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Belém já fez mais de 100 mil atendimentos em saúde por Ananindeua só em 2025

Dados da Sesma apontam que crise da saúde do município vizinho gera demanda crescente que sobrecarrega unidades da capital

Jamille Marques | Especial em O Liberal
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Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Belém recebeu 32.453 mil atendimentos ambulatoriais, 423 internações e 74.408 atendimentos de urgência e emergência de pacientes provenientes de Ananindeua, apenas de janeiro a março de 2025. Ao todo foram 107.284 registros. Esses números, acessados com exclusividade pela redação integrada de O Liberal, revelam a crescente demanda de pacientes do município vizinho por serviços de saúde na capital - o que é resultado da crise de saúde pública que vive Ananindeua, onde pessoas que não conseguem ser atendidas nas UPAs e no pronto-socorro municipal acabam se deslocando para Belém. A situação, que tem gerado impactos significativos na gestão da saúde pública de Belém -colocando em risco a capacidade de atendimento à população e comprometendo os recursos disponíveis para a capital -, é mais um capítulo da crise da gestão do atendimento público vivida no município vizinho. Basta lembrar que, no último dia 22 de março, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) determinou diligências, após a Procuradoria-Geral de Justiça do Pará ter ingressado com um pedido de intervenção na saúde de Ananindeua.

Os números de atendimentos que migram para Belém se refletem em pressão sobre a capacidade das unidades de saúde da capital - que incluem serviços especializados como ortopedia de alto custo, hospitais de retaguarda e unidades de pronto atendimento, entre outros. A sobrecarga no sistema de saúde tem elevado os custos financeiros e impactado a eficiência do atendimento à população local, apontam autoridades municipais. O vereador Igor Andrade, da REDE, comentou o impacto dessa demanda adicional: “As unidades de saúde de Belém estão sobrecarregadas, pois além dos moradores da capital, estão recebendo uma alta demanda de pacientes que não conseguem atendimento em Ananindeua. Já vínhamos alertando sobre essa situação, que está impactando cada vez mais o nosso atendimento de saúde. Isso compromete a capacidade de resposta da rede pública de saúde de Belém aos seus próprios municípios, dificultando a gestão de leitos, insumos e equipes.”

A falta de estrutura e a escassez de recursos em Ananindeua, de acordo com o vereador Igor Andrade têm sido motivos de preocupação, já que os cidadãos que buscam atendimento médico na capital acabam sobrecarregando os sistemas de saúde de Belém. “Precisamos que a prefeitura de Ananindeua preste esclarecimentos sobre a situação do atendimento de saúde no município, pois com a omissão no atendimento aos pacientes, quem está pagando a conta é o povo de Belém”, completou Igor Andrade.

Os números relacionados ao atendimento de Ananindeua em Belém não são apenas impressionantes, mas também trazem um custo elevado para a saúde pública da capital. O vereador Lulu das Comunidades, do PSDB, detalhou a magnitude desse desafio: “Em média, Belém recebe 150 internações e mais de 10 mil atendimentos ambulatoriais por mês provenientes de Ananindeua, incluindo urgência e emergência.” Esses números indicam um volume considerável de atendimentos, muitos dos quais demandam cuidados intensivos e especializados, contribuindo para uma pressão ainda maior sobre as já sobrecarregadas das unidades de saúde de Belém.

Esse alto volume de pacientes tem gerado custos significativos para o orçamento da saúde pública da capital. A vereadora Pastora Salete, do PSD, ressaltou o impacto financeiro dessa situação: “O volume de atendimentos de Ananindeua gera custos significativos para o orçamento da saúde de Belém, que não são compensados. O atendimento especializado, como ortopedia de alto custo e urgência/emergência, resulta em despesas superiores a 1,5 milhão de reais por mês.” De acordo com a vereadora, essa situação tem gerado um grande prejuízo financeiro, comprometendo ainda mais a capacidade de Belém de manter e melhorar seus próprios serviços de saúde.

Além disso, o impacto no atendimento à população de Belém é visível, com a ocupação de leitos hospitalares sendo uma das principais consequências desse fluxo de pacientes de Ananindeua. O vereador Zeca do Barreiro, do União Brasil, explicou: “Os pacientes de Ananindeua ocupam cerca de 20% dos leitos de Belém, especialmente nos serviços de urgência e especialidades mais complexas. Isso impacta diretamente a disponibilidade de leitos para os moradores da capital. Embora essa porcentagem possa não parecer alta, os casos atendidos são de alta complexidade e custam mais, o que agrava o problema.”

Segundo os vereadores da Câmara Municipal de Belém, a questão levanta um debate importante sobre a necessidade de mais investimentos da Prefeitura de Ananindeua na infraestrutura de saúde do próprio município, para que os cidadãos de Ananindeua possam receber atendimento adequado e, assim, aliviar a carga sobre os serviços de saúde de Belém.

Desdobramentos judiciais

Em meio a essa crise, no dia 22 de março, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) determinou diligências, após um pedido de intervenção estadual na saúde de Ananindeua, atendendo a um pedido, feito ainda no início de março, pela Procuradoria-Geral de Justiça do Pará. 

Na solicitação de intervenção do Estado no município de Ananindeua, o Procurador-Geral de Justiça do Estado (PGJ), Cezar Mattar, alega que há violações aos “princípios fundamentais sensíveis, em especial ao direito à vida e à saúde integral”. O processo, registrado sob o número 0803072-24.2025.8.14.0000, está em andamento, com o juiz convocado Álvaro José Norat de Vasconcelos como relator.

A situação expõe a fragilidade do sistema de saúde em Ananindeua e os efeitos de sua sobrecarga em Belém, que, além de enfrentar seus próprios desafios, tem arcado com as consequências da falta de estrutura no município vizinho.

Ainda no dia 11 deste mês, a Prefeitura Municipal de Ananindeua (PMA) divulgou posicionamento sobre o caso, por meio de nota, afirmando que, sobre o processo, "tem certeza de sua boa conduta, provada pela conquista da primeira colocação pelo segundo ano seguido no ranking nacional do saúde da família, espera que esse absurdo não seja concretizado e lamenta a perseguição da máquina pública, com interesses estranhos e práticas ditatoriais, a uma cidade tão importante para nosso estado".

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