortos, na manhã do dia 3 junho de 2022, em dois pontos diferentes do Bosque Rodrigues Alves: na travessa Lomas Valentinas, esquina com a avenida Almirante Barroso, e na travessa Perebebuí com a Almirante Barroso, no bairro do Marco. A informação foi confirmada pela direção do espaço, durante entrevista coletiva no mesmo dia. O fiscal Moisés Cunha foi quem encontrou os animais. Um primeiro grupo com quatro macacos foi localizado por volta das 10h; o outro ao meio-dia.

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