Viagem de Lula à China repercute entre pesquisadores em Belém

Acordos comerciais, processo de paz na Ucrânia e potencial da Amazônia devem pautar reuniões do presidente da República em Pequim 

Valéria Nascimento
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A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, nesta terça-feira (11), momento em que o governo federal completa 100 dias de gestão, tem repercutido em diversos segmentos sociais no país. As perspectivas de economistas e cientistas políticos apontam temas como a retomada de acordos bilaterais e o processo de paz na Ucrânia. A Amazônia também é considerada na pauta. 

Em Belém, o professor e cientista político, Rodolfo Marques, avalia que após a viagem de dois dias à Argentina, em janeiro passado, com a atual ida ao país chinês, o Brasil, oficialmente, retoma as relações diplomáticas internacionais, prejudicadas no governo anterior de Jair Bolsonaro.

"O Brasil perdeu muito nas relações bilaterais com a China, no governo Bolsonaro, entre 2019 e 2022, pela maneira confusa como Bolsonaro conduziu a política internacional. Em especial, com a entrada do ministro Ernesto Araújo como ministro das Relações Exteriores”, enfatizou Rodolfo, que é professor da Universidade da Amazônia (Unama).

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A delegação também contará com a presença de ministros e parlamentares, mas ainda não foi confirmada a lista.

Visita tem caráteres político e econômico

Marques ressaltou que a China é o principal parceiro comercial do Brasil e a visita evidencia vários aspectos. “Tem o caráter econômico para a retomada de acordos bilaterais e tem o caráter político, de mostrar duas das maiores economias do mundo. É claro que a China vem na frente,mas são duas das maiores economias conversando, vendo parcerias, retomando a relação num nível normal, não em um nível de divergências”.

Outro tema, disse ele, é a guerra na Ucrânia. “Existem interesses da Rússia e da Ucrânia, a China ocupa um papel diferente dos Estados Unidos, que tem uma posição clara: pró Ucrânia. A China tem interesse na resolução da questão, mas tem uma posição difusa e vai se posicionando a partir das suas prioridades”.

"O Brasil voltando a ser um ator importante dentro da arena internacional, de fato, vai colocar isso em pauta. O presidente Lula chegou a apresentar uma proposta rechaçada, num primeiro momento, pela Ucrânia, mas a partir da conversa entre os líderes do Brasil e da China, acredito sim que o Lula vai retomar a proposta de paz. Ele vai ouvir o que o presidente chinês tem a falar sobre o assunto”, concluiu Marques.

Foco na Amazônia

O assunto ambiental também deve ter destaque, a partir da sustentabilidade da Amazônia, conforme assinalou a doutora em desenvolvimento sócio ambiental, em Belém, professora, Ivana Oliveira, na noite desta terça-feira.

“A abertura de diálogo no campo internacional é importante após quatro anos de silêncio sobre diversos temas, principalmente, sobre as questões da Amazônia”, disse ela.

Docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura, da Universidade da Amazônia (Unama), Ivana frisou que “a Amazônia é um ativo do Brasil".

"A questão do Fundo da Amazônia é vital, com adesões importantes de países como a Alemanha e a Noruega já comprometidos com financiamentos internacionais para projetos sustentáveis. É possível que a China se interesse”, disse.

A pesquisadora recordou que na última segunda-feira (10), em entrevista a uma emissora de rádio, no Rio de Janeiro, o presidente Lula informou que no próximo mês de junho deverá participar de um encontro com representantes do Congo e da Indonésia para discutir a questão das florestas nos países.

O presidente explicou que o Brasil foi convidado pelo Congo para o evento, assim como a Indonésia. Os três países têm 52% das florestas tropicais do planeta.

“A Amazônia coloca o Brasil em posição de destaque na política internacional. Inclusive, sobre este encontro no Congo, em junho, Lula já afirmou que pedirá ao Congo para convidar outros países da América do Sul, lembrando que Colômbia, Peru, Bolívia, Venezuela e Equador também têm áreas de floresta tropical”, afirmou a professora Ivana Oliveira.

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