Loja colaborativa fortalece o empreendedorismo feminino em Belém

Ideia reúne 13 donas de pequenos negócios que buscam espaço no mercado e encontram na oportunidade uma forma de crescimento

Camila Azevedo
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O empreendedorismo feminino está crescendo e já alcançou a marca de 10,3 milhões de mulheres dentro do mercado no Brasil. O número, divulgado pelo Sebrae, corresponde a 34% do total de brasileiros donos de negócios. Esse espaço cada vez mais conquistado é fruto de esforço e iniciativas que apoiam o crescimento delas dentro do setor, como é o caso da loja colaborativa Elas no Parque, localizada em um shopping de Belém, reunindo 13 empreendedoras de diversos segmentos.

A ideia surgiu a partir de uma também empreendedora que, há anos, organiza feiras em condomínios e espaços públicos de Belém, como o aeroporto da cidade. Os eventos eram sempre compostos por pequenos negócios, até que surgiu a oportunidade da loja no shopping. O estabelecimento abriga os sonhos das mulheres desde dezembro de 2022 e foi uma forma encontrada de expor os produtos delas em um local de grande movimentação, com altas oportunidades e sem o pagamento de aluguéis que não caberiam na realidade.

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Os itens vendidos são variados e vão desde artigos de papelaria, jóias e roupas. Márcia Quadro, engenheira florestal e uma das empreendedoras do Espaço do Artesanato, parte da loja colaborativa voltada para produtos artesanais, reforça que o local é importante para o crescimento e independência financeira das mulheres. “Todos [os negócios] são muito pequenos mesmo, não teriam condições de custear um aluguel de uma loja em um shopping. Mas, aqui, todos têm condições de trabalhar e de vender o seu produto”.

“Tem produto industrializado, infantil, bijuteria. Nós trabalhamos com artesanato, especificamente com artesanato e alimentos. Fizemos uma curadoria para escolher os melhores produtos, mais bem acabados e bem embalados. O shopping é um local que não pode receber qualquer tipo de produto. Nós formamos um grupo e, hoje, somos 14 artesãos. Trabalhamos com vários tipos de artesanato, crochê, tricô, pintura, costura, madeira e alimento”, acrescenta Márcia.

A empreendedora pontua, ainda, que é notório o interesse feminino pelas oportunidades de negócio, o que fez com que a loja colaborativa se formasse naturalmente por mulheres em busca de um espaço nos segmentos. “Quando surgem essas oportunidades de comercialização, é natural. Assim, a gente não impõe nenhuma condição que seja mulher, mas elas vêm, elas procuram. Elas são mais ativas nessa questão de produzir e vender. Em geral, 90% dos nossos empreendedores são mulheres”, afirma.

image Espaço em shopping de Belém reúne empreendedoras que sonham com crescimento (Carmem Helena / O Liberal)

Movimento impulsiona outras mulheres

Márcia empreende há cerca de 10 anos e alia a rotina ao trabalho de consultora ambiental. Além do gosto pelo artesanato, ela conta que a experiência é uma forma de contribuir para a sociedade, “principalmente porque nós sabemos que as mulheres são guerreiras, elas precisam de outras que tem uma oportunidade melhor. Nós temos histórias de mulheres que estão se reinventando. A pandemia foi algo muito triste. Muitas encerraram seus negócios, Entendemos que é o nosso papel, é a nossa contribuição social”.

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Acompanhar as tendências do momento é estratégia usada em loja colaborativa

Os tipos de produtos vendidos acompanham os períodos e as tendências que vão sendo lançadas. “Por exemplo, no mês de maio, concentramos nossas vendas em produtos para as mães, depois começamos a promover, fazer promoções e junho foi um mês de boas vendas, muitas roupas e produtos alusivos à festa junina saíram. Agora, em julho, a nossa estratégia é trazer biquine de crochê, que está em alta, roupas de praia, produtos de verão. Além disso, promovemos oficinas de peças artesanais”, conclui.

Benefícios econômicos

Além da contribuição social observada por Márcia, a gerente de marketing do shopping, Lidiane Melo, frisa que os benefícios econômicos encontrados na ação são enormes. “Geralmente, abraçamos esses projetos justamente pela importância que tem para a sociedade e para economia, também. Pensamos que é muito importante ter uma loja como essa, onde a gente reforça o empreendedorismo feminino. A gente traz essas pessoas daqui de Belém, algumas do bairro do Benguí e reforça essa questão de abraçar a comunidade”.

Empreendedorismo regional ganha espaço

Outro espaço colaborativo no mesmo shopping visa promover, junto ao empreendedorismo feminino, o destaque para produtos regionais. São peças locais, produzidas em Belém e por mulheres moradoras da cidade. Ao todo, 20 empreendedoras expõem artigos que remontam à região amazônica, como essências, quadros, acessórios e roupas. O ponto é a segunda locação do grupo (a primeira fica localizada no centro comercial da capital), que já atua há 6 anos no mercado.

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Alana Silva, colaboradora da loja, conta que a iniciativa começou a partir da participação em algumas feiras de empreendedorismo de Belém. A partir de então, elas passaram a sentir necessidade de um espaço físico. “Isso para que as pessoas pudessem conhecer os produtos que eram disponibilizados apenas em redes sociais, como o instagram. Elas precisavam ver e experimentar. Então, a gente precisava de um espaço que abrangesse essas marcas e tivesse oportunidade”, relata.

image Alana Silva, colaboradora de loja que reúne produtos de 20 empreendedoras, diz que iniciativa é importante para aumentar o protagonismo delas (Carmem Helena / O Liberal)

“Hoje em dia, a gente sabe que o mercado, praticamente a maior parte, é sempre feminina. A mulher sempre consegue desenvolver essa habilidade de empreender facilmente. A gente viu que nas feiras a maioria era mulheres. A gente procura sempre buscar tudo que é feito aqui em Belém e feito por mulheres. Às vezes, uma marca tem mais de uma menina, são sócias e a gente procura coisas que são diferentes e que tem essa pegada regional”, completa Alana.

O toque regional para o negócio veio ao longo da experiência. Isso porque as empreendedoras perceberam a grande procura - e consequente carência - de produtos relativos à cultura do Pará. “A gente foi criando essa visão de que tudo que era voltado realmente para nossa cultura, não só feito aqui, era muito mais atrativo. As pessoas gostavam mais e precisavam de um lugar, de um ponto em Belém que fosse voltado para a cultura mesmo”.

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