Enem 2022: alunos com deficiência se preparam para os dias de provas

Faltando uma semana para o início do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), alunos com deficiência seguem na preparação acessível e focada para o vestibular. Este ano, além do atendimento especializado que será disponibilizado nos dois dias de prova - 13 e 20 de novembro -, são 16 recursos a mais oferecidos para a versão impressa e 6 para a edição digital, com o objetivo de tornar maior a inclusão e o acesso ao processo. É pensando nisso que, em Belém, um cursinho preparatório, localizado na avenida Almirante Barroso, trabalha atendendo o público específico e garantindo que o repasse de conteúdos seja entendido para todos. 

A Unidade Educacional Especializada Astério de Campos atua desde 2009 na capital e promove ensino adaptado para alunos surdos e surdos múltiplos que sonham em ingressar na universidade. A atenção especial dada aos estudantes vai desde as aulas em libras, com professores de todas as matérias elencadas no Enem e material didático adequado, até os espaços em que as aulas acontecem, que contam com apresentações em slides também usando a linguagem de sinais. 

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Luiza Souza, coordenadora da escola, explica que o Astério de Campos reúne um time empenhado no que faz e desejo de os levar a alcançar uma boa pontuação no Enem. “As matérias são física, química, matemática, português… Os professores preparam as aulas com computadores, projetores, e eles fazem o material. As apostilas são adaptadas, não temos muitos recursos, mas os professores têm boa vontade para esse trabalho, eles se esforçam muito para que os alunos passem e tem muito incentivo”, afirma.

Atualmente, 17 alunos com surdez fazem parte do corpo discente. Luiza conta que o trabalho desenvolvido já ajudou muitos estudantes a alcançar a vaga tanto em instituições públicas quanto nas privadas. “Isso é fruto desse trabalho daqui, os professores dão aulas em libras e não só as aulas, eles têm um carinho muito especial por esse trabalho. Muitos já passaram no vestibular e em vários cursos, letras, odontologia, pedagogia… Temos alunos em várias universidades”, pontua a coordenadora.

Além de garantir a preparação para o Enem, a unidade conta com turmas de ensino fundamental e médio. Durante a semana que antecede o exame, a orientação fundamental que os professores irão repassar será sobre o que pode e o que não pode durante a prova.  “Os orientação para ajudá-los a ter um futuro melhor. Quando os alunos acabam o ensino médio, eles continuam a frequentar o local através do cursinho preparatório. Vamos fazer um trabalho de orientação com eles, mostrando aquelas coisas básicas de chegar no horário, o que levar, o que não levar. Porque, às vezes, para eles é muito difícil isso”, finaliza Luiza. 

O tradutor-intérprete em Libras é um dos recursos que o Enem para pessoas com deficiência oferece (Ivan Duarte / O Liberal)

Rotina acompanhada e focada tem sido parte fundamental na preparação

Adriana Aleixo, de 24 anos, está concluindo o 3º ano do ensino médio na Escola Estadual Paulino de Brito, na avenida Almirante Barroso. O local conta com intérpretes que ajudam os alunos nas dúvidas sobre os conteúdos ensinados em sala. A estudante, que é surda, sonha em ser professora de matemática e tem na disciplina diária o foco para conseguir uma boa pontuação. Esse ano será a primeira vez tentando o Enem. 

Antonio Junior, intérprete da escola, disse que “ela estuda em casa, se prepara, se organiza, faz as atividades em casa com as apostilas. Ela está um pouco ansiosa para a prova, mas que seja o que Deus quiser. Os amigos dela a chamam muito para sair, mas ela diz que não pode e que não vai perder o foco”.

Ela está realizando um sonho meu, diz mãe da aluna

Adriana passou 10 anos sem estudar por conta de problemas de saúde. Socorro Brito, cuidadora e mãe da aluna, contou um pouco mais da rotina desempenhada por ela. “Foi com muita dificuldade, mas ela tem vontade, ela quer ser professora, acorda às 3h e estuda até 5h30, toma banho, café, e estuda”, diz.

As professoras são só elogios e, como ressalta Socorro, nenhuma nota baixa é vista no boletim. “Eu fui com a diretora e ela disse pra Adriana que tem vaga pra manhã. E ela ficou, eles me dão a maior força. Eu estou mais nervosa do que ela, a minha filha está fazendo uma coisa que eu sempre quis, realizando um sonho meu, sendo que é a vontade dela, ela sempre me pediu que queria estudar e ela está estudando, não tem nem uma nota vermelha”, finalizou.

Atendimento especializado nos dias do Enem

Quem solicitou por atendimento especializado entre o período de 10 a 21 de maio deste ano poderá ter o diferencial durante os dias de prova do Exame. O serviço será destinado para: gestantes, idosos, lactantes, estudante em classe hospitalar, pessoas com deficiência ou condição específica, quem possui baixa visão, cegueira, deficiência auditiva, física, intelectual (mental), déficit de atenção, discalculia, dislexia, surdez, surdocegueira, transtorno do espectro autista e visão monocular. 

Recursos disponíveis para as provas do Enem

Cada tipo terá um recurso diferenciado para que a prova seja mais acessível, veja:

→ Apoio para pernas e pé
→ Auxílio para leitura
→ Auxílio para transcrição
→ Cadeira e mesa sem braço
→ Guia-intérprete
→ Leitor de tela
→ Leitura Labial
→ Mesa e cadeira sem braços

→ Mesa para cadeira de rodas
→ Prova ampliada
→ Prova em braile
→ Prova superampliada
→ Sala de fácil acesso
→ Tempo adicional
→ Tradutor-intérprete em Libras
→ Videoprova em Libras