Vereadoras de Belém apontam tentativa de 'controle do corpo da mulher' no caso Klara Castanho
Vereadoras Lívia Duarte e Enfermeira Nazaré repercutiram a polêmica nacional que se instalou no caso da atriz que deu o filho para adoção após ser vítima de estupro.
A tragédia pessoal da atriz Klara Castanho, de 21 anos, que expôs ter sido vítima de estupro após parir uma criança que foi dada à adoção, repercutiu na Câmara Municipal de Belém, nesta segunda-feira (27). A vereadora Lívia Duarte (PSOL) evidenciou que o Brasil é um país extremamente machista e misógino que quer “controlar a vida, o corpo e os sentimentos da mulher” e não necessariamente discutir o direito ao aborto. “Numa semana disseram para criança parir e dar para a adoção. Na outra semana, julgam porque pariu e deu pra adoção”, apontou a vereadora Enfermeira Nazaré (PSOL) ao comparar o caso de Castanho com a da criança de 11 anos que chegou a ter o aborto negado por uma juíza, poucos dias antes.
“Se a lei diz que o aborto é legal após um estupro, ele precisa ser um direito. Na enfermaria ou no pronto socorro, essa mulher será julgada e terá o direito ferido. Quando uma mulher decide pela adoção legal, que também é um direito, você percebe que a questão não é abortar ou não abortar, trazer a criança ou não trazer a criança, seguir com a gravidez ou não seguir com a gravidez. A questão é controlar a vida dessa mulher”, apontou Lívia
Já Nazaré, que abriu o debate, disse que as críticas de outras mulheres revitimiza as vítimas do estupro. A vereadora também ponderou que pode acontecer da mulher não perceber a própria gravidez. “Eu, como enfermeira, tive experiência de fazer parto de pessoas que não sabiam que estavam grávidas, mesmo menstruando e sem ter sinal de gravidez aparente. Não nos cabe fazer juízo de valor”.
Ela cobrou do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) a punição da enfermeira que vazou informação ao colunista de fofoca, quebrando o sigilo profissional e ético da profissão durante o atendimento da atriz. “A sociedade machista quer tomar conta do nosso maternar, do nosso parir", criticou.
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