Empreendedorismo feminino apresenta crescimento de 20% em Castanhal

O começo nem sempre é com um planejamento mas elas conseguem aos poucos trilhar o caminho certo que passa pela regularização do seu pequeno negócio

Patrícia Baía
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Elas enfrentam desafios para realizar um sonho ou simplesmente ter uma renda para ajudar ou sustentar sua família. São mulheres empreendedoras que crescem cada vez mais no Brasil e representam cerca de 61% das pessoas que empreendem no país, segundo dados do boletim do Empreendedorismo Feminino 2022 do Sebrae.

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Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), no ano de 2022, havia cerca de 290 mil Microempreendedores Individuais (MEI), desses, 45% são mulheres, uma média de 131 mil empreendedoras do sexo feminino

Em Castanhal, no ano passado, teve um crescimento de 20% de mulheres empreendedoras em relação aos homens. Como explica Gisele Freitas, gerente e negócios do Sebrae , Região Guamá. “Foi um crescimento significativo de mulheres empreendendo em relação aos homens em Castanhal e elas decidiram empreender por necessidade e não por oportunidade. Essas mulheres empreenderam não porque tiveram um ambiente favorável de negócios, mas porque necessitaram tomar as providências da casa e colocar um prato de comida na casa e se vestir”, explicou.

O começo nem sempre é com um planejamento mas elas conseguem aos poucos trilhar o caminho certo que passa pela regularização do seu pequeno negócio. “Atualmente em Castanhal temos 9 mil empreendedores individuais e o público que mais cresce é o MEI (Micro Empreendedor Individual) e nós estamos sempre prontos para atender a todos as pessoas que precisam de uma consultoria para conseguir gerir o seu negócio”, explicou Gisele Freitas.

O principal seguimento escolhido pelas mulheres em Castanhal para empreender é o da gastronomia. “Qualquer coisa que você coloca para vender que seja de comer dá certo. Seja salgadinhos, bolo ou qualquer tipo de lanche dá certo e percebemos que as mulheres que empreendem neste seguimento nos procuram muito mais. Em seguida vem o comércio de vestuários e acessórios e também os serviços de beleza”, disse a gerente de negócios do Sebrae.

Doçuras

E foi justamente o seguimento da gastronomia o escolhido pela Manoelle Raposo, de 35 anos, que há 12 anos se dedica a confeitaria. Mas tudo começou como forma de terapia para a cura de uma depressão quando morava em Curitiba. “Eu era professora de geografia quando tive a depressão e síndrome do pânico. Pedi exoneração do cargo e fui fazer terapia e lá foi perguntado o que eu mais gostava de fazer e eu gostava de cozinhar. Eu fui no Senac e fiz um curso técnico em gastronomia. E primeiro eu trabalhei com bifê e depois me apaixonei pela confeitaria. Eu fiz os preparativos da festinha de um ano da minha sobrinha e já na outra semana começaram as encomendas e foi assim que nasceu a 'Doces Lembranças'", contou a empreendedora.

image Manoelle e a mãe, Du Carmo Raposo. Unidas na vida e no ramo da confeitaria (Patrícia Baía/ O Liberal)

Quando Manoelle voltou para Castanhal, em 2016, decidiu continuar no ramo e montou a "Doces Lembranças" na lavanderia da casa do pai. “Ele me deu um pedacinho da casa dele e foi assim que eu iniciei. Cada venda era uma cadeira, uma mesa e eu comecei a investir tudo que eu ganhava e ia fazendo o que eu mais gosto. Por isso eu incentivo muito a outras mulheres a trabalhar no que gosta. O serviço ele é pesado, e tem dificuldades mas tem esse lado em todas as profissões”,

Durante um bom tempo Manoelle trabalhou sozinha com as encomendas dos bolos e doces e hoje ela conta com mais 13 pessoas, além da mãe, a dona Du Carmo Raposo. “Foi bastante árduo o começo. Você pegar uma grande encomenda e terminar 11h30 da noite e ainda ter limpar toda a sua cozinha para o outro dia, mas hoje eu conto com uma equipe e pude sair mais desta parte da produção que tanto eu amo para me dedicar a outras setores do negócio. E hoje uma das coisas que mais me motivam é saber que 13 famílias estão sendo atendidas graças a esse trabalho que nasceu de um terapia e foi se tornando a minha profissão”, contou.

A empreendedora começa a dar passos mais largos e está com outra unidade da loja em Ananindeua, mas somente a parte de cafeteria. “Estamos só no começo, mas em breve quero também ampliar a loja aqui em Castanhal. A ideia é deixar toda a parte de produção no segundo andar e deixar a parte de baixo, onde hoje trabalhamos, para transformar em cafeteria. Tudo isso sem perder a nossa essência que é a simplicidade”, contou Manoelle Rapouso.

Turismo

O turismo sempre foi a paixão da vida da empresária Narmy de Paula Silva, de 45 anos. Desde o seu primeiro emprego, aos 17 anos, foi no seguimento do turismo. “Trabalhei sempre com turismo e fui me apaixonando. Comecei bem cedo aos 17 anos e passei por diversas agências de turismo e fui de atendente a gerente até que um dia chegou a minha vez de empreender”, contou a empreendedora.

O incentivo que ela precisava veio do marido. “Eu não enxergava essa mulher empreendedora em mim e meu marido sim. Até que um dia ele disse que estava na hora deu parar de gerenciar e cuidar do que não era meu. Eu era conhecida, tinha uma carteira de clientes então poderia sim ter a minha própria agencia de turismo”, contou.

image Narmy de Paula Silva enveredou pelo mundo do turismo (Patrícia Baía/ O Liberal)

E o começo há 15 anos, não foi fácil. Era só ela e o esposo que trabalhavam em uma pequena sala improvisada no pátio da casa da mãe da empreendedora com apenas uma mesa, um computador emprestado e um telefone fixo. “Foi assim que nasceu a Narmy Turismo. Eu não tinha nada, nem mesmo uma cadeira para sentar. Eu sentava no chão para atender ao telefone, fechava a venda e meu marido ia levar o contrato até a casa do cliente”, relembrou.

Narmy acredita que grande parte do seu sucesso como empreendedora foi devido ter sido bem assessorada pelo Sebrae. “Desde a abertura da empresa até hoje tudo é feito com o apoio do Sebrae que é um grande parceiro”, disse.

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